Novas Perspectivas no Controle de Micotoxinas

31 Jul 2024

Novas Perspectivas no Controle de Micotoxinas

Novas Perspectivas no Controle de Micotoxinas

O Brasil é considerado um país de excelência global na produção agropecuária, especialista no processo de transformação de grãos em proteína animal de qualidade.

Neste país de proporções continentais, aproximadamente 70% da produção nacional de milho é destinada à fabricação de rações para animais (ABIMILHO, 2024).

Devido às condições climáticas dos trópicos, nossos grãos estão constantemente expostos ao crescimento fúngico e à consequente formação de seus metabólitos secundários: as micotoxinas

Dentre as centenas de toxinas produzidas pelos fungos, sabe-se que as micotoxinas de maior importância na produção animal são aquelas oriundas de fungos do gênero Aspergillus spp (aflatoxinas e ocratoxinas) e Fusarium spp (zeralenona, fumonisina e trictecenos como DON e T-2)

Estudos de prevalência das diferentes micotoxinas em rações da América Latina demonstram que a maior ocorrência atual é derivada do crescimento de Fusarium spp nas lavouras. 

 

Em monitoramento realizado no Brasil, 61% das amostras de grãos apresentaram positividade para Fumonisina e 65% de positividade para Zearalenona.

Segundo Mallman et al. (2007), a contaminação por micotoxinas pode ocorrer em vários estágios de produção dos grãos, como na colheita, transporte, processamento e armazenamento. 

As melhorias na qualidade do processo de colheita, processamento e estocagem de grãos no Brasil fizeram com que as micotoxinas produzidas pelos fungos durante o período pós-colheita (p.ex. Aflatoxinas) apresentassem incidência reduzida gradualmente. 

Por outro lado, micotoxinas como as produzidas pelo gênero Fusarium spp são formadas nos grãos ainda na lavoura, tornando a existência dessas toxinas independente da qualidade da estocagem.

Como resultado, as micotoxinas derivadas do Fusarium spp têm tomado crescente importância nos programas de controle. 

prejuizos-micotoxinasAos envolvidos na produção de aves e suínos, são conhecidos de longa data os prejuízos causados pelas micotoxinas no desempenho zootécnico e sanitário dos animais. Com esses prejuízos, as agroindústrias dedicam recursos humanos e financeiros para minimizar as perdas relacionadas às micotoxinas.

Historicamente, os inibidores de crescimento fúngico e os adsorventes figuraram como as principais estratégias para o controle de micotoxinas; porém, modernas tecnologias surgiram nos últimos anos proporcionando uma nova perspectiva para o controle de micotoxinas na produção animal. 

micotoxinas-fungo Inibidores fúngicos previnem o crescimento vegetativo dos fungos e a consequente formação de micotoxinas durante a estocagem dos grãos. 

micotoxinas-fungo-2 Já os adsorventes atuam de forma eficaz na eliminação de micotoxinas polares dentro do trato digestório dos animais, já que sua adsorção é feita principalmente por polaridade (carga iônica das moléculas).

Como citado acima, anteriormente, o foco principal era dado no controle das Aflatoxinas, por considerá-las muito prevalentes; hoje observa-se uma maior preocupação com as micotoxinas produzidas por fungos do gênero Fusarium spp (ZEA, DON, T-2, Fumonisinas etc.).

Estas micotoxinas apresentam particularidades físico-químicas que as diferenciam das demais, especialmente por serem geralmente moléculas de baixa polaridade

Sendo produzidas já no campo e possuindo carga polar reduzida, as toxinas oriundas do Fusarium spp não são adequadamente controladas pelos inibidores fúngicos de estocagem e adsorventes tradicionais. 

mecanismos-micotoxinasO aprofundamento no conhecimento da prevalência e mecanismos de ação das micotoxinas resultou no desenvolvimento de novas plataformas tecnológicas, permitindo uma abordagem integral do controle de micotoxinas na produção animal.

Nos últimos anos, o uso de enzimas para inativação de micotoxinas tornou-se uma ferramenta segura e eficaz, com efeitos sobre uma ampla gama de micotoxinas que em sua maioria não são adequadamente controladas através dos métodos tradicionais.

micotoxinas-controle

Mecanismos de Inativação de Micotoxinas

Enzimas são estruturas amplamente conhecidas por seus efeitos vitais no metabolismo dos seres vivos, com atividades que variam desde a contração muscular até a troca gasosa nos pulmões.

As enzimas são substâncias orgânicas de natureza normalmente proteica, com atividade intra e extracelular. Possuem funções catalisadoras de reações químicas, permitindo que as mesmas ocorram da forma e velocidade necessárias. 

Essa capacidade catalítica das enzimas também as torna adequadas para aplicações industriais, como na produção de antimicrobianos em larga escala e na melhoria da digestibilidade de determinados nutrientes das rações de monogástricos (por exemplo a fitase). 

Dentro dessa vertente, mecanismos de inativação enzimática de toxinas foram alvo de investigação por várias instituições de pesquisa, resultando em uma plataforma eficaz para a detoxificação das micotoxinas que dificilmente são controladas por mecanismos tradicionais na produção animal. 

Estudos nas áreas de microbiologia e enzimologia levaram à descoberta de enzimas secretadas por microrganismos, com capacidade de metabolizar as micotoxinas. Este mecanismo denominou-se detoxificação, biotransformação ou inativação enzimática. 

micotoxinas-fungoA detoxificação de micotoxinas é conhecida desde a década de 60, onde foram publicados os primeiros relatos da biotransformação de toxinas por microrganismos.

Do ponto de vista prático, o primeiro resultado importante deu-se em meados da década de 80, quando a capacidade de inativação da toxina T-2 foi demonstrada (Gráfico 1).

Gráfico 1: Biotransformação da toxina T-2 no fluido ruminal.

Fonte: Bata et al., 1985.

Isso foi resultado da observação da fisiologia dos ruminantes, já que os mesmos não apresentavam sinais de intoxicação por certas micotoxinas.

A partir do fluido ruminal isolaram-se alguns microrganismos capazes de metabolizar a porção tóxica dos tricotecenos. Demonstrou-se então, que determinados microrganismos secretavam enzimas capazes de clivar as micotoxinas em regiões específicas, resultando em metabólitos atóxicos ou de baixa toxicidade. 

Com o uso de técnicas de biotecnologia e fermentação industrial, viabilizou-se a produção dessas enzimas para inativação de micotoxinas em grande escala.

 

DETOXA PLUS®

A plataforma enzimática de adsorção e detoxificação de micotoxinas assumiu uma posição de referência no combate às micotoxicoses na produção animal.

Considerando as micotoxinas de maior importância e as peculiaridades fisiológicas das aves e suínos, o Instituto Húngaro-Canadense de Pesquisas Biotecnológicas Dr. Bata Ltd. desenvolveu um inativador de micotoxinas moldado especialmente para apresentar ação ótima no trato digestório de monogástricos. 

micotoxinas-fungo-2Como as enzimas são extremamente específicas (catalisam reações químicas em um determinado ponto de uma molécula) e dependentes de um meio característico (temperatura, pH, tempo etc.), os pesquisadores da Dr. Bata Ltd. buscaram encontrar enzimas que fossem específicas para as micotoxinas de importância em produção de monogástricos e que apresentassem sua atividade potencializada no ambiente do trato gastrointestinal destes animais.

micotoxinas-levedura

O DETOXA PLUS® é produzido por leveduras que além de secretar as enzimas, também possuem características físicas na sua parede, as quais são importantes para o controle de micotoxinas por fatores críticos para eficácia da inativação enzimática de micotoxinas, no trato digestório dos monogástricos: 

Estabilidade Térmica (Gráfico 2): DETOXA PLUS® permanecem ativas mesmo após a peletização das rações; 

Gráfico 2. Estabilidade térmica do Detoxa Plus após 30 min. na temperatura.

Fonte: Dr. Bata Ltd.

Atividade dependente do pH do meio (Gráfico 3): para que a atividade DETOXA PLUS® apresente seu pico no local de maior interesse para o controle de micotoxinas é fundamental que as enzimas sejam adaptadas ao ambiente do trato digestório dos monogástricos.

Gráfico 3. Atividade enzimática do Detoxa Plus de acordo com o pH do meio.

Fonte: Dr. Bata Ltd.

O objetivo é que as enzimas já atuem na porção anterior do trato digestório (estômago) por dois motivos principais: A inativação ocorreria antes da absorção intestinal das micotoxinas (Figura 1), minimizando a toxicidade a elas relacionada.

Figura 1: Anatomia do sistema digestivo do suíno, as cores apontam o pH fisiológico de cada órgão.

Adaptado de Muirhead & Alexander, 1997.

Adicionalmente, como a reação enzimática de inativação é tempo-dependente, a atividade torna-se mais eficiente nessas porções do trato digestório, uma vez que o grande tempo de retenção do alimento nessas estruturas permite um maior contato e consequente ação das enzimas. 

Para que um inativador enzimático funcione eficazmente, é importante que possua características que se relacionem com o metabolismo dos animais em questão, além de possuir atividade voltada para as micotoxinas realmente importantes para essas espécies. 

 

O desenvolvimento do DETOXA PLUS® é resultado de anos de pesquisas, chegando a um produto de alta qualidade, seguro e eficaz para o controle das micotoxinas importantes na avicultura e suinocultura modernas.

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