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Uso de enzimas exógenas na alimentação de ruminantes: aplicações e benefícios

Escrito por: Laís Santana Celestino Mantovani - Graduada em Zootecnia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) em 2015. Mestre em Zootecnia pelo Programa de Pós Graduação em Zootecnia (UEM). Doutora em Produção Animal pelo Programa de Pós Graduação em Zootecnia (UEM). Foi presidente da Associação Paranaense dos Estudantes de Zootecnia (APEZ) de outubro de 2011 a novembro de 2012. Desde 2015 faz parte do grupo de pesquisas PEIXEGEN/UEM atuando na área de biologia molecular, melhoramento genético e reprodução de peixes (zebrafish, carpas koi e tilápia do Nilo). Docente na Universidade UNIFATECIE - Faculdade de Tecnologia e Ciências do Norte do Paraná, ministrando as disciplinas de: Nutrição Animal, Fisiologia e Anatomia Animal, Agrostologia e Zootecnia de Ruminantes para os cursos de graduação de Engenharia Agronômica.
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Uso de enzimas exógenas na alimentação de ruminantes: aplicações e benefícios

Os ruminantes são excepcionalmente capazes de transformar matéria vegetal em carne, e este feito é de grande interesse para a produção de proteína de origem animal e para a segurança alimentar. Esse interesse vem fomentando, nas últimas décadas, diversos estudos aplicados em melhorias tecnológicas, tanto nos alimentos destinados à nutrição dos ruminantes quanto em melhoramento genético e de manejo, resultando em elevados índices de produção de proteína animal de origem bovina.

No que diz respeito aos alimentos para ruminantes, deve-se pontuar que eles são vastamente variáveis e influenciados de acordo com os objetivos zootécnicos da cadeia produtiva animal, bem como por fatores regionais relacionados a questões mercadológicas de insumos e produto final.

Esta complexidade de variáveis resulta em constante desafio aos produtores, em termos de tomada de decisão, viabilidade e lucratividade na etapa de produção, tendo que, muitas vezes efetuar possíveis alterações na composição da dieta dos animais, fazendo com que estes precisem adaptar sua fauna fermentação ruminal a cada mudança.

 

Desde 1995, houve o desenvolvimento tecnológico de enzimas exógenas para uso na bovinocultura. O uso de enzimas exógenas pode trazer benefícios para a eficiência alimentar dos animais, oferecer uma melhor conversão alimentar e melhorar o desempenho produtivo.

Além disso, a adição de enzimas exógenas na dieta animal também pode reduzir a produção de gases, pois a digestão mais eficiente dos nutrientes reduz significativamente a quantidade de metano produzido pelos animais.

À medida que os estudos foram evoluindo, a compreensão de como utilizar esse aliado tecnológico de maneira mais eficiente tem ganhado força entre os bovinocultores.

As enzimas são amplamente utilizadas na nutrição de bovinos para melhorar a digestibilidade e a utilização dos nutrientes presentes na dieta. Elas são proteínas que catalisam reações químicas específicas no trato digestivo, quebrando os nutrientes complexos em unidades menores e mais facilmente absorvíveis pelo animal.

Existem várias enzimas que podem ser adicionadas à dieta de bovinos, incluindo as amilases, proteases, lipases e celulases. Cada enzima tem uma função específica no processo de digestão e absorção de nutrientes.

As enzimas podem ser adicionadas à dieta na forma de suplementos comerciais, que são misturadas com a ração ou silagem dos animais. A adição de enzimas pode melhorar a digestibilidade de nutrientes específicos, como amido, proteína e fibra, o que pode levar a um melhor desempenho animal, aumento da produção de leite e redução dos custos de alimentação.

As enzimas fibrolíticas, como celulases e hemicelulases, são usadas na alimentação de bovinos para melhorar a digestibilidade das fibras presentes na dieta, como as fibras de celulose e hemicelulose encontradas em alimentos como o feno e a silagem.

Elas ajudam a quebrar as fibras em menores partículas, facilitando a ação dos microorganismos ruminais e a absorção dos nutrientes pelo trato digestivo do animal.

 

Esse efeito ocorre pelo auxilio das enzimas na proliferação e atividade fermentativa de microrganismos relacionados com a produção de ácidos graxos voláteis, principalmente de ácido propiônico e ácido acético, fontes de energia para o ruminante.

Estudos apontam que a adição de enzimas exógenas em dietas para ruminantes promove melhora em ganho de peso (em até 15%), assim como em melhoria da eficiência alimentar (em até 14%).

Esses benefícios se traduzem em significativo aumento na lucratividade da atividade pecuária de corte, e também vêm mostrando resultados promissores na redução de impacto ambiental da produção, uma vez que há significativa diminuição de perdas de nutrientes nas excretas e, sobretudo, na quantidade de dejetos despejados no ambiente.

Portanto, é possível aumentar a eficiência alimentar dos bovinos e reduzir os custos com alimentação, já que é possível reduzir a quantidade de alimento necessário para manter os animais saudáveis e com bom desempenho produtivo.

Além disso, as enzimas fibrolíticas também ajudam a reduzir a produção de metano pelos bovinos, o que contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa na pecuária, que segue sendo uma pauta importante dentro da produção animal.

As proteinases, também conhecidas como proteases, são enzimas que podem ser utilizadas na alimentação de bovinos para melhorar a digestibilidade das proteínas presentes na dieta, como as proteínas encontradas em alimentos como o farelo de soja, o milho e a alfafa, por exemplo.

 

Essas enzimas ajudam a quebrar as proteínas menores, facilitando a absorção dos aminoácidos pelo trato digestivo do animal.

No entanto, é importante lembrar a importância do acompanhamento nutricional por um profissional, pois o excesso de proteínas na dieta dos bovinos pode causar problemas metabólicos, como o acúmulo de amônia no organismo, o que pode levar a problemas controlados e até mesmo a óbito dos animais, além de aumentar a excreção de nitrogênio, causando perdas importantes.

As amilases são enzimas utilizadas com eficiência na alimentação de bovinos em sistema intensivo para melhorar a digestibilidade dos carboidratos presentes na dieta, como os amidos encontrados em alimentos como o milho e a cevada.

A amilase realiza a hidrólise do amido no ambiente ruminal, transformando-o em oligossacarídeos, que é estável no rúmen (pH e temperatura) e não causa redução no pH ruminal, o que beneficia o controle da acidose e melhora todo o metabolismo energético do bovino confinado.

Os oligossacarídeos podem ser usados como fonte de energia eficiente pelos microrganismos que degradam fibras – o que também é conhecido por “alimentação cruzada”.

O tempo para que a fibra seja digerida pode ser reduzido quando há mais energia disponível para os microrganismos fibrolíticos, assim, a digestibilidade geral da ração é melhorada.

Já as lipases são enzimas que atuam na digestão de lipídeos e tem participação importante no metabolismo de vitaminas lipossolúveis, sendo amplamente utilizadas na alimentação de bovinos para melhorar a absorção de energia e das vitaminas presentes na dieta.

Pudemos ao longo desta leitura, identificar vários benefícios no uso de enzimas. No entanto, é importante lembrar que a adição de enzimas na dieta de ruminantes deve ser feita com cautela e sob orientação de um profissional qualificado, zootecnista ou médico veterinário especializado em nutrição, levando em consideração fatores como a composição da dieta, a idade e a saúde dos animais.

Além disso, é importante garantir que as enzimas utilizadas sejam seguras para os animais e não apresentem riscos à saúde ou ao meio ambiente.

Referências sob consulta

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