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Avaliação nutricional da folha de bananeira desidratada para coelhos de corte

Escrito por: Leandro Dalcin Castilha - Possui graduação em Zootecnia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2008), graduação em Letras pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2008), mestrado em Zootecnia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (2011) e doutorado em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá (2015). Atualmente é Professor Adjunto no Departamento de Zootecnia da UEM, onde ocupa a cadeira de Nutrição Animal (Monogástricos). É tutor do Grupo Pet Zootecnia da UEM (2017-2020, 2020-2023), Presidente da Associação Científica Brasileira de Cunicultura - ACBC (2019-2022), Editor-Chefe da Revista Acta Scientiarum. Animal Sciences e Presidente do Fórum Nacional de Coordenadores de Ensino de Zootecnia (2020-2022). Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em Nutrição Animal, atuando principalmente nos seguintes temas: Determinação de exigências nutricionais e Avaliação de alimentos para animais monogástricos. , Vítor Magalhães de M. C. Miranda - Doutorando em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá (PPZ-UEM). Mestre em Zootecnia pelo Programa de Produção Animal (PPGPA-UFRN), Campus Macaíba, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Graduado em Bacharelado em Zootecnia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Realizou estagio voluntario nos Setores de Ovinos, Caprinos e Suínos do Departamento de Zootecnia (UFRPE),Tem interesse pela área de Cunicultura, Mercado pet como cães e gatos, nutrição de não ruminantes. Atuou como monitor voluntario das disciplinas de Anatomia Animal 2 e Física do curso de Zootecnia da UFRPE, atuou como bolsista no Programa de Educação Tutorial (PET/MEC/SESu) do Curso de Zootecnia da UFRPE e trabalhou como Zootecnista na empresa Kennel Club do Estado de Pernambuco na área de Registros Genealógicos, Manejo e Nutrição dos Cães do Centro de Formação de Cães Guia, Vistoria de Ninhada e Auxiliar de Árbitros na Avaliação de cães em exposições caninas. Sócio co-fundador da Nutrilate (Empresa especializada em serviços cinófilos).

Avaliação nutricional da folha de bananeira desidratada ao sol para coelhos de corte

A bananeira (Musa paradisiaca) é uma planta de clima tropical, amplamente distribuída no mundo e apreciada na maioria dos países, não apenas pela polpa da fruta mas também pelos coprodutos (fibras da casca, folhas, biomassa…).

De acordo com a FAO (Organização para Alimentação e Agricultura) os quatro maiores produtores de banana do mundo atualmente são: Índia, China, Indonésia e Brasil, sendo que em nosso país o consumo estimado de banana está em torno de 25 kg per capita ao ano.

Considerando que a polpa da fruta é o produto mais nobre e valorizado, direcionado prioritariamente ao consumo humano, os demais resíduos ou coprodutos da bananeira (cascas, folhas, pseudocaule e raízes) acabam representando materiais de descarte, especialmente quando se executa o manejo de desbaste ou eliminação dos rebentos na plantação, mandatório para a produção da próxima safra. O material descartado é frequentemente utilizado com fertilizante orgânico nas propriedades rurais, com baixo valor econômico.

Nesse contexto a Cunicultura, definida como a produção sustentável, racional e econômica de coelhos, destina-se a produção de carne e subprodutos proporcionando baixo investimento e rápido retorno aos produtores. Os coelhos apresentam: [cadastrar]

E esses animais apresentam ceco funcional, isso quer dizer que dependem diretamente da fibra para a sua alimentação, necessitando assim na sua dieta de uma fonte fibrosa. As fontes mais utilizadas são os fenos, dando especial enfoque ao feno de gramíneas (ex: tifton, coastcross e capim estrela) e de leguminosas (ex: alfafa), porém isso eleva o custo de produção.

Então tem se buscado novas alternativas na alimentação desses animais para baratear a ração, principalmente os resíduos e subprodutos da indústria que em sua maioria apresentam um alto teor de fibra que o coelho consegue aproveitar.

Dessa forma, a cunicultura poderia absorver parcial ou integralmente os resíduos da bananicultura, haja vista que todos os coprodutos apresentam reduzido teor de amido e elevado aporte de fibra, essencial à nutrição dos coelhos.

Além disso, tanto a folha da bananeira quanto a casca de bananas apresentam compostos bioativos, sobretudo carotenoides e taninos, cujos efeitos extranutricionais incluem melhoria no sistema imunológico, principalmente devido à ação antioxidante, anti-inflamatória e antimicrobiana.

Ainda assim, os taninos também são conhecidos por possuírem ações como fatores antinutricionais, por complexarem-se com nutrientes como aminoácidos e minerais, reduzindo sua disponibilidade para absorção intestinal.

Outro ponto de preocupação é justamente o efeito antimicrobiano dos taninos presentes na folha de bananeira e na casca de banana, pois embora possam resultar em resposta terapêutica no organismo animal, também podem alterar o complexo ecossistema que habita o ceco e cólon dos coelhos, induzindo a distúrbios intestinais.

Com o objetivo de elucidar essas dúvidas, uma pesquisa de doutorado está sendo realizada no Centro de Estudos em Coelhos – CECO, pertencente à Universidade Estadual de Maringá – UEM, no Estado do Paraná, por meio do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – PPZ.

Foram obtidas folhas frescas com talos de 20 bananeiras jovens (1 a 3 anos), as quais foram triturados em triturador elétrico de resíduos orgânicos (Trapp®, modelo TR-200), sendo posteriormente distribuídas uniformemente sobre manta de tecido tipo sombrite 80% suspenso em mesa de metal telado, formando uma camada de aproximadamente 2,0 cm.

Figura 1. Esquema ilustrando a obtenção das folhas de bananeira para moagem e desidratação ao sol, seguida de inclusão na ração peletizada fornecida aos coelhos. (Imagens cedidas pelos autores).

Os resultados dessa etapa da pesquisa revelaram que os teores totais de matéria seca, proteína bruta e fibra em detergente ácido obtidos na folha de bananeira desidratada ao sol foram de 95,41; 12,44 e 50,72%; respectivamente.

Os teores digestíveis desses mesmos nutrientes foram de 23,89; 6,45 e 6,33%. Os teores de energia bruta e energia digestível foram de 4.247 e 1.319 kcal/kg, respectivamente (Figura 2).

Figura 2. Teores totais e digestíveis de matéria seca, nutrientes e energia da folha de bananeira desidratada ao sol, para coelhos de corte Nova Zelândia Branco.

Após a obtenção dos valores digestíveis de nutrientes, foram formuladas dietas com níveis de até 10% de inclusão de folha de bananeira para avaliação do desempenho produtivo de coelhos em crescimento.

Os resultados demonstraram que o peso vivo foi similar para todos os níveis avaliados (Figura 3), pois não houve diferença estatística. O mesmo ocorreu com o ganho de peso, consumo diário de ração e conversão alimentar (Figura 4).

Figura 3. Peso inicial e peso final de coelhos de corte Nova Zelândia Branco alimentados com rações contendo níveis de até 10% de folha de bananeira desidratada ao sol, dos 35 aos 85 dias de idade.

 

O uso de um alimento com alto teor de fibra indigestível para coelhos, como nesse caso, é de grande importância pois de modo geral as rações industrializadas no Brasil dependem de poucas opções disponíveis na agroindústria, com variações ao longo do ano em função de oscilações de safras ou da flutuação nos valores de aquisição.

Figura 4. Ganho de peso diário, Consumo diário de ração e Conversão alimentar de coelhos de corte Nova Zelândia Branco alimentados com rações contendo níveis de até 10% de folha de bananeira desidratada ao sol, dos 35 aos 85 dias de idade.

As principais fontes empregadas são os fenos de gramíneas ou leguminosas, casca de soja ou de arroz, polpa de beterraba e farelo de trigo.

Considerações Finais

Conclui-se que é possível incluir até 10% de folha de bananeira desidratada ao sol em rações para coelhos de corte da raça Nova Zelândia Branco, sem prejuízos sobre o desempenho produtivo.

As próximas etapas dessa pesquisa deverão revelar os efeitos desse ingrediente sobre parâmetros bioquímicos do sangue, características de carcaça, qualidade da carne e características seminais e espermáticas de machos reprodutores.

Referências sob consulta.

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