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O uso de aditivos no sistema de produção animal em pastagem

O grande foco da agropecuária de corte tem sido desenvolver alternativas sustentáveis que melhorem o desempenho e saúde animal, sem comprometer qualquer aspecto da saúde humana e/ou o meio ambiente.

Aditivos são utilizados como ferramentas nutricionais desde década de 70, a princípio com intuito de aumentar a saúde gastrointestinal de animais confinados que na maioria das vezes apresentavam um parasita intestinal conhecido como coccidiose.

Além dos aspectos positivos na saúde animal e consequentemente diminuição da mortalidade em confinamentos, os aditivos alimentares ganharam ainda maiores destaques quando houve a comprovação do aumento da produtividade e rentabilidade dos sistemas de produção de bovinos de corte devido as alterações na microbiota ruminal, nas rotas fermentativas e na digestibilidade e utilização dos nutrientes da dieta.




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Apesar de todos esses benefícios citados, sua maior aceitação e utilização continua sendo em dietas com alto teor de concentrado devido à sua eficácia para:

  • Melhorar o desempenho;
  • Eficiência alimentar;
  • Controle de doenças intestinais e distúrbios nutricionais.

Além disso, em dietas à base de concentrado, não há grandes dificuldades no fornecimento dos aditivos, como resultado de uma baixa variação no fornecimento e quantidade diária ingerida. Entretanto, o fornecimento de aditivos para animais mantidos em pastagens apresenta maiores dificuldades, pois existe a necessidade de um veículo que seja consumido em doses corretas e frequência adequada por todos os indivíduos (Cappellozza et al., 2019).

aditivos-toxicidadeEm situações onde ocorre o consumo de doses erráticas ou até mesmo infrequência do fornecimento dos aditivos, o desempenho animal pode ser prejudicado ou até mesmo acarretar em morte dos animais por intoxicação quando consumo ocorre o consumo exacerbado desses aditivos, especialmente aditivos ionóforos.

Em sistemas de pastejo, estratégias de suplementação são usualmente adotadas para minimizar a composição nutricional das forragens, no qual nem sempre atendem as exigências nutricionais dos animais. Suplementos de baixo consumo são usualmente mais viáveis e uma alternativa simples para produtores em sistema de pastejo e podem servir como carreadores dos aditivos alimentares (McDowell, 1996; Bretschneider et al., 2008), aumentando a produtividade em sistemas de bovinos de corte alimentados com dietas à base de forragem (Bretschneider et al., 2008; Limede et al., 2021; Soares et al., 2021).

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No entanto, seu uso é limitado, dada a redução da ingestão de suplementos (monensina), aumento da variabilidade da ingestão entre os animais ao longo do tempo e mão de obra necessária para sua utilização em sistemas de pastejo. Além disso, a ingestão infrequente de suplementos por animais em pastejo (Cappellozza et al., 2019) pode impactar os efeitos dos aditivos no metabolismo ruminal e no desempenho dos animais (Bretschneider et al., 2008).

metabolismo-ruminal

Outro grande problema enfrentado por produtores de bovinos a pasto é o tamanho da refeição, aumentando a probabilidade de toxicidade do aditivo alimentar em animais em pastejo se o dimensionamento da área de cocho não for apropriado para evitar o consumo excessivo.

 

Por exemplo, Cappellozza et al. (2019) avaliaram diferentes tipos de suplemento com adição ou não de narasina no número de visitas ao cocho e consumo de suplemento utilizando touros Nelore em sistema de pastejo. Animais consumindo sal-mineral de baixo consumo com adição ou não de narasina, frequentaram apenas 36% e 25% os cochos durante o período de suplementação, respectivamente.

 

No entanto, quando um suplemento proteico-energético foi ofertado para esses animais o número de visitas ao cocho foi de aproximadamente 83.5%, independente da inclusão do aditivo.

Esses resultados indicam que independentemente do tipo de suplemento usado, o consumo diário do suplemento em sistemas de pastejo pelo rebanho não é usualmente observado e a variabilidade animal não é um fator que pode ser manejado através de diferentes suplementos.

A razão pela qual a adição de narasina no suplemento mineral aumentou o número de visitas e consumo observado por Cappellozza et al. (2019) é desconhecida, no entanto pode ser usado como uma estratégia nutricional para aumentar o consumo de nutrientes que devem ser fornecidos diariamente através da mistura mineral.

Além disso, pesquisas anteriores demonstraram que a adição de ionóforos na dieta de animais consumindo alto concentrado (Starnes et al., 1984) ou alta forragem (Spears, 1990) aumentam a absorção ruminal e intestinal de vários minerais, incluindo Mg, K, P, Zn and Cu .

No entanto, é importante mencionar que vários fatores podem influenciar o resultado dos animais consumindo suplementos com aditivos:

fatores-que-afetam-resultado-de-aditivos

Por exemplo, Fieser et al. (2007) reportou que a adição de monensina no suplemento mineral reduziu o consumo da mistura mineral em 63% no primeiro ano e 55% no segundo ano em animais em sistema de pastejo, com uma variabilidade no consumo de 39%.

Quando uma fonte de proteína ou energia foi adicionada no suplemento mineral com aditivo, a variação do consumo entre os animais diminuiu e o ganho de peso aumentou.

Esses trabalhos e outros reportados na literatura sugerem que a adição de ionóforos altamente usado comercialmente em suplementos minerais podem: diminuir o consumo diário do suplemento mineral, aumentar a variação do consumo por animal e diminuir o número de visitas ao cocho, resultando em variação no desempenho em animais em sistemas de pastejo.

Por outro lado, quando esses aditivos são adicionados a um suplemento com maior quantidade de concentrado as respostas no consumo de forragem e desempenho são mais favoráveis.

Cada aditivo comercialmente disponível possui uma determinada característica e seu uso deve levar em consideração o animal a ser utilizado, dieta, o tipo e a dose de cada aditivo e a estratégia de manejo utilizada.

Com as evidências disponíveis na literatura, a adição desses aditivos nas dietas de bovinos de corte ainda proporciona benefícios produtivos e econômicos para a indústria bovina.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bretschneider, G., J. C. Elizalde, and F. A. Pérez. 2008. The effect of feeding antibiotic growth promoters on the performance of beef cattle consuming forage-based diets: A review. Livestock Science. 114:135–149. doi:10.1016/j.livsci.2007.12.017.

Cappellozza, B. I., P. V. F. Lasmar, F. T. Reis, L. Oliveira, F. Hoe, R. M. Boehler, J. Leibovich, R. Starkey, J. Simas, and R. F. Cooke. 2019. Effects of supplement type and narasin inclusion on supplement intake by Bos indicus beef bulls grazing a warm-season forage. Translational Animal Science. 3:263–273. doi:10.1093/tas/txy113.

Fieser, B. G., G. W. Horn, and J. T. Edwards. 2007. Effects of energy, mineral supplementation, or both, in combination with monensin on performance of steers grazing winter wheat pasture1. Journal of Animal Science. 85:3470–3480. doi:10.2527/jas.2007-0127.

Limede, A. C., R. S. Marques, D. M. Polizel, B. I. Cappellozza, A. A. Miszura, J. P. R. Barroso, A. Storti Martins, L. A. Sardinha, M. Baggio, and A. V. Pires. 2021. Effects of supplementation with narasin, salinomycin, or flavomycin on performance and ruminal fermentation characteristics of Bos indicus Nellore cattle fed with forage-based diets. Journal of Animal Science. 99. doi:10.1093/jas/skab005. Available from: https://doi.org/10.1093/jas/skab005

McDowell, L. R. 1996. Feeding minerals to cattle on pasture. Animal Feed Science and Technology. 60:247–271. doi:10.1016/0377-8401(96)00983-2.

Soares, L. C. B., R. S. Marques, A. V. Pires, V. A. Cruz, A. C. Limede, K. dos Santos Maia, M. Baggio, J. P. R. Barroso, J. S. Biava, E. Maia Ferreira, M. V. de Castro Ferraz Jr, and D. M. Polizel. 2021. Effects of narasin supplementation frequency on intake, ruminal fermentation parameters, and nutrient digestibility of Bos indicus Nellore steers fed with forage-based diets. Translational Animal Science. doi:10.1093/tas/txab125. Available from: https://doi.org/10.1093/tas/txab125

Spears, J. W. 1990. Ionophores and nutrient digestion and absorption in ruminants. J Nutr. 120:632–638. doi:10.1093/jn/120.6.632.

Starnes, S. R., J. W. Spears, M. A. Froetschel, and W. J. Croom. 1984. Influence of monensin and lasalocid on mineral metabolism and ruminal urease activity in steers. J Nutr. 114:518–525. doi:10.1093/jn/114.3.518.




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