O espaço adequado no comedouro, que permite às aves comer à vontade, é importante para uma produção de frangos de corte eficiente e voltada para o bem-estar.
O espaço insuficiente do comedouro pode causar competição, agressão e frustração entre as aves e diminuir seu bem-estar, enquanto o espaço excessivo do comedouro leva à utilização ineficiente de recursos.
Espaços de comedouro de 1,2 a 5,1 cm/ave para a produção comercial em alta densidade de frangos de corte têm sido recomendados por agências governamentais, empresas de criação e institutos científicos. Por exemplo, a Cobb recomenda 1,5 a 2,1cm/ave e comedouros que atendam 50 a 70 aves; já a USDA recomenda 1,2 a 2,1 cm/ave e 45 a 80 aves por comedouro; a SASSO recomenda 50,1 cm/ave.
No entanto, poucas pesquisas foram conduzidas para validar essas recomendações de espaço por meio do monitoramento contínuo dos comportamentos alimentares dos frangos de corte, que são indicadores cruciais do uso do comedouro.
Compreender as respostas do comportamento alimentar acima mencionado para diferentes espaços de comedouro pode fornecer insights sobre o projeto e manejo de comedouros para frangos de corte.
No experimento foram utilizados 720 frangos de corte Ross 708 de sexo misto. Os frangos foram divididos em 4 tratamentos, sendo eles:
- Grupo 1. comedouro com 2,3 cm/ ave totalmente aberto compartilhado por 45 aves;
- Grupo 2. comedouro com 2,3 cm/ave com 3 comedouros parcialmente bloqueados e compartilhados por 45 aves;
- Grupo 3. comedouro com 4,6 cm/ave com 3 comedouros parcialmente bloqueados compartilhados por 45 aves;
- Grupo 4. comedouro com 6,9 cm/ave com 3 comedouros totalmente abertos compartilhados por 45 aves.
Comportamento alimentar das aves |
No geral, os frangos comeram por 4,2 ± 1,3 min no Grupo 1; 7,1 ± 1,6 min no Grupo 2; 6,1 ± 1,6 min no Grupo 3, e 6,4 ± 2,2 min no Grupo 4, dentro de cada hora do dia. Sendo que o maior número de visitas foi observado nas aves do Grupo 2, com 7 ± 1 vezes, seguido pelas aves do Grupo 3 e 4, com 6 ± 1 visitas, durante o período de 1h.
Os frangos do Grupo 1 (2,3cm/ave comedouro totalmente aberto) passaram menos tempo no comedouro e visitaram o comedouro com menos frequência do que os frangos em outros tratamentos.
A taxa de utilização do comedouro foi a mais alta para o Grupo 2 (2,3cm/ave comedouro parcialmente bloqueado).
Os pesquisadores também observaram que o tempo de alimentação, o número de visitas ao comedouro e a taxa de utilização do comedouro diminuíram com o aumento da idade das aves. Da 5ª para a 8ª semana de vida das aves, a taxa de utilização do comedouro caiu quase pela metade.
Uso simultâneo do comedouro |
O comedouro do Grupo 1 foi usado simultaneamente por 2 frangos na maior parte do tempo (19,9%). De 94,2 a 99,9% do tempo, menos de 6 aves escolheram comer simultaneamente em um comedouro.
O número máximo de aves alimentando-se simultaneamente em um comedouro foi de 13 em no Grupo 1, 9 no Grupo 2, 10 no Grupo 3 e 12 no Grupo 4 (6,9 cm/ave com 3 comedouros totalmente abertos).
Os autores destacaram que por ser uma pesquisa o tamanho dos grupos foram de apenas 45 aves e em um espaço muito menor do que em aviários comerciais. Frangos em grupos maiores podem ter mais chances de ver outros frangos comendo do que aqueles em grupos menores; portanto, eles podem ser atraídos com mais frequência para comer, resultando em maior eficiência de utilização do comedouro. Talvez, menos comedouros sejam necessários em granjas comerciais do que em laboratórios. Enquanto isso, aves em grupos maiores podem ter menos chances de reconhecer os indivíduos claramente e de construir uma hierarquia social estável de dominante-subordinado; portanto, eles podem adotar as estratégias sociais tolerantes à baixa agressão. Como resultado, a baixa oferta de comedouros em granjas comerciais pode não causar agressão e frustração graves às aves e ainda ser aceitável para o bem-estar das aves. |
As informações desse texto foram retiradas do artigo intitulado “Effects of feeder space on broiler feeding behaviors” de autoria de:
Guoming Li∗, Yang Zhao†, Joseph L. Purswell‡, ChristopherMagee‡
- ∗Department of Agricultural and Biological Engineering, Mississippi State University, MS 39762, USA
- †Department of Animal Science, The University of Tennessee, TN 37996, USA
- ‡USDA Agriculture Research Service, Poultry Research Unit, MS 39762, USA
Adaptado por Márcia Cândido – nutriNews Brasil