A adoção de tecnologia é fundamental para que esses objetivos sejam alcançados, tendo sempre como referência que a base da produção são:
- Manejo
- Genética e
- Nutrição da espécie cultivada.
Quando pensamos em nutrição para peixes, diversos estudos são feitos para conhecer e entender como aplicar a melhor metodologia na produção, para ter o seu máximo ganho em resultado zootécnico e econômico. Para isso é necessário encontrar e definir exigências nutricionais de cada espécie de peixes.
Dentro desse estudo, no popular, a primeira pergunta referente a parâmetro atribuída para a ração para peixes é o valor da proteína, e dentro desse contexto temos que entender e direcionar toda a atenção para os níveis de aminoácidos essenciais que irão compor a dieta com o objetivo de obter o melhor resultado em crescimento da espécie.
Hoje muito se fala em proteína bruta e ou aminoácidos totais, no entanto, a melhor maneira de qualificar e quantificar uma ração é através da proteína digestível, ou melhor, em aminoácidos digestíveis da formulação.
Para a composição da proteína, as fontes disponíveis para uso na dieta de rações para peixes são:
- Farelo de soja;
- Farelo de amendoim;
- Farinha de peixe;
- Farinha de vísceras de frango;
- Farinha de penas hidrolisadas;
- Farinha de carne e osso;
- Farinha de sangue
- Hemoglobina;
- Glúten de milho;
- DDG de milho e outros.
Atrelado a esta condição, é essencial conhecer as matérias-primas e seus fornecedores para que o produto siga conforme estabelecido na matriz nutricional do programa de formulação. Dentro de um mesmo tipo de ingrediente podemos ter diversos preços e qualidades diferentes, como por exemplo a farinha de carne e ossos.
Os carboidratos conferem a contribuição com o desempenho dos animais em suas atividades produtivas e como alguns desses ingredientes trazem o amido em sua composição, também auxiliam no processo de produção da ração (extrusão).
Com esta atribuição, podemos destacar uma ampla gama de insumos, como: milho, sorgo, milheto, farelo de trigo, quirera de arroz, farelo de arroz que ajudam a compor a parte de energética da ração.
Existe uma relação ideal de energia: proteína na fórmula e para que não ocorra um desbalanceamento no consumo e absorção dos nutrientes e prejudique a performance ou acúmulo de gordura no animal, é necessário atenção no momento da produção da ração para que a quantidade de gordura e carboidratos não causem desbalanço na relação energia: proteína ideal.
A adição de quantidades adequadas de vitaminas e minerais -premix vitamínico-mineral- nas dietas complementa as exigências nutricionais de cada espécie e podem contribuir na melhor condição de desenvolvimento do peixe, através da otimização da absorção dos nutrientes e contribuindo nos processos fisiológicos do animal.
É importante sempre entender a capacidade da espécie que vai ser cultivada para poder deixar o nível ótimo para que trabalhe a condição ideal da movimentação e saúde intestinal.
A matéria mineral (cinzas) é o que sobra dentro do processo e acaba não sendo aproveitado pelo organismo, e por isso quanto menor o valor deste item no laudo de laboratório melhor seria a qualidade do produto.
Já a umidade é outro item sempre observado nos rótulos e para uma boa estabilidade de produto no armazenamento é necessário que não exceda a 10-12% de umidade, para evitar perdas de ração por mofo e bolores à campo.
Ainda existe a necessidade de entendermos melhor as matérias-primas e mais detalhadamente os produtos dos fornecedores para ter parametrizado os principais índices de escolha na estratégia alimentar.
Quando temos os dados precisos, fica mais claro o direcionamento de qual caminho ou estratégias seguir. Exemplo disso é que o aditivo irá alcançar seu potencial máximo econômico quando soubermos usar para potencializar os ganhos nutricionais.
Os aditivos devem ser usados com conhecimento e muito pautado na estratégia alimentar e/ou ambiental para otimizar a produção, além de seguir a regulamentação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) sob a instrução normativa 13/04 (alterada pela Instrução normativa n◦ 44/15). Também, é importante exigir dos fornecedores de aditivos informações claras sobre o produto e as análises necessárias para garantir sua efetividade.
Dentro desse contexto, temos como principal desafio entender qual o problema que o animal será exposto, levando em conta a fase de cultivo, o sistema de produção e a época do ano. Ter esse conhecimento nos auxiliará a incluir o aditivo correto e na inclusão indicada para minimizar o desafio ou problema ocasionado por fatores sanitários ou mesmo de manejo.
Existem vários tipos de aditivos, conforme ilustrado na Tabela 1, sendo cada um com sua especificidade e por isso é importante entender e ter clareza da melhor estratégia para efetuar a aplicação no campo.
Tabela 1. Aditivos utilizados em dietas animais.
Quando pensamos nas diferentes estratégias de uso, podemos pensar em diferentes formas de aplicação como:
- Aditivos zootécnicos e anticoccidianos: usar de forma preventiva.
- Aditivos tecnológicos e nutricionais: possuem uma ação de otimização da nutrição e devem ter um uso regular, contribuindo para uma melhora nos resultados dos índices zootécnicos.
- Aditivos probióticos: necessário ter conhecimento no seu modo de ação e entender a diferenciação entre eles, como ilustrado na Tabela 2.
Tabela 2. Diferenças básicas entre microrganismos probióticos, biorremediadores e biocontroladores.
Outra linha de aditivo que pode ser usado para ajudar em desafios sanitários são os óleos essenciais, nutracêuticos e ou extratos vegetais, como descritos na Tabela 3:
Tabela 3. Extratos vegetais e propriedades
Pensando na linha de produtos que ajudam na saúde intestinal temos o importante papel das leveduras, que podem ser oriundas dos substratos de cana-de-açúcar, cerveja e de panificação.
Esta classe de produtos entra na parte da nutrição como componente para incrementar o perfil de aminoácidos e, dependendo do tipo de processo efetuado, podem auxiliar na parte da saúde intestinal, atuando como prebióticos.
Quando partimos para um objetivo mais específico, podemos trabalhar com os produtos concentrados onde os principais componentes são: beta-glucanos, mananoligossacarídeos e nucleotídeos.
Tabela 4. Leveduras e seus derivados.
Em resumo, quando avaliamos com atenção para a produção e temos a consciência dos desafios enfrentados no dia a dia e buscamos avançar no conhecimento, tecnologias e ferramentas disponíveis podem minimizar os impactos nocivos que acontecem no cultivo de peixes.
Alexandre Carvalho Wakatsuki.
Zootecnista
Consultor Técnico em Aquicultura
ZooPeixes Consultoria
Vanessa Olszewski
Médica Veterinária
MSc. Nutrição de Monogástricos UFPR
Coordenadora Técnica Aleris Nutrition