Algas marinhas na alimentação de aves: uma estratégia sustentável que melhora a qualidade do produto final
A utilização de algas marinhas na alimentação de aves vem tendo destaque devido aos seus benefícios nutricionais e seu impacto positivo na saúde das aves.
O crescente interesse no uso de algas na nutrição de aves decorre de seu perfil nutricional diversificado, uma vez que estas possuem uma rica variedade de proteínas, lipídios, aminoácidos, vitaminas, minerais e antioxidantes, posicionando-as como um ingrediente coringa para as formulações das rações.
Por ser um ingrediente rico em diversos nutrientes pode ser adicionado a deita em substituição parcial ou total dos ingredientes convencionais, como o milho e o farelo de soja.
• Com o aumento do interesse por alternativas alimentares mais ecológicas e nutritivas, o uso de algas na alimentação de aves representa uma inovação e estratégia promissora para a indústria avícola.
Um dos principais destaques da incorporação de macroalgas e microalgas está em seu elevado teor de proteína. Variedades de microalgas como Spirulina e Chlorella exibindo níveis de proteína de até 50-70%, superando fontes tradicionais como o farelo de soja.
Além disso podem ser suplementas na forma de pellets ou extratos líquidos, que podem ser adicionados à água de bebida das aves. Dentre as microalgas utilizadas na produção animal, Spirulina (Arthrospira sp.), Chlorella sp. e Schizochytrium sp. são as mais frequentemente utilizadas.
As algas são definidas como organismos aquáticos pertencentes ao reino Protista, e podem ser pluricelulares, apresentando diversas formas e tamanhos. As algas marinhas são divididas em diferentes grupos: Chlorophyta (algas verdes), Phaeophyta (algas castanhas), Rhodophyta (algas vermelhas) e Cyanophyta (algas azuis).
PRINCIPAIS ALGAS
[cadastrar] As Chlorophyta, ou algas verdes, são ricas em clorofila, isso faz com que esta auxilie na desintoxicação, ajudando assim na eliminação de toxinas acumuladas no organismo das aves e promovendo uma melhor digestão.
• Elas fornecem altas concentrações de cálcio, que é crucial para o desenvolvimento ósseo e a saúde da casca dos ovos, e de ferro que ajuda no transporte de oxigênio no sangue, prevenindo anemias.
Além disso o alto teor de celulose que servem como fibra alimentar, ajudando a regular o trânsito intestinal e promover a saúde do trato gastrointestinal.
Os principais carotenoides são a luteína e a zeaxantina que são antioxidantes que protegem as células dos danos causados pelos radicais livres, para aves expostas ao estresse ambiental ou térmico. |
Esses polissacarídeos podem agir como anti-inflamatórios e imunomoduladores, ajudando a fortalecer o sistema imunológico das aves. As algas verdes mais utilizadas na alimentação de aves são Chlorella sp., Ulva sp., Volvox sp. e Cladophora sp.
A alimentação de frangos de corte com microalgas verdes de água doce Chlorella vulgaris a 1,55 g / kg aumentou o desempenho de crescimento e o rendimento de carne de peito.
O iodo é um mineral essencial para o bom funcionamento da glândula tireoide, que regula o metabolismo das aves, auxiliando a manter o equilíbrio hormonal, promovendo uma boa saúde geral, e pode ser especialmente benéfico para aves em períodos de maior exigência metabólica, como durante a reprodução ou muda de penas.
O ácido algínico, uma substância que tem propriedades gelificantes e que pode ajudar na digestão, promovendo a eliminação de toxinas no trato intestinal das aves, pois atua como uma forma natural de controle de pH no intestino.
A principal forma de armazenamento de energia das algas castanhas é na forma de laminarina (polissacarídeo), o qual as aves não digerem completamente, porém ela pode ser fornecida como fonte de energia para as aves.
Além disso foi observado uma uma diminuição significativa no nível de gordura bruta do fígado e o nível de eritrócitos, hemoglobina e eritrócitos apresentaram um aumento (Buryakov, 2023).
As Rhodophyta, ou algas vermelhas, são fontes ricas em ácidos graxos essenciais, como o ômega-3, principalmente o ácido eicosapentaenoico e o ômega-6, que auxilia na manutenção da saúde celular e na melhoria do perfil lipídico das aves. |
O consumo desses ácidos graxos pelas galinhas poedeiras pode contribuir para a qualidade das cascas dos ovos, tornando-as mais resistentes e melhorando sua durabilidade, diminuir o teor de lipídios da gema e aumentar o teor de proteína e ômega-3 na gema.
Outro benefício das Rhodophyta é seu alto conteúdo de antioxidantes, como a vitamina C, vitamina E e os polifenóis, que ajudam a fortalecer o sistema imunológico das aves, tornando-as mais resistentes a doenças e infecções.
As algas vermelhas são ricas em ficobiliproteínas, que incluem pigmentos como ficocianinas e ficoritrinas, estes pigmentos dão à alga sua coloração vermelha, bem como possuem propriedades antioxidantes, anti-inflamatórias e imunomoduladoras.
• Sendo assim, as ficocianinas têm sido associadas a benefícios como a melhoria da função imunológica e proteção contra o estresse oxidativo, ajudando a reduzir danos celulares nas aves e contribuindo para a saúde geral.
Já o ácido algínico tem efeitos detoxificantes e pode ajudar na eliminação de metais pesados e toxinas do organismo das aves. A alga mais utilizada desse grupo na alimentação de aves é a Porphyra (também conhecida como nori).
• Ao utilizar extratos aquosos de Porphyra dioica, para avaliar o retardamento do apodrecimento e a oxidação do peito de frango ao longo do armazenamento, foi observado que os peitos de frangos que receberam o tratamento com alga, apresentou o menor teor de oxidação lipídica, menor crescimento bacteriano e maior estabilidade da cor quando comparados ao tratamento sem algas (Reboleira et al.,2020)
As Cyanophyta, ou algas azuis, destacam-se pelo alto conteúdo de proteínas e clorofila, além de compostos bioativos que promovem a saúde digestiva e respiratória. |
Elas contêm cerca de 50-70% de proteína em massa seca, o que as torna uma excelente fonte de proteína vegetal e possuir altos teores de aminoácidos essenciais, como lisina, metionina e leucina, são importantes para o crescimento e a manutenção dos tecidos musculares.
• As Cyanophyta possuem ácidos graxos essenciais, incluindo os ácidos graxos poli-insaturados, como o ômega-3 (ácido linolênico) e ômega-6.
As Cyanophyta contêm polissacarídeos como a cianoficocelulose, que tem efeitos prebióticos. Estes compostos favorecem o crescimento de bactérias benéficas no trato intestinal das aves, promovendo a saúde digestiva e a absorção eficiente de nutrientes.
As principais algas azuis utilizadas na alimentação das aves são Spirulina (Arthrospira platensis e Arthrospira maxima), Aphanizomenon flos-aquae e Nostoc.
A spirulina plaquensis a 0,25–1,0% em rações de frangos de corte melhorou significativamente o desempenho de crescimento, incluindo peso corporal, ganho de peso corporal e taxa de conversão alimentar (Park et al., 2018).
A utilização de algas marinhas na alimentação de aves representa uma estratégia promissora e sustentável para melhorar a qualidade nutricional das rações e promover a saúde avícola.
Referências sob consulta junto ao autor. [/cadastrar]