A tendência no uso de aditivos fitogênicos na alimentação animal tem crescido nas últimas duas décadas. Investigações científicas mostram que o uso excessivo de antibióticos intensifica os riscos potenciais de aumento da resistência dos patógenos (superbactérias).
O termo “fitogênicos”, também conhecido como fitobióticos ou nutracêuticos, descreve compostos derivados de plantas incorporados na ração animal para elevar a produtividade através de seus efeitos benéficos supracitados. |
Por definição, os aditivos fitogênicos são substâncias derivadas de plantas ou de especiarias e apresentam efeito positivo na produção e saúde dos animais (Perić et al., 2009). De acordo com a legislação da União Europeia, os fitogênicos são classificados como compostos sensoriais e aromatizantes (EC 1831/2003).
São classificados como “aditivos sensoriais” conforme a legislação europeia, pois combinam substâncias aromatizantes e ingredientes bioativos.
- Fitogênicos são produtos naturais, com características benéficas para a saúde dos animais, inclusive com efeito na modulação da saúde intestinal (Maggini et al., 2018).
A exploração de produtos naturais, como os fitogênicos, é vista como uma alternativa promissora por apresentarem a modulação de parâmetros intestinais (Maggini et al., 2018), entre outras características.
Em relação à atividade antimicrobiana, evidências sustentam a suposição de que o modo geral de ação dos fitogênicos é modulando a microflora intestinal e reduzindo a pressão do patógeno intestinal. Possuem também ação anti-inflamatória, antioxidante e coccidiostática (Tan et al., 2015).
Dentre os efeitos relatados dos óleos essenciais estão:
- Além disso, alguns estudos mostraram que os fitogênicos podem aumentar a atividade das enzimas digestivas e a capacidade de absorção.
Além disso, essas substâncias não trazem nenhum prejuízo aos animais e ao homem, sem resíduos nos produtos produzidos e sem contaminar o ambiente (Catalan et al, 2012).
Ainda podem apresentar outras funções como a estabilização da microbiota intestinal, a melhoria em características de carcaça e a redução na emissão de poluentes ao meio ambiente (Li et al., 2018). É graças a todos estes distintos mecanismos de ação que os fitogênicos não induzem à resistência bacteriana, o que os torna seguros e sustentáveis, sendo estas as principais características que habilitam os fitogênicos a serem fortes candidatos para substituir os antibióticos promotores de crescimento utilizados na suinocultura.
No assunto reprodução, as porcas que receberam o aditivo durante a gestação aumentaram o consumo de ração na lactação e o peso de leitões ao nascimento foi maior.
- As porcas gestantes apresentaram alto estresse oxidativo durante o final da gestação e na lactação, que é responsável pela queda na produção de leite, no desempenho reprodutivo e longevidade (Zhao et al. 2013). Em porcas, evidências acumuladas sugerem que as espécies reativas de oxigênio em excesso reduzem a sinalização da insulina, o que leva à sua resistência, entretanto, o uso de óleos essenciais (OE´s) nas dietas pode evitar a resistência à insulina e melhorar a produção de leite.
Um estudo com a suplementação de OE´s nas dietas de gestação e lactação resultou em maiores concentrações de Lactobacillus e menores de E. coli.
Animais de creche podem se beneficiar muito com a utilização de fitogênicos. Há relatos na literatura que essas moléculas podem reduzir a contagem fecal de E. coli, além da redução na proliferação de Clostridium perfringens. Outros trabalhos mostram que o uso de fitogênicos em leitões desmamados pode reduzir alguns mediadores inflamatórios (interleucina 6), ou mesmo aumentando a contagem de células do sistema imune, contribuindo para melhoria da saúde do animal (Upadhaya e Kim, 2017).
Foram avaliados os parâmetros de desempenho e a ocorrência da cepa Lawsonia intracellularis (Ileíte), por meio de diagnóstico sorológico, foram monitorados ao final do experimento. Entre os principais resultados, o grupo de suínos ao qual foi fornecida a dieta contendo o aditivo fitogênico (EF) apresentou taxa de ganho de peso médio diário (GPD) 23,17% superior, quando comparado ao grupo controle sem adição do composto.
Ao longo do experimento foi notado que o grupo com maior número de casos diarréicos, em torno de 43,3%, foi o grupo de animais sem a inclusão do aditivo.
Outro trabalho, realizado pela Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (ASEMG, 2020), avaliou a inclusão de aditivo fitogênico para suínos em crescimento e terminação, onde os animais suplementados com o aditivo fitogênico apresentaram maior peso final ao abate, maior ganho de peso diário, menor mortalidade e melhor conversão alimentar.
Em resumo, a experiência com o uso dessas substâncias para suínos mostra que elas podem promover a melhora no desempenho e na saúde animal e serem mais uma opção ao uso dos antimicrobianos como promotores do crescimento, assim como como os ácidos orgânicos e probióticos (Windisch, et al., 2008). O uso de fitogênicos em suínos, independente da fase de utilização, pode apresentar resultados semelhantes e, até mesmo, superiores ao uso de antimicrobianos sendo o seu uso, além de recomendado, um importante aliado de uma produção mais sustentável e rentável. |
Referências sob consulta – Vetanco Brasil