Avaliação nutricional da folha de bananeira desidratada ao sol para coelhos de corte
A bananeira (Musa paradisiaca) é uma planta de clima tropical, amplamente distribuída no mundo e apreciada na maioria dos países, não apenas pela polpa da fruta mas também pelos coprodutos (fibras da casca, folhas, biomassa…).
Considerando que a polpa da fruta é o produto mais nobre e valorizado, direcionado prioritariamente ao consumo humano, os demais resíduos ou coprodutos da bananeira (cascas, folhas, pseudocaule e raízes) acabam representando materiais de descarte, especialmente quando se executa o manejo de desbaste ou eliminação dos rebentos na plantação, mandatório para a produção da próxima safra. O material descartado é frequentemente utilizado com fertilizante orgânico nas propriedades rurais, com baixo valor econômico.
E esses animais apresentam ceco funcional, isso quer dizer que dependem diretamente da fibra para a sua alimentação, necessitando assim na sua dieta de uma fonte fibrosa. As fontes mais utilizadas são os fenos, dando especial enfoque ao feno de gramíneas (ex: tifton, coastcross e capim estrela) e de leguminosas (ex: alfafa), porém isso eleva o custo de produção.
Dessa forma, a cunicultura poderia absorver parcial ou integralmente os resíduos da bananicultura, haja vista que todos os coprodutos apresentam reduzido teor de amido e elevado aporte de fibra, essencial à nutrição dos coelhos.
Ainda assim, os taninos também são conhecidos por possuírem ações como fatores antinutricionais, por complexarem-se com nutrientes como aminoácidos e minerais, reduzindo sua disponibilidade para absorção intestinal.
Outro ponto de preocupação é justamente o efeito antimicrobiano dos taninos presentes na folha de bananeira e na casca de banana, pois embora possam resultar em resposta terapêutica no organismo animal, também podem alterar o complexo ecossistema que habita o ceco e cólon dos coelhos, induzindo a distúrbios intestinais.
Com o objetivo de elucidar essas dúvidas, uma pesquisa de doutorado está sendo realizada no Centro de Estudos em Coelhos – CECO, pertencente à Universidade Estadual de Maringá – UEM, no Estado do Paraná, por meio do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – PPZ.
- A fração foliar moída permaneceu dispersa para desidratação durante 10 horas seguidas de sol.
- Após a desidratação, o material obtido foi moído em moinho do tipo faca, com peneira dotada de furos de 2,5 mm de diâmetro, que resultaram em diâmetro geométrico médio (DGM) de 1022 μm.
- Esse ingrediente foi avaliado em laboratório e também foi incluído em ração para coelhos, com o objetivo de determinar a fração digestível da matéria seca, nutrientes e energia (Figura 1).
Figura 1. Esquema ilustrando a obtenção das folhas de bananeira para moagem e desidratação ao sol, seguida de inclusão na ração peletizada fornecida aos coelhos. (Imagens cedidas pelos autores).
Os teores digestíveis desses mesmos nutrientes foram de 23,89; 6,45 e 6,33%. Os teores de energia bruta e energia digestível foram de 4.247 e 1.319 kcal/kg, respectivamente (Figura 2).
- Esse conjunto de resultados permite definir esse ingrediente como um alimento fibroso, com baixo aproveitamento em proteína e energia, sendo um potencial substituto a fenos de gramíneas em rações para coelhos.
Figura 2. Teores totais e digestíveis de matéria seca, nutrientes e energia da folha de bananeira desidratada ao sol, para coelhos de corte Nova Zelândia Branco.
Após a obtenção dos valores digestíveis de nutrientes, foram formuladas dietas com níveis de até 10% de inclusão de folha de bananeira para avaliação do desempenho produtivo de coelhos em crescimento.
Figura 3. Peso inicial e peso final de coelhos de corte Nova Zelândia Branco alimentados com rações contendo níveis de até 10% de folha de bananeira desidratada ao sol, dos 35 aos 85 dias de idade.
O uso de um alimento com alto teor de fibra indigestível para coelhos, como nesse caso, é de grande importância pois de modo geral as rações industrializadas no Brasil dependem de poucas opções disponíveis na agroindústria, com variações ao longo do ano em função de oscilações de safras ou da flutuação nos valores de aquisição.
Figura 4. Ganho de peso diário, Consumo diário de ração e Conversão alimentar de coelhos de corte Nova Zelândia Branco alimentados com rações contendo níveis de até 10% de folha de bananeira desidratada ao sol, dos 35 aos 85 dias de idade.
As principais fontes empregadas são os fenos de gramíneas ou leguminosas, casca de soja ou de arroz, polpa de beterraba e farelo de trigo.
Considerações Finais
As próximas etapas dessa pesquisa deverão revelar os efeitos desse ingrediente sobre parâmetros bioquímicos do sangue, características de carcaça, qualidade da carne e características seminais e espermáticas de machos reprodutores.
Referências sob consulta.
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