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Indicadores de bem-estar associados à conversão alimentar e ao consumo de ração de crescimento e terminação
A implantação de práticas de bem-estar em granjas de suínos é essencial para se atingir bons níveis de desempenho animal (Kaupinnen et al., 2012). Animais criados sob condições de estresse podem ter redução no consumo de alimento, no ganho de peso, e menor peso final (Martínez-Miró et al., 2016), prejudicando produtividade e rentabilidade (Velarde e Dalmau, 2012).
O Projeto Welfare Quality surgiu após a preocupação de consumidores de alimentos de origem animal em relação às práticas de bem-estar animal aplicadas aos sistemas de produção. Para a avaliação do bem-estar de suínos e outras espécies, o Projeto desenvolveu protocolos de avaliação regidos por quatro princípios norteadores:
Boa alimentação
Bom alojamento
Boa saúde
Comportamento apropriado
Nesses protocolos o bem-estar é avaliado principalmente por meio da observação do animal, apresentando menor importância a avaliação do ambiente no qual ele está inserido.
Apresentamos neste artigo alguns resultados de prevalência de indicadores de bem-estar animal avaliadas por meio do protocolo Welfare Quality® para suínos criados em granjas nacionais de crescimento e terminação. Além disso, por meio de modelos matemáticos, estabelecemos relações entre alguns destes indicadores com a conversão alimentar e o consumo diário de ração dos lotes avaliados.
ESTUDO
Foram avaliados em granjas comerciais de crescimento e terminação, localizadas na região oeste do Paraná, 46 lotes de suínos. Os indicadores de bem-estar animal foram mensurados usando a metodologia proposta no protocolo de avaliação Welfare Quality® para suínos em crescimento (Welfare Quality®, 2009). Vinte e dois indicadores do protocolo foram contemplados nesta avaliação.
Para alguns indicadores, o protocolo prevê a utilização de uma escala de três pontos (0-2) para quantificar a condição de bem-estar, sendo:
zero (0), atribuído quando verificada condição adequada;
um (1), quando verificado algum prejuízo ao bem-estar animal (problema moderado);
dois (2), quando havia uma situação mais crítica (problema grave).
Para outros indicadores, uma escala de dois pontos foi usada, com valores de 0 e 2, representando ausência ou presença, respectivamente. Um resumo dos indicadores mais relevantes para este artigo é apresentado no Quadro 1.
A conversão alimentar e o consumo diário de ração dos lotes foram obtidos após o final do período de produção na granja, e foram utilizados como variáveis de desempenho. Por meio de modelos de regressão múltipla, verificou-se a relação entre os indicadores de bem-estar sobre esses índices zootécnicos.
Na Tabela 1 são apresentadas as prevalências das condições de bem-estar dos 46 lotes de suínos. Com relação aos indicadores que foram classificados como graves (com pontuação 2, indicando situação de alto comprometimento do bem-estar animal), apenas “bursite” e “fezes aderidas ao corpo” apresentaram valores de prevalência superiores a 1%, sendo a prevalência deste último superior a 20%.