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09 Nov 2021

Brasil apresenta ações de mitigação dos gases de efeito estufa durante a COP 26

A sustentabilidade é um tema cada vez mais relevante e que define, atualmente, a tomada de decisão em relação a diversos aspectos produtivos que influenciam diretamente a produção agrícola. Por isso, é importante ficar de olho no evento mais importante do ano que envolve a sustentabilidade e direciona as decisões de mercado para os próximos anos, a COP 26.
COP 26 é a sigla correspondente a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 26), que reúne mais de 190 líderes mundiais em Glascow na Escócia, o evento acontece de 1º a 12 de novembro. Um dos temas discutidos e cobrados dos líderes mundiais é a redução da emissão dos gases de efeito estufa. Nesse sentido, o setor agropecuário tem muito a contribuir para mitigar as emissões de gases nocivos.
Durante a COP 26 o Brasil tem apresentado diversas ações visando a mitigação dos gases de efeito estufa, como o lançamento das versões em inglês de três livros que reúnem pesquisas sobre os fatores de emissão e remoção de gases de efeito estufa na pecuária e na agricultura, além das estratégias de adaptação à mudança do clima na agropecuária.
As publicações trazem informações sobre a emissão e remoção de GEE para culturas como cana-de-açúcar, grãos, sistemas integrados de produção e florestas plantadas e também abordam estratégias remoção de metano na pecuária.
Liderado pela equipe da Coordenação-Geral de Mudanças Climáticas e Agropecuária Conservacionista, do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação do Mapa, o trabalho mobilizou mais de 660 pesquisadores de diferentes cadeias agropecuárias e biomas, para a compilação de informações e foi realizado em parceria com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações, o Ministério das Relações Exteriores e o Senar/CNA.
Por se tratar de um robusto conteúdo técnico-científico, as coletâneas podem subsidiar diversos países na elaboração de estratégias de enfrentamento a mudança do clima e na construção de ações para mitigação de GEE pela agropecuária.
Assim, o lançamento das 3 publicações na COP26 representa significativa contribuição brasileira em apoio global a agenda climática entregando subsídios de base científica para que os países avancem nos seus compromissos nacionais.
De acordo com as publicações, os estudos realizados em sistemas em integração do tipo lavoura-pecuária- floresta (ILPF), demonstram a importância de se considerar o ambiente em que o animal é criado, e não somente a emissão de gases decorrentes do processo de ruminação. Este avanço não só melhora o balanço das emissões e remoções, tornando-o mais eficiente, como identifica onde o Brasil ainda precisa melhorar em tecnologias para redução das emissões.
No dia 08 de novembro, foram apresentados dados que mostram o investimento do pecuarista brasileiro na criação sustentável de animais. De acordo com o vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Muni Lourenço, os produtores rurais já contrataram mais de R$ 20 bilhões, desde 2013/2014, por meio do Programa ABC (que faz parte do Plano Safra), para investimento em práticas agrícolas de baixo carbono.

“A cada R$ 1 colocado pelo Estado, o produtor investe R$ 7 na agricultura de baixo carbono”, destacou Lourenço.

A diretora do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação, Mariane Crespolini, ressaltou que o “produtor precisa apenas dos incentivos corretos, como assistência técnica”. Prova disto, segundo a diretora, é que o Plano ABC alcançou a marca de implantação de técnicas de baixa emissão de carbono em 52 milhões de hectares em dez anos, sendo 27 milhões de recuperação de pastagens degradadas.
O professor e matemático da Universidade de Edimburgo, Rafael Silva, apresentou artigo que mostra que a demanda por carne bovina contribui para a menor emissão de gases de efeito estufa. De acordo com o pesquisador, se a demanda por carne bovina crescer 30% em 2030, as emissões de gases de efeito estufa devem ser 10% menores em razão do sequestro de carbono. Desta forma, com maior demanda, o produtor investe no pasto. Com mais pasto, cresce o sequestro de carbono, conforme Rafael Silva.

“As pastagens sequestram muito carbono estável, que fica embaixo do solo. A parte aérea [do carbono] é consumida pelos animais. A maioria dos estudos não consideram esse carbono [no solo] por dificuldade do cálculo matemático dos modelos. No Brasil, é importante por causa das pastagens. Em outros sistemas produtivos, baseados no confinamento, não têm esse benefício. (…) Se a demanda for mais baixa, vai ter menos animais, menos metano, no entanto, vai haver uma redução do estoque de carbono no solo. Se, ao contrário disso, temos uma demanda mais alta com controle eficiente do desmatamento, embora aumente as emissões de metano, haverá uma compensação pelo sequestro de carbono, porque a recuperação de pastagens aumenta significativamente as taxas de sequestro de carbono”, explicou. O artigo, em parceria com a Embrapa, foi publicado no jornal científico Nature Climate Change.

O secretário secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Mapa, Fernando Camargo, falou sobre as metas do Plano Setorial de Adaptação e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária, chamado de ABC+, que prevê a adoção de tecnologias sustentáveis em mais de 72 milhões de hectares de áreas degradadas e a mitigação de 1,1 bilhão de toneladas de CO² equivalente, superando o recorde alcançado pela fase anterior do plano ABC.
A recuperação de mais de 30 milhões de hectares de pastagens degradadas vai possibilitar melhorias na produção agropecuária, além de benefícios ambientais.

“Você recupera a pastagem, pode ter a produtividade maior de produção animal por hectare e fixa o carbono no solo, além de combater a erosão, a perda de qualidade do solo”, disse Camargo.

Outra iniciativa que merece destaque e foi apresentada na COP 26 é a geração de biogás por meio de dejetos de animais de produção. O biogás é o aproveitamento de dejetos da criação de animais ou outros substratos produzidos pela atividade rural e urbana para geração de energia, como elétrica e combustível. O país tem capacidade de alcançar uma produção de 120 milhões de metros cúbicos/dia de biogás a partir de resíduos, sendo 38,9 milhões de metros cúbicos/dia na cadeia de proteína animal e 18,2 milhões de metros cúbicos/dia no segmento agrícola.
De acordo com a Gerente Executiva da ABiogás, Tamar Roitman, o biometano (biocombustível gasoso obtido a partir do processamento do biogás), por exemplo, pode reduzir emissões de gases do efeito estufa em 300%. “Além de reduzir as emissões, ele captura o metano”.

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O secretário de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação, Fernando Camargo, destacou que o Brasil tem uma vantagem em relação a outros países na produção de biogás. “Na Alemanha, é usado milho, uma matéria-prima dedicada, para produção de biogás. No Brasil, não precisamos, podemos fazer a partir dos resíduos”.

Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento | Mapa

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