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Algumas considerações sobre micotoxinas na produção de suínos

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As micotoxinas são metabolitos produzidos por fungos, que funcionam como mecanismo de defesa. A desvantagem que eles apresentam, é que devido à sua estrutura química, não se degradam.

Durante o armazenamento do grão, também podem ser geradas. Em análises de campo realizadas na Guatemala, foi observado um aumento considerável na concentração de micotoxinas quando não são tomadas medidas adequadas para a prevenção do crescimento de fungos dentro de um silo.

MICOTOXINAS MAIS FREQUENTES EM GRÃOS E SEUS EFEITOS EM SUÍNOS

Aflatoxinas

As aflatoxinas são produzidas por fungos da espécie Aspergillus antes da colheita e durante o armazenamento. A Aflatoxina B1 é a mais abundante e tóxica das aflatoxinas. As aflatoxinas afetam a função hepática e causam imunossupressão (Osweiler e Ensley, 2012).

A aflatoxicose aguda é rara em suínos, mas causa graves lesões hepáticas e os sinais são consequência de disfunções como hemorragia, icterícia e morte súbita (Osweiler e Ensley, 2012).

Vomitoxina

Vomitoxina é o termo para deoxinivalenol (DON), produzido pelo gênero Fusarium spp antes da colheita. A vomitoxina é o contaminante mais comum do milho, trigo e DDGS na América do Norte e Europa.

Interfere na síntese de proteínas, modulação da imunidade e atividade dos neurotransmissores no cérebro (Osweiler e Ensley, 2012).

Zearalenona

Produzida por Fusarium graminearum geralmente antes da colheita. A zearalenona tem uma estrutura que imita os efeitos dos estrogênios. Portanto, os principais efeitos são no trato reprodutivo dos suínos (Osweiler e Ensley, 2012).

Em fêmeas jovens, uma característica da zearalenona é o inchaço e vermelhidão da vulva. Prolapso retal e vaginal são comuns. Em porcas prenhas, acontece falsa prenhez e perda precoce de embriões ocorrem.

Durante a lactação, a zearalenona passa pelo leite e induz inchaço vulvar e vermelhidão em leitoas recém-nascidas (Hennig-Pauka et al., 2018). Nos machos, a zearalenona suprime os níveis de testosterona, produção de esperma e libido, particularmente nos mais jovens.

Fumonisinas

Geralmente causam imunossupressão (Pierron et al., 2016). A toxicidade aguda causa uma condição chamada edema pulmonar de suínos, que é característica da intoxicação por fumonisinas e causa insuficiência cardíaca e acúmulo de líquido nos pulmões (Osweiler e Ensley, 2012).

Os suínos com toxicidade aguda apresentam sinais respiratórios graves, com respiração difícil e com a boca aberta, cianose e morte.

A toxicidade crônica se desenvolve como resultado da ingestão de pequenas quantidades de fumonisinas por um longo período de tempo.

Os suínos com toxicidade crônica têm menor consumo de alimento e uma taxa de crescimento mais baixa, mas também podem ter uma maior suscetibilidade a doenças secundárias e menor resposta à vacinação devido à supressão do sistema imunológico (Pierron et al.)

Ocratoxina

Na maioria dos casos de toxicidade por ocratoxina A, os suínos têm uma baixa taxa de crescimento e uma baixa eficiência alimentar devido à deterioração das funções renais e hepáticas.

A ingestão de alimentos geralmente não é afetada (Malagutti et al., 2005). Em alguns casos, o único efeito tóxico da ocratoxina A é detectado no momento do abate pelo aparecimento de rins pálidos, firmes e alargados (Stoev et al., 2002).

A contaminação por ocratoxina A também é motivo de preocupação para a saúde humana, porque carne de porco e seus produtos derivados podem conter resíduos com potencial cancerígeno (Malagutti et al., 2005).

CLASSIFICAÇÃO

As micotoxinas podem ser classificadas de acordo com os elos que as caracterizam em polares e não-polares.

As micotoxinas polares são aquelas que possuem ligações deste tipo. Quando essas micotoxinas polares entram em contato com alguma argila, (aluminosilicatos) formam uma ligação, formando um complexo argila/micotoxina, que não é absorvível e a micotoxina é eliminada para o ambiente através das excreções dos suínos.

O segundo grupo de micotoxinas é o não-polar. Elas não possuem carga elétrica, portanto, sequestradores baseados em argila não funcionam. As paredes de levedura têm uma função melhor para bloquear essas micotoxinas.

MECANISMOS DE AÇÃO DOS ADSORVENTES NÃO-POLARES

É importante ter em mente que a eficácia das paredes de leveduras como adsorventes de micotoxinas pode variar dependendo da composição específica das micotoxinas e das leveduras utilizadas.

Além disso, as condições de processamento e as interações complexas entre os componentes do alimento ou ração também podem influenciar a capacidade de adsorção

A indústria de absorventes de micotoxinas evoluiu nos últimos anos. Atualmente existem enzimas capazes de desdobrar e transformar uma micotoxina em um produto inerte. Esse tipo de tecnologia enzimática está em ascensão e revolucionando a forma como as micotoxinas são inativadas na indústria suinícola.

Em nível in vivo deve-se fornecer as condições adequadas para que a micotoxina e o sequestrante possam aderir ou formar o complexo sequestrante/micotoxina. Uma dieta deve proporcionar os elementos fisiológicos adequados para que se desligue dessa união.

Quando uma dieta é feita para suínos, deve-se considerar o efeito que ela imprime nos movimentos intestinais, esvaziamento gástrico, variabilidade de pH e velocidade do trânsito intestinal. Tudo isso tem grande influência na adesão entre as micotoxinas e o sequestrante.

Se estes dois últimos não são encontrados por uma má modulação do trânsito gastrointestinal, o resultado será uma micotoxina ativa gerando danos. Resultados in vitro mostraram que uma modulação deficiente do sistema gastrointestinal causou uma diminuição na capacidade de absorção de um absorvente de micotoxinas.

Um ponto importante a ser considerado é a capacidade de absorção e dessorção do sequestrador. Dessorção é a capacidade que tem um sequestrante de liberar uma porcentagem de micotoxina absorvida. Um sistema gastrointestinal mal modulado pode afetar a capacidade de dessorção do sequestrador, e liberar micotoxinas.

Outro aspecto fundamental, quando se trata de micotoxinas, é evitar a produção destas durante o armazenamento. Durante esse período, se não houver medidas de contingência adequadas, o aumento de micotoxinas no silo pode ser muito forte e difícil de controlar.

Não devemos esquecer que os países da América Latina possuem condições (umidade e temperatura) propícias para uma proliferação de fungos em grãos armazenados.

PONTOS A TER EM MENTE DURANTE O ARMAZENAMENTO

Monitoramento de umidade:

Monitorar a umidade por estação (inverno, verão ou estação seca). Esta medição é muito importante, porque se ligamos o ventilador e a umidade está alta, não estamos ventilando o grão, mas entrando mais umidade para dentro. Portanto, devemos identificar a hora do dia em que a umidade relativa é mais baixa.

Temperatura do grão:

Identificar qual é a temperatura do grão durante o dia ou noite, e época do ano (inverno ou verão). Estamos tentando injetar ar para dentro do silo para diminuir a temperatura. Não se deve esquecer que uma semente é um embrião e este reage às condições ambientais a que está enfrentando.

Condensação de água:

Este é um ponto importante nos casos em que a temperatura ambiente é maior do que a temperatura interior do silo. Isso tem um efeito sobre a lâmina do teto ou as paredes do silo. Esse choque de temperaturas e a presença de umidade, propicia que a estrutura de um silo condense água.

Uma vez que a umidade condensada, o teto e as paredes vão pingar água para o grão armazenado. Importante identificar a época do ano em que esse efeito se intensifica.

Uma das medidas mais eficazes para a prevenção de crescimento de fungos no armazenamento é a aplicação de ácidos orgânicos ao grão quando está entrando na planta. A acidez impede o crescimento de fungos.

CONCLUSÕES

Artigo traduzido do original publicado em nutriNews Latam: Algunas consideraciones sobre micotoxinas en producción porcina

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