Altos níveis de óxido de zinco na ração alteram o metabolismo e dos minerais traços e podem ser prejudiciais à saúde dos leitões desmamados
O óxido de zinco é comumente utilizado como promotor de crescimento e alternativa ao uso de antibióticos para prevenir a ocorrência de diarreia no pós-desmame.
No entanto, ainda existe pouco conhecimento sobre as interações entre o metabolismo do zinco com o de outros minerais traços em diferentes órgãos, o que dificulta o desenvolvimento de novas estratégias nutricionais visando a substituição de altos níveis de óxido de zinco sem comprometer a saúde dos leitões. |
- De fato, a deficiência em cobre tem um impacto negativo sobre a utilização de ferro pelo suíno.
- Estudo 1: dieta basal suplementada com 100, 1000 ou 3000 mg/kg de Zn (LZn, MZn e HZn, respectivamente) na forma de óxido de zinco. As três dietas tinham níveis semelhantes de cobre (130 mg/kg; CuSO4).
- Estudo 2: dieta basal suplementada com 100 (LZn) ou 3000 (HZn) mg/kg de Zn na forma de óxido de zinco em combinação com 6 (LCu) ou 130 (HCu) mg/kg de cobre na forma de sulfato de cobre.
Os leitões foram abatidos nos dias 21, 23 (estudo 1), 28 (estudo 2), 35 e 42 para a coleta de soro sanguíneo e tecidos corporais. |
Desempenho de crescimento
Nos nossos dois estudos, altos níveis de óxido de zinco na dieta prejudicaram o crescimento.
- Especificamente no estudo 2, a combinação de altos níveis de óxido de zinco e sulfato de cobre (HZnHCu) resultou no pior desempenho, enquanto efeitos benéficos de altos níveis de sulfato de cobre foram observados, mas apenas quando baixos níveis de óxido de zinco foram utilizados.
As condições ambientais otimizadas (ambiente experimental) desses estudos podem ter interferido nos efeitos majoritariamente locais (lúmen intestinal) do óxido de zinco.
Para o sulfato de cobre, que tem principalmente ações sistêmicas, é provável que a influência do ambiente experimental tenha sido menos perturbadora. |
Zinco
Nos dois estudos, embora altos níveis de óxido de zinco tenham diminuído a expressão de genes relacionados à absorção intestinal de zinco, não foi observada uma redução proporcional nas concentrações de zinco no jejuno, fígado e soro (Figura 1 e 2).
Figura 1. Concentrações de zinco (A) e cobre (B) no soro sanguíneo.
Figura 2. Concentrações de zinco na mucosa do jejuno (A) e no fígado (B).
Apesar da ativação desses mecanismos, as concentrações séricas e hepáticas de zinco aumentaram significativamente.
- No entanto, a diferença de 3 vezes nos níveis de óxido de zinco na ração entre MZn e HZn resultou em um aumento proporcional nos níveis séricos de zinco, sugerindo que os mecanismos de regulação não eram mais eficientes no controle do excesso de zinco em animais suplementados com HZn.
Considerando os dois estudos, as concentrações de séricas de zinco variaram entre 4,1 e 4,6 mg/L no dia 42 em leitões suplementados com HZn.
Tais resultados sugerem que 100 mg de óxido de zinco/kg de ração durante as primeiras semanas após o desmame podem não satisfazer completamente as necessidades dos leitões. |
Cobre
- Independentemente dos níveis de cobre na ração (130 ppm no estudo 1 e 6 ou 130 ppm no estudo 2), leitões suplementados com HZn apresentaram maiores concentrações de cobre no jejuno em comparação com os leitões do grupo LZn (Figura 3).
Figura 3. Concentrações de cobre na mucosa do jejuno (A) e no fígado (B).
Esse aumento foi acompanhado de níveis hepáticos e séricos de cobre mais baixos nos leitões do grupo HZn (Figura 1 e 3), sugerindo uma redução na liberação de cobre pelos enterócitos.
Esse impedimento do efluxo de cobre pelas células intestinais está relacionado à ativação de um mecanismo responsável pelo sequestro de minerais em diferentes órgãos.
Ferro
Altos níveis dietéticos de óxido de zinco também prejudicam o metabolismo do ferro por meio de mecanismos sistêmicos (hepcidina) e locais (intestino e fígado).
- Nos dois estudos, os leitões suplementados com HZn apresentaram uma redução na absorção intestinal de ferro, acompanhado por um aparente aumento de sua retenção nos enterócitos, que resultou em redução no conteúdo hepático de ferro.
No entanto, esses efeitos não foram intensos o suficiente para impactar as concentrações de ferro no sangue total e no soro, bem como as concentrações de hemoglobina, que aumentaram ao longo do tempo nos dois estudos.
ter um impacto significante no metabolismo desse mineral traço no pós-desmame, o que merece ser investigado mais a fundo.
Conclusões
Durante as primeiras semanas após o desmame, 100 mg de zinco/kg de ração parece não atender aos requerimentos de zinco dos leitões.
Em relação ao ferro, o menor conteúdo hepático não foi acompanhado de impactos nas concentrações sanguíneas, séricas e de hemoglobina, indicando que apesar de interferir no armazenamento de ferro no fígado, os altos níveis de óxido de zinco na ração de pós-desmame dificilmente irão causar anemia nos leitões.
As baixas concentrações hepáticas e séricas de cobre enfatizam o potencial risco de deficiência de cobre em leitões suplementados com altos níveis de óxido de zinco no pós-desmame. |
No entanto, independentemente desses efeitos importantes do zinco, a suplementação com 6 mg de cobre/kg de ração parece não atender às exigências nutricionais em cobre desses animais.
Referências bibliográficas sob consulta. [/cadastrar]