A indústria de alimentos para pets busca por ingredientes que tornem o produto lucrativo, acessível e de excelente qualidade nutricional. Por conta disso, o DDGS (resíduo seco de destilaria com solúveis) pode ser uma ótima alternativa, pois este coproduto da extração do milho está aliado ao baixo custo. Sua composição nutricional apresenta alto teor de proteínas e fibras.
A presença de animais de companhia dentro dos lares cresceu com a domesticação. Por conta disso, a demanda por estudos relacionados à nutrição de cães também aumentou. O crescimento e a competitividade do mercado de alimentos para pets impulsionou a procura por ingredientes alternativos, visando substituir os ingredientes comumente utilizados na alimentação humana, reduzindo a competitividade e barateando os custos de produção.
O DDGS é utilizado como ingrediente pela indústria por conta da semelhança com as propriedades físicas de outros ingredientes secos e matérias-primas à base de milho. Possui qualidade tanto na energia digestível quanto na metabolizável, podendo apresentar valores iguais ou maiores que as do milho. Possui alta disponibilidade de macronutrientes e micronutrientes, o que favorece sua inclusão na nutrição animal.
O DDGS é um coproduto proveniente da extração do milho para a fabricação do etanol. Desta forma, o grão de milho é convertido em etanol por dois processos de moagem. Na moagem úmida, a semente de milho é fracionada em componentes primários, como amido, gérmen e fibra, gerando coprodutos variados.
A moagem seca é composta por seis etapas, primeiramente ocorre a moagem. Após esse processo a água é adicionada como fator essencial para o cozimento. Posteriormente, as enzimas (α- amilase) são adicionados para hidrolisar o amido em glicose. Na etapa seguinte ocorre a fermentação, onde os açúcares são convertidos em álcool. A etapa final é composta pela destilação, que realiza a retirada da água, resultando na produção do etanol puro. Os resíduos desse processamento são centrifugados e separados em frações: líquido, conhecido como vinhaça e utilizado como adubo orgânico, óleo de milho e o DDGS.
O DDGS tem como característica em sua composição química alto teor de proteína bruta (30,9%) e fibra bruta (7,2%), sendo a maior parte desta insolúvel. No entanto, essa composição pode variar, pois depende da qualidade do milho utilizado nas indústrias de produção de etanol e das condições do processamento, como as diferenças no tempo e temperatura de secagem. Além disso, o DDGS possui alto teor de fibra em detergente neutro (FDN) em relação à fibra em detergente ácido (FDA), caracterizando-se como um coproduto com alta concentração de hemicelulose.
As fibras insolúveis são definidas como polissacarídeos não amiláceos insolúveis em água. Em geral, são pouco fermentáveis pela microbiota intestinal, não viscosas, e eliminadas praticamente na sua forma intacta. Retendo água, elas aumentam a massa e o peso das fezes, dando consistência ao bolo fecal e estimulando o peristaltismo intestinal. Por conta da consistência, elas tendem a diminuir o tempo de trânsito necessário para proporcionar o funcionamento adequado do trato gastrointestinal. Desta forma, elas são fundamentais na nutrição de cães, em especial os obesos, pois as fibras insolúveis ajudam a melhorar a motilidade intestinal e regularizar o esvaziamento gástrico.
Em pesquisas realizadas com cães, os autores relataram que a inclusão de 25% de DDGS seria a mais recomendada para cães adultos em manutenção, por conta do alto valor de fibra bruta (FB), beneficiando a saúde do trato gastrintestinal (TGI) e a manutenção do peso. Em estudo realizado com cães filhotes, verificou-se que inclusão de até 10% de DDGS gerou uma alta aceitabilidade do alimento pelos animais, havendo maior consumo de ração e ganho de peso.
Portanto, este ingrediente é um candidato na inclusão de dietas para animais de companhia. Afinal, sua composição nutricional é interessante na alimentação dos cães. No entanto, a inclusão desse coproduto do milho na nutrição dos pets deve ser cautelosa, visto que pode apresentar micotoxinas e contaminações com tricotenos, zearalenona, fumonisina e aflatoxina, que podem causar intoxicações e problemas de saúde nos cães.
Para saber mais sobre assuntos de nutrição e alimentação de cães e gatos, siga o Instagram da autora: @juliananutripet
SILVA, J. R. USO DE RESÍDUO SECO DE DESTILARIA CONTENDO SOLÚVEIS (DDGS), COM E SEM XILANASE, NA ALIMENTAÇÃO DE CÃES. Juliana Regina da Silva. Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias- Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2015.
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