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ROVABIO® mais que energia – frangos de corte

Escrito por: Adriana Berti Toscan - Engenheira Agrônoma pela Universidade Federal de Santa Catarina. Gerente Regional de Desenvolvimento Técnico na Adisseo
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ROVABIO® mais que energia – frangos de corte

As enzimas são proteínas globulares que atuam como catalisadores biológicos em substratos específicos, promovendo e acelerando a taxa de reações bioquímicas. Cada enzima atua em uma ligação química específica de um substrato.

São classificadas como enzimas endógenas aquelas produzidas pelo próprio animal, como por exemplo amilase, tripsina, lipase, pepsina. Por outro lado, as enzimas exógenas são aquelas adicionadas à dieta, sendo estas obtidas de fontes como fungos, leveduras ou bactérias, como por exemplo xilanase, β-glucanase e fitase (Ravindran, 2013).

O uso de enzimas exógenas na ração de frangos de corte em todo o mundo é uma realidade e tem contribuído para melhorar a eficiência alimentar e reduzir custo de produção.

Mesmo em dietas à base de milho e soja, considerados de alta digestibilidade, há espaço para melhorar a digestibilidade dos nutrientes.

Os principais mecanismos de ação das enzimas na alimentação animal são:

Apesar dessas ações reconhecidas, há dificuldades em valorizar o potencial das enzimas, uma vez que a ação individual das enzimas em testes isolados não representa o efeito potencial das combinações enzimáticas.

Para isso, precisamos conhecer os substratos, as enzimas e os efeitos combinados, isto é o conceito FEEDASE.

SUBSTRATOS PARA AS ENZIMAS

Cerca de 20-30% do alimento não é utilizado pelas aves devido à presença de fatores antinutricionais como os fitatos e polissacarídeos não amiláceos (PNAs), constituindo a fração indigestível do alimento. Esses fatores antinutricionais terão um efeito negativo sobre a digestibilidade, o consumo de ração e, portanto, sobre o desempenho animal.

FITATOS

Os fitatos consistem em um anel de Inositol com 6 moléculas de fosfato (mio-inositol hexafosfato – IP6). Estão naturalmente presente nas plantas, com a função de armazenar fósforo para futura germinação das sementes.

Até 80% do fósforo total dos ingredientes vegetais podem estar armazenados como fitato, sendo este o fósforo fítico. O nível de fósforo fítico pode variar entre os diferentes ingredientes, assim como dentro de um mesmo ingrediente, como demonstrado pela análise de 40.000 amostras de diferentes ingredientes (Gráfico 1).

Gráfico 1. Fósforo fítico avaliado em 40.000 amostras de diferentes ingredientes pela curva NIRS PNE da Adisseo (Dados CERN, 2021).

O fósforo desempenha um papel fundamental para os animais, mas na forma de fósforo fítico não é completamente disponível para os mesmos, sendo necessária a atividade da enzima fitase para a liberação deste fósforo.

Adicionalmente, o fitato exerce um forte efeito antinutritivo, interagindo com minerais e proteínas nas dietas, deixando-os indisponíveis para digestão. Da mesma forma, o fitato pode inibir a atividade de enzimas digestivas endógenas dentro do trato gastrointestinal, como a pepsina, α-amilase e tripsina.

PNAs

Os PNAs são parte natural da parede celular de cereais e leguminosas, sendo constituídos por redes complexas formadas principalmente por celulose, hemicelulose e polissacarídeos pécticos. Dependendo de sua solubilidade e composição, os PNAs apresentam distintos efeitos sobre a digestibilidade dos alimentos e nos animais.

Os PNAs solúveis aumentam a viscosidade no intestino, enquanto os insolúveis aprisionam os nutrientes (efeito jaula), ambos reduzindo a ação das enzimas endógenas e absorção dos nutrientes. Dentre os nutrientes aprisionados podemos destacar as proteínas e amido, tendo um impacto direto na digestibilidade de nitrogênio e na energia metabolizável aparente para aves.

 

As proteínas dos vegetais são altamente interligadas com componentes estruturais celulares (Figura 1), estando indisponíveis entre 5 e 20%.

Figura 1. Interações entre a proteína e os componentes da parede celular

A composição dos PNAs é diferente entre os ingredientes, necessitando de grupos enzimáticos distintos para sua degradação (Tabela 1). Os arabinoxilanos (AXs) são os principais PNAs da parede celular de cereais, podendo ser mais ou menos ramificados, como os AXs do milho que são duas vezes mais ramificados que do trigo. Por isso a importância de enzimas desramificadoras.

Tabela 1. Composição dos PNAs nos principais ingredientes vegetais e enzimas específicas necessárias (Bach Knudsen, 2014).

CONCEITO FEEDASE

A utilização de um complexo enzimático interagindo com os substratos dos ingredientes, para a melhoria global da digestibilidade da ração, especialmente da energia, aminoácidos e minerais, é conhecido como conceito FEEDASE.

Para a obtenção de um maior efeito FEEDASE na dieta é necessária a presença, além das xilanases e fitases, de enzimas desramificadoras, sendo as Arabinofuranosidades (ABFs) uma das mais importantes.

As ABFs atuam liberando as arabinoses presentes nos AXs, permitindo o maior acesso das xilanases ao esqueleto da xilose. Esse efeito sinérgico destas enzimas, resulta na ruptura mais eficiente deste PNA, expondo os nutrientes à ação de enzimas endógenas, não apenas melhorando o aproveitamento energético do alimento, mas também de aminoácidos, lipídios e minerais (Figura 2). Por isso, o Rovabio ® Advance possui uma matriz consistente e confiável, incluindo energia, aminoácidos e minerais.

Figura 2. Enzimas desramificadoras importantes para a degradação de arabinoxilanos

A definição de uma matriz nutricional, quando diferentes enzimas são utilizadas na ração, é um desafio para os nutricionistas. Uma das vantagens da multienzima Rovabio ® Advance são seus experimentos in vivo e in vitro de digestibilidade e desempenho, que consideram os efeitos enzimáticos combinados.

O grande número e consistência desses experimentos permitem uma maior predição da matriz nutricional para energia, aminoácidos e minerais, de acordo com os substratos, através de uma ferramenta oferecida aos clientes (www.Predictor.Adisseo.com). A composição dos ingredientes analisados pelo NIR-PNE, incluindo fatores antinutricionais (fitato e PNAs), contribuem para a precisão desses cálculos.

 

COMPROVAÇÕES CIENTÍFICAS EM FRANGOS DE CORTE

Testes de digestibilidade com Rovabio ® Advance em frangos de corte comprovam a melhoria da energia metabolizável aparente e da digestibilidade de aminoácidos em dietas de milho e farelo de soja, como demonstrado em um compilado de experimentos feitos pela Adisseo (Gráfico 2).

Gráfico 2. Melhora na energia metabolizável aparente e no coeficiente de digestibilidade de aminoácidos com Rovabio ® Advance em dietas de frango de corte em diferentes experimentos (Dados internos, Adisseo).

Outro estudo feito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul comprova que o Rovabio ® Advance foi eficiente em liberar energia e aminoácidos dos ingredientes vegetais, em dieta de milho e farelo de soja, uma vez que recuperou a conversão alimentar de frango de corte quando adicionado à uma dieta com redução de até 120 kcal/kg e 3% de aminoácidos digestíveis (Rios, 2015; Gráfico 3).

Gráfico 3. Efeito de Rovabio ® Advance na conversão alimentar em dietas de frango de corte.

O uso de combinações enzimáticas também deve incluir as fitases. Há mais de 20 anos a Adisseo tem trabalhado nestas combinações. Quando Rovabio ® Advance é combinado com fitase a 1000 FTU, demonstra-se uma melhora significativa não apenas em energia metabolizável e digestibilidade de Ca e P, mas também na digestibilidade dos aminoácidos.

Estudo realizado na Universidade Federal de Santa Maria- RS comprovou que Rovabio ® Advance Phy, com 1000 FTU de fitase, reestabeleceu o desempenho de frangos de corte aos 42 dias de idade, quando alimentados com dietas de milho e farelo de soja com redução de 150 Kcal/kg de energia metabolizável, 5% de aminoácidos digestíveis, 0,17 pp de fósforo disponível, 0,16 pp de cálcio e 0,03 pp de sódio (Godoy et al., 2020; Gráfico 4).

Nesta pesquisa, o uso de Rovabio ® Advance Phy melhorou a digestibilidade aos 21 dias de idade da matéria seca, proteína bruta, fibra detergente neutra, fósforo, cálcio e aminoácidos.

Gráfico 4. Desempenho e coeficiente de digestibilidade de frangos de corte alimentados com Rovabio ® Advance Phy.

Estes dados estão consistentes com os resultados encontrados por Jlali et al., 2021, também utilizando Rovabio ® Advance Phy em dietas de milho e farelo de soja (Gráfico 5).

Gráfico 5. Aumento da digestibilidade ileal aparente de aminoácidos aos 22 dias de idade em frango de corte com o uso de Rovabio ® Advance Phy (Dados internos Adisseo, C17-512).

IMPLICAÇÕES

Conhecer a fração indigestível do alimento permite entender seus efeitos antinutricionais e estimar mais precisamente a ação das enzimas exógenas.

O conceito de FEEDASE mostra os benefícios da ação simultânea de enzimas como ABFs, Xilanases, β-glucanase e fitase em um substrato complexo, melhorando a digestibilidade global do alimento.

Esta melhora é observada não somente em relação à energia, mas também em relação a digestibilidade de proteínas, seus aminoácidos e demais nutrientes.

 

A aplicação do conceito FEEDASE proporciona um melhor aproveitamento dos ingredientes, assim como benefícios econômicos, tanto no custo da ração, quanto na produtividade de frangos de corte.

Referências bibliográficas sob consulta.

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