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Consórcio com leguminosas emite menos óxido nitroso que pasto adubado

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Consórcio de braquiária com leguminosa emite menos óxido nitroso que pasto adubado com nitrogênio

Experimento conduzido por pesquisadores do Instituto Agronômico e da Embrapa Meio Ambiente, no Instituto de Zootecnia, em Nova Odessa, SP, em três condições de pasto mostrou que pasto exclusivo com braquiária e sem suplementação proteica emitiu valores acumulados de óxido nitroso superiores aos valores verificados em outras condições de pastejo.

O estudo comparou pasto exclusivo de braquiária, sem suplementação proteica aos animais, com pasto exclusivo de braquiária com suplementação proteica aos animais, com pastagem consorciada de braquiária mais leguminosa e com pastagem exclusiva de braquiária adubada com 60 kg/ha de nitrato de amônio,

As reduções de emissão foram, respectivamente, da ordem de 21% e 50% na comparação com o pasto exclusivo de braquiária fertilizada com nitrogênio, mas sem o uso de complementação proteica aos animais. Porém, mesmo considerando esse tratamento com maior emissão de óxido nitroso, os valores foram cerca de dez vezes menores do que o limite estabelecido como aceitável em guias do IPCC para elaboração de inventários de emissão de gases de efeito estufa ou realização de estudos com análise de ciclo de vida (ACV).

Isso, num primeiro momento, acredita Larissa Vaso, em seu estudo pelo IAC, pareceu contraditório à entrada de nitrogênio no sistema e teores quantificados de nitrato e amônio no solo, geralmente relacionados aos processos biológicos no solo que geram o óxido nitroso.

No entanto, continua Vaso, “com a suplementação proteica aos animais, bem como o uso de consórcio de braquiária e leguminosa, houve estímulo para a produção de biomassa pelo pasto, que reduziu a disponibilidade de nitrogênio no solo para ser emitido como óxido nitroso. Adicionalmente, o pasto mais produtivo nos tratamentos com suplementação proteica ou consórcio braquiária – leguminosa promoveram menor umidade no solo durante todo o período de avaliação, o que também ajuda a explicar as menores emissões de óxido nitroso nesses tratamentos”.

As emissões de óxido nitroso associadas à adubação nitrogenada em pastagem de braquiária são menores que o nível de emissões tolerado pelo IPCC, sugerindo que essa prática para a recuperação da produtividade dos pastos possui um impacto positivo maior do que o imaginado, uma vez que o balanço de carbono a partir do solo será ainda mais favorável. O sistema consorciado de gramínea e leguminosa, mostrou redução adicional de 50% na emissão de óxido nitroso em relação ao valor da fertilização nitrogenada.

Dentre opções para a mitigação da emissão de gases de efeito estufa pelo setor agropecuário, destacam-se tecnologias de adubação nitrogenada que resultem em menores emissões de óxido nitroso para a atmosfera e estimulem a produção de biomassa para aumentar o carbono do solo. Nesse sentido, o uso de leguminosas em consórcio com a braquiária para recuperar a capacidade produtiva dos pastos extensivos surge como alternativa promissora. Além disso, há o impacto da leguminosa na oferta de forragem de qualidade ao animal em pastejo.

Para o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Cristiano Andrade, os resultados contribuem para colocar a pecuária nacional como importante aliada no desafio contra o aquecimento global e em favor de uma produção mais eficiente e sustentável.

“Outra novidade do estudo”, conta Andrade, “foi o monitoramento do metano emitido via solo, que apareceu com valores negativos por diversos períodos durante a avaliação, principalmente nos tratamentos que receberam nitrogênio via adubação ou por meio do consórcio com a leguminosa. O tratamento com a leguminosa resultou em emissão praticamente zero de metano a partir do solo, demonstrando que também para esse gás do efeito estufa o consórcio é uma excelente opção de mitigação”.

Os tratamentos representam alternativas à intensificação sustentável da pecuária, na medida em que ofertam maior massa de forrageira, baixos valores de emissão de óxido nitroso e devem incorporar mais carbono no solo. De fato, a fertilização nitrogenada sem excessos, bem como o uso de espécies em consórcio na pastagem aumentam a produção de massa vegetal, levando a maior entrada de carbono no solo, que também deve contribuir para abater as emissões do próprio setor.

Metas

O setor agropecuário nacional responde por cerca de 1/3 das emissões de gases de efeito estufa do país, sendo os subsetores fermentação entérica e solos manejados responsáveis por 87% do total emitido. Num cenário de intensificação da pecuária, com especial atenção às boas práticas agrícolas para aumento da oferta e qualidade da forragem, torna-se fundamental conhecer as emissões desses gases a partir do sistema solo-planta, além do animal.

O manejo sustentável de pastagens tem grande potencial para mitigação das emissões, tendo em vista a extensa área ocupada com esse uso no Brasil. São aproximadamente 180 milhões de hectares e estima-se que 70% estejam em algum nível de degradação, o que demanda a adoção de práticas de recuperação.

O uso de fertilizante nitrogenado mineral carrega as emissões associadas à sua produção, como resultados de um processo de alta energia as custas de combustível fóssil. Além disso, a sua aplicação no solo aumenta a emissão de óxido nitroso para a atmosfera. Sabe-se, no entanto, que para diversas culturas no Brasil essas emissões são mais baixas, muitas vezes menos da metade do valor indicado pelo IPCC.

Alternativamente ao uso da fertilização nitrogenada para a recuperação da capacidade produtiva das pastagens no Brasil, o uso de leguminosas em consórcio com a forrageira é uma opção. A leguminosa pode aportar suficiente nitrogênio no sistema, permitindo intensificação da produção, além de resultar em menores emissões de óxido nitroso por unidade de produto, uma vez que substitui a fonte mineral.

Além disso, o manejo da leguminosa consorciada com uma forrageira também tem potencial para melhorar a nutrição animal, melhorando aspectos de ganho de peso, e reduzindo, também, a emissão de metano pelo gado.

Fonte: Embrapa

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