A utilização de níveis mais elevados de fitase para reduzir a inclusão dietética de fosfatos inorgânicos
Diego Parra – Gerente Técnico, EMEA
O fósforo desempenha uma função essencial no metabolismo celular, como parte do sistema energético (ATP) da célula, nos mecanismos reguladores celulares e na mineralização óssea. Através do respectivo envolvimento nesses processos metabólicos e estruturais, o P é essencial para os animais alcançarem o seu potencial genético ótimo no crescimento e na eficiência alimentar, bem como no desenvolvimento esquelético.
Devido à função crucial do P no desenvolvimento ósseo e na mineralização óssea, a necessidade deste mineral é mais elevada em animais jovens em fase de crescimento. Nos regimes alimentares de animais não ruminantes, como frangos de corte, o problema associado à nutrição com P é como disponibilizar melhor ao animal o P existente no regime.
Os níveis de fitato variam nos ingredientes de alimentos para animais e, subsequentemente, nos próprios alimentos, sendo portanto essencial analisar a composição de fitato dos mesmos, possibilitando assim uma utilização de fitase ótima para poupar os custos com a alimentação animal.
- Portanto, os fornecedores de fitase deverão ajudar na determinação dos níveis de fosfato fítico em matérias-primas e regimes alimentares. Depois, com base nos dados da análise de nutrientes, a formulação deverá ser revista para assegurar que está disponível substrato suficiente para a libertação desejada dos nutrientes.
O fitato é mal digerido pelos animais monogástricos, sendo por isso que se introduziu a fitase. Sem a utilização da fitase, os regimes alimentares típicos precisariam de ser suplementados com quantidades substanciais (16 kg–8 kg) de fosfato mineral, fosfato monocálcico ou fosfato dicálcico (MCP ou DCP), dependendo da fase e da espécie.
Sabe-se que o fitato, presente em todos os alimentos para animais de origem vegetal, se liga a proteínas e minerais no regime alimentar, reduzindo a digestibilidade e a utilização de nutrientes importantes.
Vários estudos indicaram que o fitato aumenta a excreção de aminoácidos endógenos, enquanto a utilização de fitase reduz os fluxos no íleo de minerais e aminoácidos endógenos em frangos de corte.
Os nossos resultados mostram que a fitase deve ser um aditivo obrigatório em alimentos para animais. A utilização de fitase como suplemento de alimentos para animais demonstrou ser eficaz na mitigação dos efeitos negativos do fitato nos regimes alimentares para animais de produção e permite melhorar a ingestão dos alimentos e o peso corporal.
Com fitato dietético suficiente, pode-se utilizar uma fonte de P que reduziria os níveis de fosfatos inorgânicos no regime alimentar. Efetivamente, com doses mais elevadas de fitases mais eficazes, pode-se substituir mais P inorgânico pela liberação de fitase.
A quantidade de P inorgânico removida da formulação dietética dependerá:
- Do teor dietético de fitato;
- Da dosagem e do tipo de fitase utilizada;
- Dos valores da fonte nutricional aplicados.
O Gráfico 2 indica níveis exemplificativos de MCP num regime alimentar inicial para frangos de corte, baseado em farinha de trigo/soja (diet 1) ou farinha de milho/soja (diet 2). Em alimentos de crescimento e engorda para animais, será tipicamente possível remover todo o fosfato inorgânico da fórmula.
O preço dos fosfatos destinados a alimentos para animais aumentou acentuadamente durante o último ano (Gráfico 3). Isso levou os nutricionistas a olharem para a possibilidade de utilizar enzimas fitase em concentrações mais elevadas (de 1000 a 2000 FTU/kg) do que as normalmente utilizadas (500 a 1000 FTU/kg), com o objetivo de libertar mais P.
Para além das matrizes de minerais habitualmente aplicadas (P, cálcio e sódio), as empresas também começaram a adotar estratégias que incluem valores de matriz adicionais no software de formulação, tais como energia e aminoácidos.
Os preços de todas as matérias-primas e artigos energéticos (eletricidade, gás, combustível) aumentaram para além de níveis recorde, devido à atual situação político-econômica.
Uma das estratégias que a AB Vista promove é a utilização de doses mais elevadas de fitase do que as normalmente utilizadas (acima de 1000 FTU/kg), com a finalidade de liberar a quantidade máxima de nutrientes das moléculas de fitato para eliminar o seu efeito antinutricional no regime alimentar.
Além disso, foi aconselhada a aplicar uma matriz completa, à base de minerais, energia e aminoácidos, em vez de apenas valores de minerais (Gráfico 4). Todas essas recomendações são comprovadas por ensaios de validação e bons conhecimentos subjacentes aos produtos, o que torna as matrizes propostas robustas e aptas para serem utilizadas com segurança.
As recomendações para esses níveis mais elevados basearam-se num conjunto de dados de holo-análise com a inclusão de limites de confiança, o que proporcionou margens de segurança adicionais para liberações de nutrientes.
Demonstrou-se que a resposta dos animais às fitases é logarítmica. Portanto, à medida que os preços dos alimentos para animais sobem e, assim, também sobe o valor do aumento de produtividade dos animais (como tem ocorrido em anos passados), um nível mais elevado da dose de fitase é economicamente mais vantajoso.
Contudo, como a curva de resposta da dose não é linear, o formulador deve assegurar que são atribuídos à fitase os valores de matriz adequados quando a taxa de inclusão varia.
A aplicação de uma dosagem mais elevada de fitase com a utilização máxima dos valores da matriz de nutrientes é uma ferramenta nova e rentável nos regimes alimentares para aves caipiras e suínos, melhorando a sustentabilidade ambiental e financeira e podendo ser uma solução vantajosa em termos de custos, especialmente considerando os atuais preços dos ingrediente.
Para mais informações ou referências, contate: emea@abvista.com, antonio.pratas@winfarm.pt