Nas últimas décadas houve expressivo aumento da proporção de concentrado em dietas de bovinos confinados no Brasil (Pinto e Millen, 2018), o qual representa atualmente de 71 a 90% da matéria seca das dietas. Isso se deve à:
Necessidade de maximizar o desempenho dos animais,
Reduzir o ciclo de produção
Melhorar a qualidade das carcaças e da carne.
No entanto, dietas de alto concentrado aumentam os riscos de distúrbios digestivos e metabólicos, tais como a acidose ruminal, a qual é causada pelo aumento abruto do consumo de carboidratos não fibrosos (CNF), em animais que não foram adequadamente adaptados. Tal condição promove o rápido crescimento de bactérias amilolíticas no rúmen (Nagaraja e Titgemeyer, 2007), culminando em rápido aumento da produção de ácidos graxos voláteis (AGV’s) e consequente redução do pH ruminal.
É preciso salientar que o pH ruminal ao longo do dia é controlado pela quantidade de ácidos produzidos pela microbiota ruminal, oriundos da digestão dos CHO’S da dieta, bem como pela absorção destes ácidos pelo epitélio ruminal, que incluem os tamponantes da saliva e absorção do AGV´s pelo epitélio ruminal (Allen, 1997).
A acidose ruminal pode ser classificada, de acordo com sua gravidade, em:
acidose subaguda (subclínica)
acidose aguda (clínica).
AlZahal et al. (2007) definem a acidose subaguda (SARA) como sendo a condição na qual o pH ruminal permaneceria abaixo de 5,6 por pelo menos 300 min/dia, em que a concentração de lactato no rúmen é muito baixa (< 10 mM/L), diferentemente da acidose aguda, em que o pH ruminal é menor que 5,0-5,2 e se verifica aumento significativo na concentração de lactato no rúmen (Nocek, 1997).
Na prática, a acidose em sua forma aguda é encontrada em indivíduos que não foram adaptados e durante os primeiros dois a três dias de alimentação concentrada, enquanto a SARA é a mais comum e causa grandes prejuízos associados à oscilação e/ou redução do consumo de matéria seca, menor desempenho dos animais, aumento da duração do tempo de confinamento e aumento dos custos de produção (Meissner et al., 2010). Adicionalmente, como decorrência da acidose, outros problemas podem surgir, tais como:
o timpanismo
laminite
abscessos hepáticos
óbito (em caso mais graves)
(Krause e Oetzel, 2006).
Várias estratégias são usadas para prevenir ou contornar a acidose ruminal:
A adaptação dos animais às dietas de alto concentrado.
Uso de aditivos (antibióticos, tamponantes, óleos essenciais, taninos, leveduras v...