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Os avanços da nutrição in ovo na produção de frangos de corte

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Para ler mais conteúdo de nutriNews Brasil 3 Trimestre 2021

Itallo Conrado Sousa de Araújo

Doutorado em ZOOTECNIA pela Universidade Federal de Goiás, Brasil
Itallo Conrado Sousa de Araújo

Tainá Silva Brandão Lopes

Mestrado em Zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil(2020)
Tainá Silva Brandão Lopes

Os avanços da nutrição in ovo na produção de frangos de corte

O Brasil é hoje o maior exportador de carne de frango do mundo e, de acordo com ABPA (2021), produziu 13,84 milhões de toneladas de carne de frango no ano de 2020, ocupando o terceiro lugar em termos de produção mundial desse tipo de carne.
Visando manter essa elevada produção é necessário a redução de custos e a melhoria da produtividade dentro da cadeia avícola. Nesse contexto, o incubatório apresenta papel fundamental pois, a partir dos ovos férteis são produzidos os pintos de um dia.
De forma didática pode-se dizer que o processo de incubação artificial é responsável por cerca de 33% da vida produtiva total dos frangos de corte, que são abatidos em média aos 42 dias. Assim, o período embrionário é muito importante para a obtenção de melhores taxas de produção de frangos de corte em granjas.
A produtividade e eficiência dos incubatórios são medidas principalmente em termos do número e da qualidade dos pintos nascidos. Visando melhorar esses índices produtivos diversas pesquisas tem sido realizadas na área da incubação e a nutrição in ovo tem aparecido em diversos estudos por todo o mundo.

A tecnologia da nutrição in ovo pode ser considerada uma área de estudo
recente na indústria avícola.

A ideia de inocular substâncias nutritivas ou não nutritivas para os embriões iniciou-se a partir da prática da vacinação in ovo, que hoje é amplamente utilizada em todo mundo. Para ter-se uma noção, cerca de 95% dos incubatórios norte americanos e mais de 55% dos incubatórios brasileiros utilizam a tecnologia da vacinação in ovo.
Entretanto, a tecnologia da nutrição in ovo ainda não é aplicada em escala industrial, porém o potencial dos resultados obtidos nas experimentações é promissor. Apesar de já serem encontradas pesquisas com a nutrição in ovo para embriões de poedeiras, perus, codornas, patos e pombos, aqui serão abordados aspectos da inoculação in ovo para embriões de frangos de corte pois há diferenças entre sua aplicação para as demais espécies.
Os primeiros estudos relacionados a nutrição in ovo ou alimentação in ovo para embriões de frangos de corte são do final da década de 90 e início dos anos 2000.
No ano de 2003, foi desenvolvida uma solução nutritiva contendo carboidrato e ácidos orgânicos protegida por uma patente (Uni & Ferket, 2003) registrada nos Estado Unidos (registro n. 6.592.878).
A solução foi desenvolvida por dois pesquisadores pioneiros no estudo da nutrição in ovo, a professora Zehava Uni da Universidade Hebraica de Jerusalém de Israel e o professor Peter Ferket da Universidade da Carolina do Norte dos Estados Unidos. A partir desse primeiro registro houve maior número de pesquisas relacionadas a nutrição in ovo.
Na prática a técnica consiste na inoculação de soluções exógenas para auxiliar o desenvolvimento embrionário e a eclosão dos pintos. Uma agulha atravessa a casca do ovo, a câmara de ar e alcança o local de inoculação.
A cavidade amniótica tem sido apontada como melhor local para se inocular as soluções nutritivas, uma vez que o embrião do frango de corte ingere o líquido amniótico quando inicia o processo de eclosão por volta de 15-16 dias de desenvolvimento embrionário.
O local e a idade do embrião no momento da inoculação são determinantes no sucesso da tecnologia e dependem do tipo de substância inoculada e também da finalidade da inoculação.
Diante das pesquisas mais recentes, pode-se afirmar que se a finalidade da inoculação é nutritiva com intuito de melhorar a condição do embrião para eclosão, por uma questão logística a inoculação deve ser feita durante a transferência dos ovos com 18 dias e a solução depositada no líquido amniótico.
Alguns estudos testaram a inoculação no começo do desenvolvimento embrionário, entretanto do ponto de vista técnico não é viável a ruptura da casca, injeção e posterior vedação do orifício de inoculação para dar continuidade no processo de incubação pois haveria muita perda de água que causaria a mortalidade do embrião.

Assim, a nutrição da matriz deve suportar completamente o desenvolvimento do embrião e a nutrição in ovo poderá contribuir melhorando as condições de nascimento do pinto.
Os diversos estudos desenvolvidos desde os anos 2000 relacionados a inoculação in ovo testaram diferentes quantidades de soluções a serem administradas, isso porque depende do tipo de solução e de sua composição química.
No geral, hoje podemos afirmar que o volume indicado é de até 500 microlitros de solução (0,5mL), outro ponto importante e bastante discutido é a osmolaridade da solução.
Quando uma solução eleva a osmolaridade do ambiente de desenvolvimento do embrião, esse desequilíbrio osmótico pode causar a morte embrionária. Portanto, as soluções devem ser testadas e a osmolaridade não deve ultrapassar a concentração de 1000 mOsm.

Observados esses aspectos técnicos, podemos passar para a aplicação
e nos questionamentos de por que fazer o uso da nutrição in ovo.

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A dieta da matriz do frango de corte e a quantidade de nutrientes que a galinha deposita no ovo são suficientes para garantir um correto desenvolvimento embrionário.
Entretanto com os avanços da genética dos frangos de corte, aumento de metabolismo e dos requisitos nutricionais a tecnologia da nutrição in ovo poderá beneficiar o desenvolvimento embrionário, principalmente na fase final da incubação.
A nutrição in ovo para embriões de frangos de corte trabalha com o uso individual ou combinado das substâncias. Dentre as principais substâncias inoculadas in ovo relatadas na literatura mais recente pode-se citar:

De modo geral as pesquisas tem evoluído para a inoculação da substância que vai auxiliar o embrião juntamente com a vacina aplicada na transferência dos ovos. Nesse aspecto, outro ponto extremamente relevante e que deve passar a ser testado é a interação da substância a ser inoculada juntamente com a vacina.
A substância inoculada não pode anular o efeito protetivo que a vacina deve gerar no embrião, assim essa área é uma das que merece atenção e estudo.

CARBOIDRATOS

O metabolismo energético é um dos desafios que os embriões de frangos de corte encontram durante a última fase de incubação. As reservas de energia são essenciais para o processo de bicagem da casca e efetiva eclosão no final da incubação e requerem alta demanda por substâncias energéticas.
A deficiência de energia pode resultar em uma eclosão deficiente e até mesmo em morte embrionária (Uni et al., 2005), portanto, a injeção de carboidratos in ovo foi proposta como um meio possível de
fornecer energia para auxiliar o embrião durante a fase final da incubação.
Os estudos com carboidratos foram os pioneiros da nutrição in ovo e merecem destaque pois mostram:
Aumento no peso inicial dos pintos
Maior disponibilidade de glicogênio hepático e muscular, comprovando que o embrião pode poupar essa reserva energética e consumir o carboidrato injetado in ovo.

Entretanto, esses primeiros trabalhos relataram diminuição nos índices de eclosão dos pintos, talvez devido a dificuldades encontradas nas técnicas de inoculação que era feita com agulha de maneira manual e experimental.

Os estudos mais recentes com uso de carboidratos como glicose in ovo mostraram não haver diferenças para as taxas de eclosão ou ainda melhores taxas de eclosão para ovos inoculados com carboidratos com maior peso ao nascimento e melhoria no desempenho dos frangos de corte (Shafey et al., 2012; Zhang et al., 2016). Esses resultados parecem estar relacionados a melhoria na técnica de injeção in ovo que não promoveram mais a morte dos embriões por erros na inoculação.
Na fase final do desenvolvimento embrionário e no momento em que se inicia o processo de eclosão a demanda energética para contração muscular é alta e a disponibilidade de oxigênio é limitada.
Vale destacar que os ovos são ricos em proteínas e lipídeos, porém possuem uma baixa concentração de carboidratos (0,3%). Portanto, a gliconeogênese é uma das vias em que o embrião utiliza para obtenção de energia, entretanto, essa utilização pode consumir as reservas de glicogênio muscular e hepático o que pode causar comprometimento do desenvolvimento embrionário nessa fase pré-eclosão.
Com o intuito de evitar a ativação da via de gliconeogênese na fase final embrionária, diversos estudos avaliaram a inoculação de carboidratos como:
glicose
frutose
sacarose
maltose
Em embriões de frango de corte e observaram aumento de até 41% no peso ao nascimento entre aves que receberam carboidratos in ovo contra aves que não receberam (Zhai et al., 2011; Retes et al., 2018).
Além de resultados positivos sobre eclosão e peso inicial dos neonatos, as pesquisas tem sugerido que a presença dos carboidratos no lúmen intestinal dos pintos favorece:

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dos Santos et al. (2010) observaram que quando os embriões de frangos de corte recebem no terço final do desenvolvimento embrionário os carboidratos exógenos, há redução na utilização do conteúdo do saco da gema devido à utilização dos carboidratos exógenos como fonte de energia extra.
O que indica a obtenção de energia via oxidação dos carboidratos exógenos em detrimento da oxidação do conteúdo lipídico do saco da gema.
A partir de uma revisão sobre o uso de carboidratos in ovo pode-se observar melhoria no estado energético do embrião, com aumento das reservas de glicogênio hepático e muscular o que é útil par a aumentar o desenvolvimento do embrião, do trato gastrintestinal e, consequentemente, melhorar os resultados de incubação e o desempenho dos pintos durante os estágios iniciais pós-nascimento.

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