Em 50 anos, o Brasil passou de importador de alimentos básicos, como leite e carne, ao principal fornecedor mundial de grãos, fibras e proteína animal. Até 2025, mais um salto evolutivo está no cenário da agropecuária nacional: expandir os sistemas integrados de produção em 10 milhões de hectares com tecnologias capazes de mitigar 60 milhões de toneladas de gás carbônico (CO²).
A meta – ousada, porém perfeitamente plausível – foi apresentada ontem (22) pelo diretor executivo de Pesquisa e Desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Guy de Capdeville, durante a abertura do Famato Embrapa Show. Lembrando que em 2021 a Embrapa contabilizou um retorno de R$ 23,38 para cada R$ 1,00 investido em sua operação, Capdeville antecipou algumas das próximas entregas na pauta da companhia.
“A grande novidade é a inserção do conceito de descarbonização em nossa agenda de inovação. Estamos trabalhando em metodologias de cálculo adequadas à realidade brasileira para podermos padronizar os balanços. Mas as práticas de descarbonização estão no campo brasileiro há anos”, observou Capdevill
Uma das entregas mais recentes é a variedade de trigo irrigado adaptado para o bioma Cerrado cuja produtividade média (9.630 kg/ha) superou a marca mundial.
“Agora, seremos bem menos dependentes da importação de trigo, uma conquista que esperávamos há algum tempo”, afirmou o diretor da Embrapa.
Um dos grandes destaques para os participantes do Famato Embrapa Show é o inoculante BiomaPhos, disponível na Mostra de Tecnológica. Isso porque o produto, desenvolvido pela Embrapa em parceria com a empresa Bioma, beneficia duas das culturas mais relevantes do agro de Mato Grosso: a soja e o milho.
A tecnologia brasileira solubiliza o fósforo presente no solo, tornando-se acessível às plantas, o que reduz a necessidade de fertilizantes fosfatados. Como consequência, a produtividade da lavoura aumenta e os custos caem. Na safra atual (2021/22), a Embrapa estima que o BiomaPhos favoreça mais de três milhões de hectares de solos brasileiros.
Uva adequada ao semiárido, uso de inteligência artificial para diagnosticar pragas e doenças com drones e via satélite, e mapas de carbono orgânico são outras soluções da empresa pública disponíveis ao produtor rural.
Serviço prestado – Durante sua fala na abertura do Famato Embrapa Show, Capdeville apresentou uma verdadeira linha do tempo do agro brasileiro. O recorte começou nos anos 1960, em um cenário de escassez de alimentos, passando pela ampliação da fronteira agrícola do Sudeste e Nordeste para o Centro-Oeste a partir da década de 1970.
Em 1980, a pesquisa agrícola brasileira focou na transformação de solos ácidos e pobres em solos férteis. Na década seguinte, foram desenvolvidas cultivares e raças animais mais adaptadas ao clima tropical do país. Nos anos 2000, a produção sustentável ganha envergadura e passa a pautar os sistemas produtivos. E, nos anos 2010, entram em cena as tecnologias digitais.
“Em cinco décadas, o Brasil passou de um ambiente de insegurança alimentar para celeiro mundial de alimentos. O valor da cesta básica diminuiu mais de 50% nesse período”, relembrou o diretor da Embrapa. A empresa pública de pesquisa brasileira completa 50 anos em 2023. Confira a programação na íntegra clicando aqui
Por: Embrapa
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