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12 Sep 2019

Estudo conclui que tilápias crescem mais alimentadas com 32% de proteína

Tilápias (Oreochromis niloticus) alimentadas com ração com teor de 32% de proteínas apresentam melhor desempenho zootécnico em tanques-rede. Essa foi uma das conclusões da pesquisa feita por cientistas da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta) e da Embrapa Meio Ambiente (SP), que observaram que esse percentual de proteína bruta favorece o desenvolvimento dos peixes, fazendo-os crescer mais e com maior velocidade. O estudo ainda confirmou que a espécie tem melhor performance em ambientes a 28ºC.
Celia Scorvo/Apta - Teor de proteína e temperatura ideais melhoram desempenho do peixeFoto: Celia Scorvo/Apta
O trabalho avaliou o desempenho zootécnico de tilápias alimentadas com rações comercias, contendo diferentes níveis de proteína bruta, para avaliar o melhor teor para criações em tanques-rede em represas rurais. O experimento teve duração de 227 dias e foi realizado em 12 tanques-rede estocados com 125 peixes/m3, instalados no Polo Regional do Leste Paulista, em Monte Alegre do Sul (SP), com três tratamentos e quatro repetições.

Produção em crescimento

A tilápia é o peixe de água doce mais cultivado e comercializado no Brasil. A produção brasileira foi de 357.639 toneladas em 2017, número que posicionou o País no quarto lugar da produção mundial, atrás da China, Indonésia e Egito

Fonte: PeixeBR 2019

O estudo demonstrou diferença no peso médio dos peixes alimentados com ração contendo 28% de proteína bruta, comparado aos peixes alimentados com 32% e 36%, evidenciando que a melhor taxa de eficiência proteica foi obtida na ração com 32%, o que a tornou indicada como o melhor nível proteico para a fase de crescimento.


Teor de proteína e temperatura ideais melhoram desempenho do peixe
Um dos autores do trabalho, o pesquisador da Embrapa Júlio Queiroz, ressalta a importância dos resultados, já que são poucos os dados disponíveis sobre os teores ideais para a produção de tilápias em represas rurais em tanques-rede. Nesse sistema, os animais são criados em ambientes onde a temperatura da água está sujeita a grandes variações durante o ciclo produtivo dos peixes, como no caso da região onde foi realizada a pesquisa.
Os peixes são animais pecilotérmicos, que não dispõem de um mecanismo interno que regule a temperatura do seu corpo. Por esse motivo, conhecer os melhores índices proteicos e a melhor temperatura da água é importante na piscicultura, pois são parâmetros que influenciam diretamente em processos fisiológicos para o bom desenvolvimento dos peixes, ” explica Queiroz.
O pesquisador da Embrapa Marcos Losekann ressalta que essas variações de temperatura influenciam o metabolismo e, consequentemente, também afetam o consumo de ração, principalmente em locais como o município de Monte Alegre do Sul, onde essas mudanças de temperatura da água são mais acentuadas, conforme as estações do ano.

A ração representa entre 40% e 60% dos custos totais envolvidos na piscicultura

 

“ Afetados pelas variações na temperatura da água fora da faixa de conforto, os peixes respondem mudando hábitos alimentares, comportamentais e de mobilidade para se adequar às variações, sejam elas de frio ou calor. Na piscicultura, o produtor deve estar atento e dispor de informações adequadas para o melhor planejamento do manejo alimentar para obter melhor desempenho e, consequentemente, melhor renda”, recomenda Losekann.

Consumo de ração cai nos meses frios

Foram observados valores mínimos de temperatura da água a até 14ºC fora da faixa de conforto térmico nos meses de junho e julho e, como efeito, observou-se que o consumo de ração foi drasticamente reduzido. Além disso, o crescimento dos peixes com a temperatura da água em torno de 28ºC foi bem melhor.
De acordo com Célia Scorvo, pesquisadora da Apta, os dados obtidos podem subsidiar o produtor na escolha de locais de produção onde não ocorram grandes variações na temperatura da água. Além disso, é recomendável o uso de ração com teores de 32% de proteína bruta e a instalação de criações em locais que sofrem menores variações de temperatura. Combinadas, essas duas práticas podem proporcionar melhor desempenho das tilápias, o que significa maior ganho de peso, maior biomassa e, consequentemente, mais lucro ao produtor.
Verificamos que não ocorreu mortalidade nas temperaturas mais baixas, apenas diminuiu o consumo de ração. Outra informação importante é que em regiões com grandes variações de temperatura (mais frias), o ciclo de produção da tilápia é mais longo ” diz Scorvo.
Os pesquisadores constataram que os níveis de proteína bruta das rações utilizadas não tiveram influência sobre a conversão alimentar (quantidade de alimento que se converte em peso no animal). No entanto, a ração com 32% de proteína bruta apresentou melhor eficiência proteica, que é um método biológico que avalia o ganho de peso em função da quantidade de proteína consumida pelo animal.

Foto: Tomas May
Represas rurais para produzir tilápias
Muito comum nas propriedades rurais brasileiras, as barragens e açudes são estruturas de terra, construídas geralmente próximas ao fluxo de um curso d’água, para criar um reservatório com a finalidade de armazenar água para irrigação e dessedentação de rebanhos.

Essas represas são uma boa opção para produção de peixes em tanques-rede na propriedade, pois permitem o aproveitamento das estruturas já existentes e que podem ser revertidas para a piscicultura. A partir de represas ou açudes, o produtor familiar, poderá, com o uso de boas informações tecnológicas, desenvolver mais uma fonte de renda em sua propriedade e diversificar a produção. Dados atuais indicam uma produção máxima de 80 quilos de tilápia por metro cúbico, alcançados em regiões com grande fluxo de água.

Agência Embrapa de Notícias/ Foto abre: Gabriel Pupo Nogueira

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