Atualmente, as tabelas de exigências nutricionais para animais de produção como é o caso das codornas de postura (Coturnix coturnix japônica) são as principais fontes de informações e parâmetros a serem equiparados no Brasil. Identificar os níveis de exigência e as recomendações de alguns elementos como os minerais vêm sendo um desafio para os pesquisadores e alvo de inúmeros estudos em nosso país, visto que, são os minerais os responsáveis pela formação dos ossos, órgãos e principalmente, cascas dos ovos (Ribeiro et. al., 2016).
As exigências nutricionais para frangos de corte, matrizes e poedeiras estão mais do que estabelecidos, visto que há algum tempo a produção desses animais é feita a partir de linhagens fornecidas por empresas de genética, sendo em sua maioria disponibilizados manuais contendo as exigências dos nutrientes requeridos para as fases de criação dessas aves. Diferentemente para codornas, que devido a difusão de linhagens existentes ainda não possui um plano nutricional capaz de atender igualmente todas as genéticas presentes no mundo.
As pesquisas envolvendo exigências nutricionais de minerais em codornas são realizadas em diversas instituições pelo País, e falta na literatura uma compilação de dados referente ao que já foram encontrados nas diferentes regiões. Assim, esse trabalho visa auxiliar na interpretação dos dados de experimentos realizados para determinação de exigências nutricionais de minerais em diferentes estados do Brasil.
Esta pesquisa descritiva foi realizada a partir de buscas nas bases de dados acessadas pelo portal de periódicos da Capes. Como critério para utilização, as referências bibliográficas deveriam abranger apenas pesquisas que buscassem determinações de exigências nutricionais de elementos minerais para codornas de postura, exclusivamente realizadas no Brasil. Portanto, foram aceitos artigos publicados em periódicos e também teses e dissertações, como parte do referencial. Por ser uma pesquisa descritiva, não foi utilizada metodologia estatística.
Pesquisa Bibliográfica
O metabolismo do cálcio e do fósforo são intimamente relacionados. A deficiência ou excesso de um deles interferirá na utilização e no metabolismo do outro. A relação cálcio:fósforo (Ca:P) alimentar total deve estar normalmente dentro da faixa de 1:1 a 2:1 para frangos de corte, perus, tilápias e suínos. Aves de postura são uma exceção, onde a relação Ca:P pode chegar até 4:1.
Brandão et al. (2007) suplementaram codornas de postura com uma ração basal e calcário calcítico, para que se alcançasse sete níveis de cálcio (2,95; 3,10; 3,25; 3,40; 3,55; 3,70 e 3,85%). Os autores não relataram diferenças estatísticas para desempenho como consumo de ração e conversão alimentar. Já as variáveis produção diária de ovos, massa de ovos e conversão por dúzia de ovos sofreram efeito quadrático (p<0,01) dos níveis de cálcio da dieta, tendo sido estimados os valores máximos dessas variáveis com os níveis de 3,45; 3,51 e 3,34% de cálcio na dieta. Assim, os autores recomendam para codornas japonesas o nível de 3,51% de cálcio da ração para a otimização dos índices de desempenho sem afetar negativamente a qualidade interna e externa dos ovos.
Barreto et al. (2007) avaliou diferentes níveis de sódio na dieta de codornas de postura no pico da produção (69 a 132 dias de idade). Os níveis incluídos nas dietas foram de 0,017; 0,083; 0,149; 0,215; 0,281% de sal comum. Apesar de as dietas suplementadas com 0,281% de sódio terem obtido melhores resultados para algumas variáveis de desempenho e qualidade de ovos, os autores sugerem com base na produção de ovos/ave/dia e de ovos comercializáveis que o nível de inclusão de 0,149% de sódio já seria suficiente.
Murakami et al. (2006) também em estudo para determinação do nível de sódio para codornas de postura, utilizou sete níveis 0; 0,15; 0,20; 0,25; 0,30; 0,35 e 0,45% de sal comum. A partir da avaliação de parâmetros de desempenho e qualidade recomendaram o nível de 0,15% de sal para melhor desempenho das aves. As tabelas brasileiras, um dos principais documentos sobre exigências para aves e suínos traz a recomendação de 0,176% de sódio para codornas japonesas (postura) na fase de cria e recria. Ao se falar de codornas japonesas em produção a média fica em aproximadamente 0,148%.
O zinco é um componente essencial no metabolismo de animais e aves de várias vias bioquímicas. Serve como nutriente e também como aditivo alimentar para melhorar as funções reprodutivas, os índices produtivos, a imunidade celular, o crescimento normal e a manutenção das penas, dos tecidos ósseos e do apetite. Ferreira (2015) avaliou as diferentes relações zinco/cobre sobre o desempenho produtivo e qualidade de ovos de codornas japonesas. Em um experimento foram testados 4 níveis de orgânico (35, 50, 65 e 80 mg/kg de ração) junto com o nível de cobre recomendado de 5mg/kg de ração. Em um segundo experimento o autor utilizou de três níveis de zinco orgânico (35, 50 e 65 mg/kg) e dois níveis de cobre inorgânico (3,5 e 5 mg/kg) e uma dieta controle (50 e 5 mg/kg zinco e cobre inorgânicos respectivamente). Em nenhum dos experimentos diferenças significativas sobre as variáveis analisadas foram determinantes nos resultados, com o autor inferindo que a relação de 35 mg/kg de zinco orgânico e 3,5 mg/kg cobre inorgânico foi suficiente para atender os parâmetros de desempenho e de qualidade de ovos de codornas japonesas em postura.
Silva e Costa (2009) estimam para a fase de produção a exigência de 30 mg de zinco para codornas. Aguiar (2016), suplementou codornas de postura com rações com três níveis de zinco orgânico (35, 50 e 65 mg/kg) e dois níveis de cobre inorgânico (3,5 e 5 mg/kg). Apesar de não ter encontrado diferenças significativas, ao analisar as médias observa-se que o nível de 50 mg de zinco orgânico influenciou significativamente em melhores parâmetros histomorfométricos. Assim, a sugestão do uso de zinco seja feito na inclusão de 50 mg de zinco e de cobre em 3,5 mg/kg de ração.
Gravena (2010) submeteu codornas japonesas a um tratamento controle e três níveis de inclusão de selênio orgânico (0,35; 0,70 e 1,05 mg de selênio orgânico/kg de ração). O autor avaliou esses níveis sobre o desempenho das aves, qualidade dos ovos e o efeito do mineral sobre os ovos armazenados em diferentes temperaturas e períodos. Não foram encontradas diferenças para qualidade dos ovos e nem desempenho animal, em contrapartida aos ovos submetidos a estocagem apresentaram melhor qualidade quando as aves foram suplementadas com 0,35 mg não diferindo das outras suplementações. Esta capacidade do selênio em manter a qualidade dos ovos durante o armazenamento pode estar relacionada com o aumento da atividade de enzimas antioxidantes presentes no ovo.
É possível perceber a distribuição dos trabalhos em alguns estados específicos, onde existem instituições referências nas pesquisas com codornas. Por se tratar de uma espécie animal que ainda não tem um aporte genético capaz de fornecer as mesmas respostas em diferentes situações de criação e também de regiões climáticas distintas, o conhecimento das exigências nutricionais das codornas de postura que são criadas no Brasil, é de suma importância para auxilio na formulação de ração e suplementos, visando adequar a quantidade de nutrientes recebidos pelos animais para melhores respostas produtivas.
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O artigo se trata de um compilado realizado pela autora. Referências podem ser obtidas através do email cetainara@gmail.com