Desempenho e nutrição de suínos em condição de desafios ambientais: estresse por calor e desafio sanitário
Em regiões de clima tropical e subtropical, os fatores climáticos merecem destaque uma vez que, nestas regiões, ocorre associação entre elevadas temperaturas e umidade relativa do ar. Quando expostos a condições de alta temperatura ambiental, suínos mantêm a homeotermia por meio de ajustes comportamentais, fisiológicos e metabólicos para diminuir a produção e/ou aumentar a dissipação de calor.
Campos et al. (2014) observaram que suínos em crescimento quando expostos a condições de alta temperatura (30°C) apresentaram menor consumo de ração (-500 g/dia) e ganho de peso (-230 g/dia) quando comparados com suínos em condições de termoneutralidade (24°C).
Adicionalmente, Saraiva et al. (2011) relataram que animais em crescimento e terminação criados durante o verão na região sudeste do Brasil tiveram menor taxa de crescimento quando comparados com aqueles criados durante o inverno (910 vs. 1010 g/dia). No que diz respeito ao desempenho reprodutivo, o estresse por calor tem sido associado ao:
Atraso da idade à puberdade
Maior intervalo desmame-estro
Menor taxa de fecundidade e de concepção
Maior incidência de leitões de baixo peso (Renaudeau et al, 2012; Campos et al., 2012)
O genótipo de suínos também é um fator de grande importância uma vez que exerce influência sobre a capacidade de adaptação dos animais ao ambiente térmico.
Em estudo com suínos submetidos a condição de estresse cíclico por calor, Fraga et al. (2019) observaram que animais com maior potencial para deposição de tecido magro (maior porcentagem de genes Pietrain) apresentam maior susceptibilidade a alta temperatura ambiental e, consequentemente, pior desempenho.
De fato, genótipos modernos tendem a ser mais susceptíveis ao estresse por calor devido à maior termogênese (Gaughan et al., 2009) e menor adaptabilidade a desafios ambientais.
Isso ocorre, devido a menor capacidade de mobilizar recursos fisiológicos e nutricionais para funções outras àquelas associadas ao crescimento e reprodução, tais como termorregulação e resposta imune (Rauw, 2012; Dumont et al., 2014).
Por outro lado, a associação entre elevadas temperaturas ambientais e umidade relativa do ar favorece a proliferação e disseminação de vetores e/ou patógenos, resultando em maior pressão patogênica no ambiente (Campos et al., 2017) e com impacto significativo na produção animal uma vez que compromete o bem-estar, saúde e desem...