O agronegócio exportou US$ 14,9 bilhões em abril (gráfico 1), o que contribuiu para um superávit de US$ 13,6 bilhões no saldo da balança comercial do setor, crescimento de 15,2% diante de abril de 2021.
Em contrapartida, os demais bens – todos os produtos comercializados, exceto os produtos do agronegócio
– fecharam abril com déficit de US$ 5,5 bilhões, US$ 3,7 bilhões a mais que no mesmo período do ano anterior.
Ainda assim, o resultado total da balança comercial, que considera os produtos de todos os setores, encerrou abril com superávit de US$ 8,1 bilhões. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, houve um crescimento em valor exportado de 14,9%.
Este resultado segue uma tendência de alta observada desde fevereiro de 2021, que teve seu pico nos primeiros meses deste ano (gráfico 2) – período de entressafra e típico de baixas importações para o Brasil.
As importações brasileiras do agronegócio totalizaram US$ 1,3 bilhão no mês (gráfico 3), o que representa uma alta de 11,7% na comparação interanual, mas uma queda de 9,5% em relação ao mês anterior.
A taxa de crescimento interanual do valor importado nos últimos meses tem registrado tendência de alta (gráfico 4), em decorrência da elevação do preço médio desses produtos.
O resultado da balança comercial do agronegócio no acumulado do ano (de janeiro a abril) foi bastante expressivo, com superávit de US$ 43,7 bilhões, com as exportações apresentando alta de 34,9% e as importações registrando estabilidade, diante de igual período de 2021.
Com esse resultado, o agronegócio foi um dos setores que mais contribuíram para o crescimento de 24,1% no total das exportações nestes primeiros meses do ano. O saldo da balança comercial total, que é a soma de todos os setores da economia, apresentou superávit de US$ 20,2 bilhões, diante dos US$ 18,1 bilhões em 2021, crescimento de 11,8% até agora.
Na comparação com os anos anteriores, desde dezembro de 2021, o Brasil tem exportado mais (em termos de valor) que nos anos anteriores.
Em abril, essa tendência foi novamente observada:
- 81,6% maior que 2019;
- 52,3% maior que 2020; e
- 14,9% maior que 2021 (gráfico 5).
A alta nos preços internacionais das commodities, inclusive das commodities agropecuárias, continua sendo o principal fator que explica esse desempenho.
Produtos exportados
A soja em grão apresentou significativa queda no volume exportado em relação a abril do ano passado. A principal razão é que o maior consumidor, a China, vem enfrentando uma sobreoferta de carne suína, o que resultou na formação de estoques de carne congelada e reduziu os investimentos na reposição do rebanho, refletindo na menor demanda por rações.
Além disso, o gigante asiático já havia adotado, na safra passada, uma maior distribuição das compras ao longo do ano, alternando entre a soja brasileira e a de outros concorrentes, visando fugir da elevação dos preços normalmente verificada no segundo trimestre de cada ano.
Já os derivados, óleo e farelo, apresentaram importante incremento, tanto nas quantidades quanto nos preços.
O farelo de soja chegou a ultrapassar o valor das exportações de carne bovina, até então o segundo principal produto da pauta de exportações do agronegócio.
O preço médio da carne exportada avançou 27,9% na comparação com abril passado, diante de um aumento de 22,1% nas quantidades enviadas.
Fonte: Ipea