Bem Estar

Influência do sistema compost barn na nutrição, produção e qualidade do leite

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Flávio Alves Damasceno

Professor e Pesquisador em Compost Barn – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Flávio Alves Damasceno

Gustavo Ferreira Almeida

Nutricionista de bovinos leiteiros na Gadileite
Gustavo Ferreira Almeida

Influência do sistema compost barn na nutrição, produção e qualidade do leite

Todos os sistemas de confinamento para bovinos leiteiros visam melhorar o conforto para os animais, de modo que esses possam expressar seu comportamento natural, mantendo a higiene e a saúde, e, geralmente, melhorando as condições de vida dos animais em lactação e a situação financeira do produtor. Dentre os sistemas de confinamento empregados na atividade leiteira, tem se destacado o Compost Barn (CB).

A instalação do CB é um sistema relativamente novo no mundo, que vem se tornando cada vez mais popular em países da América do Sul, principalmente no Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Esse sistema já foi construído e operado com sucesso por algum tempo em Israel e EUA. Algumas das descobertas científicas atualmente disponíveis sobre esse tipo de sistema de criação animal vêm dos EUA, especialmente dos estados de Minnesota e Kentucky.

Trata-se de um modelo de confinamento em que os animais permanecem soltos em uma grande área coberta com cama de material orgânico, estando livres para se movimentarem e expressarem seu comportamento de modo mais natural.

Normalmente, o sistema CB é composto por duas regiões principais:
área de descanso com cama
pista de alimentação com piso de concreto frisado.

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Em algumas instalações, também pode conter o corredor de serviço que auxilia na condução dos animais para a sala de ordenha. Na área de cama, diferentes tipos de materiais orgânicos têm sido usados como fonte de carbono, tais como:
maravalha e serragem de madeira
casca de amendoim
casca de café
palha de trigo
palha de soja
palha de arroz

No entanto, notadamente para regiões de pouca oferta, ou em épocas de escassez de material, outros materiais orgânicos têm sido utilizados com êxito. Em alguns casos, tem se observado a utilização de serragem com solo, não tendo neste caso, nenhuma comprovação de eficácia. Nesse sistema, fezes e urina são depositadas e incorporadas ao material orgânico presente na área da cama.

A incorporação dos dejetos dos animais ocorre durante o revolvimento do material de cama, utilizando um implemento (subsolador, enxada rotativa, etc.) acoplado ao trator.

O revolvimento do material da cama deve ocorrer pelo menos duas vezes por dia quando as vacas estão sendo ordenhadas.

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Entretanto, em algumas situações por falta de mão-de-obra, antes do revolvimento da cama, produtores prendem as vacas no corredor de alimentação. Este processo é realizado com os objetivos de descompactar o material da superfície, promover a mistura de cama e dejeto, aumentar a porosidade (espaço de vazios) e elevar as concentrações de oxigênio no interior do material da cama.

Caso o revolvimento não seja realizado com frequência e maneira adequadas, ocorrerá a compactação da cama, diminuindo a disponibilidade de oxigênio aos microrganismos decompositores e reduzindo a velocidade de degradação do material.

O fornecimento de oxigênio é essencial para que o processo de decomposição aeróbia do material de cama ocorra de forma satisfatória e a sua demanda é crescente com o aumento da velocidade de degradação.

 

NUTRIÇÃO DE VACAS LEITEIRAS EM SISTEMA COMPOST BARN

O sistema de confinamento para as vacas leiteiras deve possibilitar uma melhor condição de conforto térmico e uma maior flexibilidade dos produtores em trabalhar com lotes de animais do mesmo estágio fisiológico.

Dentre os sistemas de confinamento, o CB tem apresentado melhores condições de bem-estar e maior flexibilidade em trabalhar com números de lotes em que os animais estejam no mesmo momento fisiológico.

A maioria das raças especializadas para maiores produções de leite de origem europeia são mais sensíveis ao estresse térmico, situação comum no Brasil por ser um país de clima tropical. Vacas leiteiras com alta produção precisam de condições para que possam expressar todo seu potencial genético, tais como:
um ambiente com adequado conforto
que possibilite a ingestão de água e alimentos
camas confortáveis que aumentem o tempo de repouso
instalações que permitam boas condições de conforto térmico

 

Além disso, estratégias nutricionais devem estar bem alinhadas para evitar desordens metabólicas, principalmente no período de transição que poderá refletir em toda a lactação do animal.

 

O estresse por calor vai dar início a mudanças metabólicas e comportamentais no rebanho. Na prática, tem-se observado que em condição de desconforto térmico, as vacas diminuem o consumo de matéria seca e ficam mais tempo em pé, aumentando sua frequência respiratória na tentativa de dissipação de calor corporal para o ambiente.

Toda essa condição irá resultar no maior gasto energético durante esse intervalo de menor consumo de matéria seca, resultando na menor produção de leite, afetando diretamente a saúde dos animais. Outro fator comportamental dos animais que aumenta durante o estresse térmico é a seleção dos alimentos no cocho, que pode ser fator de risco para acidose dos animais e queda dos teores de sólidos no leite.

Além disto, se as vacas em lactação não ficarem deitadas pelo menos 12 horas/dia, acarretará também a diminuição da produção, ou seja, a cada hora a mais de descanso, as vacas irão produzir 1,6 litros de leite/dia.

As vacas leiteiras têm exigências nutricionais para sua manutenção e produção, mas essas exigências variam, dependendo do estado fisiológico em que se encontram. Durante o período de transição, 21 dias antes do parto e 21 dias pós-parto, a demanda de nutrientes estará direcionada, principalmente, para:
crescimento do feto
preparação da glândula mamária nos últimos dias da gestação
produção do colostro e,
posteriormente ao parto, a síntese do leite.

 

Uma das características importantes durante o período de transição é o comportamento ingestivo das vacas, já que as mudanças físicas, comportamentais, ambientais, fisiológicas e metabólicas do animal vão ter grande influência no desempenho. A cada 1 litro de leite a mais durante o pico de lactação será responsável por 200 litros de leite a mais durante a lactação. Lembrando que a máxima ingestão de alimentos pelos animais só ocorre quando a vaca tem tempo para realizar as suas refeições.

 

PRODUÇÃO DE VACAS LEITEIRAS EM SISTEMA COMPOST BARN




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