A obesidade é o distúrbio nutricional mais comum em cães e gatos. Estima-se que 40 a 60% da população canina mundial esteja com sobrepeso ou obesidade e esse percentual tem aumentado progressivamente ao longo dos anos.
Diversas condições clínicas são frequentemente atribuídas à condição de excesso de peso, especialmente
Como os adipócitos são metabolicamente ativos e responsáveis pela produção de citocinas inflamatórias e leptina (hormônio envolvido no controle da saciedade), o excesso de peso está frequentemente associado à resistência à insulina e alterações metabólicas envolvidas no controle da saciedade.
Segundo Oliveira et al., 2020, no caso da obesidade, ocorre uma resposta do sistema imune, ativada como consequência à inflamação, cujos macrófagos vão aumentando devido a seu recrutamento e exibindo um cenário pró-inflamatório, expressando, assim, citocinas inflamatórias.
Esse aumento de macrófagos é devido à inflamação do tecido adiposo que se desloca junto com a obesidade, desenvolvendo resistência à insulina e à doença metabólicas.
A recuperação de um escore de condição corporal ideal pode restabelecer as concentrações plasmáticas de insulina para valores próximos ao estado fisiológico e reduzir a produção de citocinas inflamatórias, indicando a importância do tratamento e redução da obesidade canina.
O sucesso do tratamento da obesidade é definido como a perda de peso corporal e sua manutenção efetiva posteriormente. Assim, é necessário induzir um balanço energético negativo através da restrição calórica e aumentar o gasto energético.
A restrição calórica é considerada o maior obstáculo durante o período de perda de peso devido à manifestação da fome, que consequentemente leva o animal a buscar e implorar por comida, podendo muitas vezes comprometer a adesão do proprietário.
Beta-glucanos são polissacarídeos compostos de monômeros de glicose que estão ligados por ligações β-glicosídicas. Esses polissacarídeos são os principais componentes estruturais da parede celular de leveduras, fungos e algumas bactérias.
Cereais, como cevada e aveia, também contêm beta-glucanos como parte da parede celular e do endosperma. Devido ao seu complexo mecanismo de ação no organismo, vários efeitos já foram associados à suplementação de beta-glucanos em humanos, porcos, cães, ratos e peixes, como:
Ferreira et al., 2022 desenvolveram um trabalho que avaliou os efeitos da suplementação dietética de beta-glucanos (leveduras) a 0,1% sobre diferentes marcadores glicêmicos, insulinêmicos, triglicerídeos séricos, colesterol, citocinas inflamatórias e marcadores de saciedade em cães obesos.
Foram utilizados três grupos experimentais:
Em cães obesos, a dieta suplementada com 0,1% de beta-glucanos induziu alterações importantes em diversas variáveis glicêmicas, níveis séricos basais de insulina e níveis de triglicerídeos, e esses parâmetros assemelharam-se aos cães do grupo magro. A suplementação de beta-glucanos também reduziu a concentração basal de insulina no grupo de cães obesos suplementados.
Portanto, a inclusão de beta-glucana na dieta reduziu:
A concentração basal e média de glicose plasmática,
Esses resultados são novos e importantes para o reconhecimento da possibilidade do uso de beta-glucanos proveniente das leveduras na prevenção e tratamento da obesidade.
Fonte: Metabolic variables of obese dogs with insulin resistance supplemented with yeast beta-glucan
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