Micotoxinas

Conhecendo as micotoxinas

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A produção brasileira de milho em 2019/2020 deve bater o recorde de 102,5 milhões de toneladas. A primeira safra tem a colheita finalizada e a de segunda safra em processo de finalização. Para o fechamento da safra restam as lavouras cultivadas na região do Sealba, além dos cultivos em Pernambuco e Roraima, que representam 1,7% da produção nacional de milho (1).
Mais de 70% da produção mundial de cereais está destinada à alimentação animal (2): portanto, qualquer alteração na qualidade destas matérias-primas para a elaboração de rações provocará significativos impactos na produtividade animal.
A contaminação dos grãos com diferentes espécies de fungos não é uma novidade, no entanto, algumas mudanças recentes no clima e nas tecnologias para o cultivocombinados com a grande capacidade de adaptação destes fungos, aumentaram sua prevalência.

Está claro que a contaminação dos grãos com os fungos não é apenas um problema em si, se não que sob certas condições ambientais (temperatura, disponibilidade de oxigênio e umidade) produzirão metabólicos tóxicos (micotoxinas).

As micotoxinas são compostas de diversas estruturas químicas, em geral de baixo peso molecular, produzidas por muitas espécies de fungos, sendo os principais: Aspergillus, Penicillium Fusarium.

Esses fungos e seus metabólitos tóxicos afetam a qualidade das matérias-primas e deste modo causam perdas econômicas milionárias; para mencionar apenas uma estatística, podemos citar a estimativa dos EUA de 900 milhões de dólares (3).

A contaminação por micotoxinas pode ocorrer em vários estágios da produção de grãos, tais como: colheita, transporte, processamento e armazenamento. Tanto a contaminação fúngica como a subsequente produção de micotoxinas estão intimamente relacionadas com fatores tais como: umidade, temperatura, nível de oxigênio e qualidade dos grãos (4) (Tabela 1).

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Tabela 1. Os fungos produtores de micotoxinas e as condições climáticas para o seu desenvolvimento

A umidade dos grãos no período de colheita, o processamento e o armazenamento desses grãos, fazem com que as micotoxinas produzam toxinas, durante o período pós-colheita (por exemplo, Aflatoxinas), essa, na atualidade, apresenta uma menor incidência.
Por outro lado, as micotoxinas, como as produzidas pela Fusarium spp. são formadas nos grãos ainda no campo, de modo que a existência dessas toxinas já está presente, independente da qualidade de armazenamento. Por esse motivo, as micotoxinas do Gênero Fusarium adquiriram cada vez maior importância nos programas de control.

Os métodos de controle variam de acordo com a micotoxina prevalecente em cada caso, é de vital 
importância conhecer a prevalência de micotoxinas em diferentes áreas e a sua sazonalidade.

Durante 2019, Vetanco S.A. realizou mais de 4.000 determinações de micotoxinas em matérias-primas de 8 países da América Latina. Do total analisado, foi obtida uma positividade de 76%As prevalências para cada micotoxina podem ser vistas no gráfico 1.


A ingestão de micotoxinas por parte dos animais pode causar quadros agudos ou crônicos. As lesões podem variar desde úlceras graves e mortalidade até uma ligeira diminuição dos parâmetros de produção.

No entanto, as consequências mais comuns da ingestão de micotoxinas é a imunossupressão e os desafios no trato gastrointestinal (TGI).

Embora cada tipo de micotoxina tenha impactos diferentes nos animais, existem relatórios sobre a forma como as micotoxinas interagem com o epitélio intestinal.

A saúde do TGI é a chave para alcançar um desenvolvimento adequado da microflora intestinal, a fim de obter os resultados produtivos desejados (5).

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Atualmente existem cerca de 300 tipos diferentes de micotoxinas conhecidas, mas estima-se que possam existir mais de 20.000 tipos diferentes. Na produção animal, algumas das micotoxinas mais relevantes são:

Aflatoxinas

 

Fumonisinas

 

Ocratoxinas

 

Tricotecenos (DON/T2/HT2/DAS)

 

Zearalenonas

 

A seguir são mencionadas algumas das alterações que podem ser observadas as causas das diferentes micotoxinas (Tabela 2).

As lesões macroscópicas que as micotoxinas podem causar nos animais são muito variadas e incaracterísticas. Além disso, deve ser considerado que raramente a contaminação de micotoxinas são homogêneas e as contaminações mistas são mais comuns. Dessa forma, as contaminações com mais de uma micotoxina pode gerar efeitos sinérgicos ou aditivos nos animais.

O efeito aditivo ocorre quando o resultado da exposição a duas micotoxinas é maior do que a exposição a elas individualmente.

Tanto DON como Fumonisinas diminuem o número de células caliciformes e a altura das vilosidades intestinais. Mas quando estão juntas, a diminuição em ambos os parâmetros é maior.

Um efeito sinérgico ocorre quando diferentes micotoxinas atuam em diferentes fases do mesmo mecanismo de ação. Por exemplo:

  • Toxina T2 aumenta a peroxidação lipídica, causando um aumento na concentração de espécies reativas de oxigênio (ROS).
  • Enquanto a Aflatoxina B1, inibe os mecanismos naturais de eliminação de ROS.

Como existe uma grande variedade de micotoxinas, há uma grande variedade de métodos de controle. Esses variam desde boas práticas agrícolas, de armazenamento, à produtos enzimáticos co

m um elevado valor tecnológico (Tabela 3).
Historicamente, os ácidos inibidores de crescimento de fungos e adsorventes minerais têm sido a principal estratégia para o controle das micotoxinas; no entanto, as melhorias tecnológicas permitem obter novas perspectivas de controle
na produção animal.

Tabela 3. Métodos de controle de micotoxinas

Os inibidores fúngicos impedem o crescimento vegetativo de fungos e consequentemente a formação de micotoxinas durante o armazenamento de grãos, enquanto que os adsorventes funcionam eficazmente na remoção de micotoxinas no trato digestivo dos animaisuma vez que a adsorção é feita principalmente por polaridade (carga iônica das moléculas).
Dentro deste aspecto, os mecanismos de inativação enzimática resultam numa plataforma eficaz para a detoxificação de micotoxinas que são pouco controladas pelos mecanismos tradicionais na produção animal.

Nos últimos anos, o uso de enzimas para a inativação de micotoxinas tornou-se uma ferramenta segura e efetiva, com efeitos sobre uma ampla gama de micotoxinas que na sua maioria não são adequadamente controladas por métodos tradicionais.

  • As enzimas são moléculas amplamente conhecidas por seu efeito fundamental no metabolismo dos seres vivos, com atividades que vão desde a contração muscular até a troca de gás nos pulmões.
  • As enzimas são substâncias orgânicas de natureza normalmente proteica com atividade intracelular e extracelular. Elas têm funções catalíticas em reações químicas, permitindo que essas sejam produzidas na forma e velocidade requeridas. Essa capacidade catalítica das enzimas também as torna adequadas para aplicações industriais, tais como a produção em grande escala de antibióticos e a melhoria da digestibilidade dos nutrientes em dietas monogástricas (exemplo, fitases).

Estudos nas áreas da microbiologia e da enzimologia levaram à descoberta de enzimas segregadas por microrganismos capazes de metabolizar micotoxinas. Esse mecanismo é chamado de desintoxicação, biotransformação ou inativação enzimática.

Uma vez que as enzimas são muito específicas (catalisam reações químicas num determinado ponto de uma molécula) e dependem de um ambiente característico (temperatura, pH, tempo, etc.), é de importância vital utilizar enzimas adaptadas às espécies animais a serem utilizadas, uma vez que o pH e o tempo de permanência da ração em ruminantes não são os mesmos que em monogástricos.

Portanto, não só as enzimas, mas a composição total dos produtos à base de enzimas é importante para o efeito biológico do produto sobre os animais e para o controle de micotoxinas.

 

M.V. Esp. Bruno Vecchi Galenda

Coordenador Técnico/Científico – Aves

Departamento Técnico Corporativo da Vetanco

DVM. MSc. Fabio L. Gazoni

Serviços Técnicos Avícolas Internacionais

Departamento Técnico Corporativo da Vetanco

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