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Insetos na alimentação pet: benefícios nutricionais e ambientais

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Para ler mais conteúdo de nutriNews Brasil 2 Trimestre 2021

Ananda Portella Félix

Zootecnista, Professora do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal do Paraná
Ananda Portella Félix

Camilla Mariane Menezes Souza

Zootecnista, Doutora em nutrição de animais de companhia pela Universidade Federal do Paraná
Camilla Mariane Menezes Souza
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Insetos na alimentação pet: benefícios nutricionais e ambientais

 

Introdução

As fontes proteicas convencionais utilizadas nas formulações de dietas apresentam elevado custo, tanto do ponto de vista econômico quanto ecológico, e podem se tornar escassas em virtude do aumento expressivo da população, visto que grande parte das fontes de proteínas utilizadas em alimentos comerciais para cães e gatos se assemelham àquelas consumidas por humanos (Swanson et al., 2013).
Sendo assim, em resposta à preocupação global em relação aos recursos ambientais limitados, associado ao aumento da consciência dos tutores em relação às questões de sustentabilidade, há maior demanda por pesquisa e desenvolvimento de ingredientes seguros, sustentáveis, naturais ou orgânicos.
Neste sentido, cada vez mais atenção está sendo direcionada aos insetos como uma fonte alimentar alternativa e sustentável. Os insetos são considerados excelente fonte de proteína, tendo um perfil adequado de aminoácidos, que pode variar conforme a espécie, estágio de desenvolvimento e dieta que recebem. Além disso, podem substituir parcialmente as fontes convencionais de proteína que já fazem parte da matriz de alimentação, necessitam de poucos recursos ambientais para se produzir ao mesmo tempo que fornecem significativa bio-conversão de resíduos orgânicos (FAO, 2013).
Apesar das suas qualidades nutricionais, a desinformação sobre o uso de insetos como ingredientes alternativos na alimentação de cães e gatos leva à uma percepção errada desta matéria-prima pelos tutores, principalmente quanto a segurança alimentar.
Com o desenvolvimento do conhecimento técnico-científico, esta revisão visa fornecer informações sobre o estado atual dos benefícios nutricionais e ambientais do uso de insetos como ingrediente na formulação de dietas para cães e gatos.

Proteína de alto valor biológico

A recomendação mínima de proteína bruta (PB) para cães e gatos em manutenção é de 18% e 25%, respectivamente, considerando uma dieta com 4,0 kcal/g (FEDIAF, 2020). Desta forma, os alimentos comerciais destinados para essas espécies são formulados com relativa alta inclusão de ingredientes proteicos de:
origem animal (farinha de vísceras de aves, farinha de torresmo, farinha de vísceras de suínos, farinha de peixe, ovo em pó, entre outros) e
origem vegetal (farelo de soja, farelo de glúten de milho, entre outros).
Com o alto valor agregado e a disponibilidade limitada no futuro de fontes proteicas, a utilização de insetos é considerada uma alternativa. Além disso, o emprego desse ingrediente se torna uma tendência, muito relacionada com a ideia de consumo sustentável de um mercado que reflete um comportamento que vem crescendo entre os tutores.
Embora os estudos sobre nutrição com o uso de insetos para animais de companhia ainda sejam recentes e limitados, conforme apresentando na Tabela 1, os dados disponíveis são na verdade muito positivos para sua aplicação no segmento do mercado pet.
As farinhas de insetos apresentam considerável teor de proteína (de 37 a 63% na matéria seca) e lipídeos (4 a 39% na matéria seca). Como referência, a farinha de vísceras de aves pode atingir uma variação de 55% a 65% de PB, enquanto o farelo de soja de 40 a 50% de PB.
Isso demonstra que os insetos podem suprir as necessidades proteicas de cães e gatos, assim como outras fontes proteicas convencionais (Bosch et al., 2014; Makkar et al., 2014; McCusker et al., 2014), como ilustrado na Figura 1.

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Em adição, as fontes de insetos estudas recentemente apresentam alto valor biológico, com perfil de aminoácidos essenciais similar ao da farinha de vísceras de aves, atendendo as necessidades de cães e gatos (Figura 2).
Ainda, é possível que o uso em conjunto de duas ou mais fontes proteicas na formulação contribuam com maior equilíbrio dos aminoácidos da dieta, uma vez que seus perfis aminoacídicos conseguem ser complementares.



Vale ressaltar que para a aplicação dos insetos em alimentos para animais de companhia como fonte proteica é importante monitorar e controlar a alteração na composição de aminoácidos e sua digestibilidade.
Considerando que a digestibilidade da PB dos diferentes insetos avaliados em alimentos para cães e gatos se encontra entre 87 a 93,3%, é sugerido que as farinhas de insetos apresentam biodisponibilidade das proteínas semelhante ou até mesmo superior que fontes convencionais, levando em consideração uma digestibilidade de farinha de vísceras de aves e farelo de soja de 87,9 e 80,3% respectivamente (Carciofi, 2008; Bosch et al., 2014, 2016).

Não há dúvidas de que a qualidade dos ingredientes e a inclusão de fontes de proteína de origem animal em alimentos para animais de companhia são fatores muito importantes que os tutores consideram na escolha do produto. No entanto, cães e gatos, assim como seres humanos, precisam de nutrientes e não de ingredientes. Suas necessidades de nutrientes podem ser atendidas por meio de uma variedade, ou geralmente uma combinação, de fontes de proteína de origem animal ou vegetal e por que não de insetos?

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Fonte de lipídios e minerais

Os insetos, dependendo do tipo, fornecem gorduras (Figura 1) importantes, como ácidos graxos monoinsaturados e polinsaturados, que podem atuar no fortalecimento do sistema imunológico, como também ácidos graxos que geram energia ao organismo.




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