Bem Estar

Desempenho e nutrição de suínos em condição de desafios ambientais

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Para ler mais conteúdo de nutriNews Brasil 3 Trimestre 2021

Alícia Zem Fraga

Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (UNESP, Jaboticabal)
Alícia Zem Fraga

Paulo Henrique Reis Furtado Campos

Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa
Paulo Henrique Reis Furtado Campos
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Desempenho e nutrição de suínos em condição de desafios ambientais: estresse por calor e desafio sanitário


Em regiões de clima tropical e subtropical, os fatores climáticos merecem destaque uma vez que, nestas regiões, ocorre associação entre elevadas temperaturas e umidade relativa do ar. Quando expostos a condições de alta temperatura ambiental, suínos mantêm a homeotermia por meio de ajustes comportamentais, fisiológicos e metabólicos para diminuir a produção e/ou aumentar a dissipação de calor.

Campos et al. (2014) observaram que suínos em crescimento quando expostos a condições de alta temperatura (30°C) apresentaram menor consumo de ração (-500 g/dia) e ganho de peso (-230 g/dia) quando comparados com suínos em condições de termoneutralidade (24°C).
Adicionalmente, Saraiva et al. (2011) relataram que animais em crescimento e terminação criados durante o verão na região sudeste do Brasil tiveram menor taxa de crescimento quando comparados com aqueles criados durante o inverno (910 vs. 1010 g/dia). No que diz respeito ao desempenho reprodutivo, o estresse por calor tem sido associado ao:
Atraso da idade à puberdade
Maior intervalo desmame-estro
Menor taxa de fecundidade e de concepção
Maior incidência de leitões de baixo peso (Renaudeau et al, 2012; Campos et al., 2012)
O genótipo de suínos também é um fator de grande importância uma vez que exerce influência sobre a capacidade de adaptação dos animais ao ambiente térmico.
Em estudo com suínos submetidos a condição de estresse cíclico por calor, Fraga et al. (2019) observaram que animais com maior potencial para deposição de tecido magro (maior porcentagem de genes Pietrain) apresentam maior susceptibilidade a alta temperatura ambiental e, consequentemente, pior desempenho.
De fato, genótipos modernos tendem a ser mais susceptíveis ao estresse por calor devido à maior termogênese (Gaughan et al., 2009) e menor adaptabilidade a desafios ambientais.
Isso ocorre, devido a menor capacidade de mobilizar recursos fisiológicos e nutricionais para funções outras àquelas associadas ao crescimento e reprodução, tais como termorregulação e resposta imune (Rauw, 2012; Dumont et al., 2014).
Por outro lado, a associação entre elevadas temperaturas ambientais e umidade relativa do ar favorece a proliferação e disseminação de vetores e/ou patógenos, resultando em maior pressão patogênica no ambiente (Campos et al., 2017) e com impacto significativo na produção animal uma vez que compromete o bem-estar, saúde e desempenho dos animais.
Além disso, existe uma crescente demanda para reduzir a utilização de medicamentos de forma a permitir o desenvolvimento de sistemas sustentáveis de produção animal.
O uso de antimicrobianos promotores de crescimento na produção animal, por exemplo, foi associado a uma maior pressão de seleção de bactérias resistentes com sérios riscos para a saúde humana e animal (Pakpour et al., 2012).
Quando expostos a desafios sanitários (bactérias, vírus, parasitas, micotoxinas, más condições de higiene), mecanismos de defesa para manutenção da homeostase e integridade do organismo são ativados com consequências negativas para o desempenho produtivo e reprodutivo dos animais (Pastorelli et al., 2012).
Suínos respondem aos desafios sanitários por meio de ajustes neuroendócrinos e metabólicos na tentativa de restaurar a homeostase e integridade do organismo. Tais ajustes incluem:
Febre
Aumento da taxa metabólica para ativação e manutenção das respostas imunes e não  imunes
Redistribuição de nutrientes dos processos de crescimento e produção para a resposta imune

A febre é um dos sinais clínicos mais comuns em quadros de
infecção e inflamação, e o de maior custo energético.


Outras alterações metabólicas também são observadas em condição de desafio sanitário. Em estudo com suínos que receberam sucessivas aplicações de Escherichia coli (LPS), Escribano et al. (2014) observaram:
Maior concentração salivar de haptoglobina
Proteína C reativa
Cortisol
Imunoglobulina
Quando comparado ao grupo controle (sem aplicação). O que indica ativação do sistema imunológico em condição de desafio sanitário.
Similarmente, Fraga et al. (2021) observou aumento das concentrações plasmáticas de haptoglobina, neutrófilos e imunoglobulina G em suínos mantidos em  más condições sanitárias de alojamento.  Além dessas alterações metabólicas, a redução no consumo de alimentos (anorexia) também é uma resposta dos animais alojados em ambiente sanitariamente desafiador.
Mesmo a nível subclínico, cujas consequências não são visualmente observadas, Kyriazakis et al. (2008) observaram redução de 75-80% no consumo alimentar. Contudo, em uma condição de desafio mais intenso (tempo e/ou dose do patógeno), no qual sinais clínicos são observados, o consumo alimentar pode ser próximo de zero (Figura 1).

Uma vez que em condições de desafio sanitário os suínos podem se encontrar em estado anoréxico, são observadas alterações metabólicas (como lipólise do tecido adiposo e proteólise do músculo esquelético) para aumento da disponibilidade de nutrientes destinados a síntese de células imunes (Le Floc’h et al., 2004).

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Sendo assim, Pastorelli et al. (2012) reportaram consistente diminuição no consumo alimentar e ganho de peso em suínos expostos e diferentes desafios sanitários. Por exemplo, foi relatada uma redução no consumo de ração de:
8% para infecções bacterianas digestivas
4% para condições precárias de higiene
10% para inflamação induzida por LPS
23% para micotoxicoses
3% para infecções parasitárias
16% para doenças respiratórias.
Dentre as estratégias para preservação da saúde e desempenho dos animais de produção submetidos a condições de desafio ambiental, crescente atenção tem sido voltada para a suplementação de aminoácidos.
Esses, são compostos orgânicos absorvidos e utilizados pelo organismo para síntese de proteínas, enzimas, hormônios, componentes estruturais, de transporte e do sistema imune. Aminoácidos atuam na:
Manutenção da integridade e funcionalidade intestinal
Redução do estresse oxidativo
Processos de sinalização de resposta inflamatória e imune
Regulação das citocinas pró e anti-inflamatórias
(Liu et al., 2017; Le Floc’h et al., 2018).

Potencial uso de estratégias nutricionais para suínos em diferentes condições de desafio




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