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Farinha de resíduo de camarão para frangos de corte

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Arele Arlindo Calderano

Arele Arlindo Calderano

Camilla Mendonça Silva Doutora em Ciência Animal na Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.

Camilla Mendonça Silva

Claudson Oliveira Brito Doutor em Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa

Claudson Oliveira Brito
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Farinha de resíduo de camarão para frangos de corte

Introdução

A utilização de alimentos alternativos ao milho e farelo de soja em rações destinadas à avicultura e suinocultura tem como objetivos finais a diminuição do custo da formulação, a manutenção ou melhoria do desempenho animal e, em muitos casos, a redução de impactos ambientais.
O primeiro passo para utilização de alimentos alternativos é conhecer sua disponibilidade no mercado, sua composição nutricional e energética, a existência de substâncias que possam comprometer o desempenho animal, a digestibilidade dos nutrientes (principalmente aminoácidos), bem como o nível de inclusão capaz de promover o ganho animal.
Dentre os alimentos alternativos existentes, destaca-se, próximo às regiões litorâneas, o subproduto gerado pela produção ou pesca do camarão, conhecido como farinha de cabeça de camarão ou farinha do resíduo de camarão. Este subproduto surge após o processamento para a retirada do filé de camarão, sobrando cabeça, casca e calda (Figura 1).

Experimentação


Em um dos trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelo NEAAVI (Núcleo de Estudos Avançados em Avicultura) foi realizada a caracterização do processo de secagem e a composição nutricional da farinha de resíduo de camarão proveniente da pesca extrativista, bem como estimada a sua energia metabolizável.
Para tal, foi desenvolvida uma plataforma de alumínio de secagem ao sol, com área total de 15 m² e capacidade de secagem de 400 kg do resíduo de camarão. Para proteger as amostras contra insetos e permitir uma ótima ventilação e a passagem de luz solar foi utilizada uma estrutura produzida em cano de PVC (6 x 4 m), coberta com tela plástica com malha 6 x 6 mm e diâmetro de fio de 0,25 mm, semelhante a uma estufa (Figura 2).

A temperatura interna da estufa ficou entre 25 e 47,3ºC e a umidade relativa do ar entre 50,2 e 93,7%, o que possibilitou a secagem do resíduo em torno de 55 horas. Após a secagem, o resíduo composto por 76% de cabeça (encefalotórax) e 26% de casca (exoesqueleto) apresentou um rendimento de matéria seca (MS) de 23%.
Posteriormente foi moído para manter as partículas em 1mm, sendo chamado de farinha de resíduo de camarão (FRC; Tabela 1).

Com as informações nutricionais da FRC, foram avaliados os impactos da inclusão de 0; 50; 100; 150 e 200g/kg de ração para frangos de corte, visando determinar a digestibilidade dos nutrientes e a disponibilidade de energia metabolizável.
O maior (73%) e menor (70,8%) coeficiente de digestibilidade MS foram observados com a inclusão de 100 e 200 g/kg da FRC, respectivamente (Gráfico 1).[registrados]

As mudanças observadas na digestibilidade da MS estão relacionadas ao consumo de ração, que diminuiu na inclusão de 150 e 200 g/kg da FRC. No entanto, a digestibilidade do nitrogênio aumentou linearmente com a inclusão da FRC.
Foi observada diminuição linear da energia metabolizável das dietas com inclusões crescentes da FRC (Gráfico 2). O declínio de energia, que acompanhou a menor utilização de MS, pode estar relacionada como o aumento da matéria mineral (MM) nas dietas ou com o desequilíbrio nas relações entre os minerais.
De acordo com Shafey (1993) e Adedokun e Adeola (2013), a interação entre os nutrientes da dieta influencia a disponibilidade de energia, bem como o desequilíbrio entre cálcio e fósforo afeta a eficiência alimentar.
No presente trabalho, a inclusão de 50, 100, 150, e 200 g/kg da FRC resultou numa relação de Ca:P de 2,8:1; 3,3:1; 3,7:1 e 3,95:1, respectivamente, e isso pode ter influenciado a utilização da energia da dieta pelas aves.

Embora estudos mostrem que a quitina, um N-acetilquitooligossacarídeo existente no exoesqueleto do camarão seja o responsável pela redução de utilização de nutrientes (Gernat, 2001; Khempaka et al., 2006), há relatos que a quitosana, uma quitina desacetilada:
melhora o desempenho
melhora a retenção de nitrogênio e a digestibilidade da matéria orgânica
estimula a proliferação de microrganismos benéficos
inibe microrganismos prejudiciais, ou protege a mucosa do estômago (Shi et al., 2005; Swiatkiewicz, et al., 2015).
Assim, no presente estudo, acreditamos que a MM é o componente que prejudicou a digestibilidade das dietas, e não a quitina.
A concentração de quitina não foi analisada em nosso estudo. Mas, com base na literatura, o resíduo de camarão normalmente apresenta de 110 a 240 g/kg (Manni et al., 2010; Benhabiles et al., 2012). Considerando que a concentração média de quitina seja de 170 g/kg, os níveis de inclusão da FRC de 50, 100, 150 e 200 g/kg resultariam em 8,5, 17, 25,5 e 34 g/kg de quitina, respectivamente.
As aves são capazes de digerir aproximadamente 90% da quitosana e quitina (Hirano et al., 1990), sendo o estômago o local de maior digestibilidade, especialmente devido à expressão de mRNA da quitinase ácida a qual aumenta com o consumo de quitina (Tabata et al., 2018).
Isso confirma que o uso de quitina em até 28 g/kg não reduz a digestibilidade ou desempenho dos frangos, como foi observado por Khempaka et al. (2012). No presente estudo foi realizada uma análise de regressão que permitiu estimar a energia metabolizável por quilograma da FRC em 1307 kcal.

A metabolizabilidade da energia pode ser afetada pela idade das aves, composição química e nível de inclusão do ingrediente teste, entre outros fatores (Soares et al., 2005; Bryden e Li, 2010).
Por este motivo, é importante conhecer os conteúdos químicos e energéticos dos alimentos, considerando que os produtos de origem animal são pouco padronizados (Gomes et al., 2007).

Também foi observada redução significativa na digestibilidade ileal de PB e MS com o uso de 150 g/kg da FRC, reafirmando que interação entre nutrientes pode impactar a digestão e absorção (Proszkowiec-Weglarz e Angel, 2013; Akter et al., 2019), indicando a necessidade do nível apropriado de inclusão.
A digestibilidade média de aminoácidos foi de 67,4; 74,8 e 66,7% nos níveis de 50, 100 e 150 g/kg de FRC. Lisina, metionina e fenilalanina (aminoácidos essenciais) e ácido glutâmico, ácido aspártico e alanina (não essenciais), apresentaram os maiores coeficientes de digestibilidade ileal, enquanto treonina e glicina apresentaram os valores mais baixos.

Conclusões

A FRC possui características nutricionais desejáveis, podendo ser utilizada em dietas para frangos de corte. Sugerimos o nível de inclusão de 100 g/kg de dieta ou 10% para alcançar a melhor digestibilidade de nutrientes e metabolizabilidade da energia (1.307 kcal de EM/kg com base na MS).

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O artigo na íntegra está disponível em
https://doi.org/10.1016/j.anifeedsci.2020.114467.[/registrados]

Nuproxa 07-2023
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