Pesquisadores e representantes do setor produtivo estão unindo esforços para conter a contaminação por micotoxinas em alimentos derivados de trigo no Brasil.
Essas substâncias, tóxicas à saúde humana e à dos animais, estão relacionadas principalmente ao fungo Gibberella zeae (Fusarium graminearum), causador da giberela, principal doença do trigo no país.
Como não existe um método capaz de combatê-la, recomenda-se o controle adequado dos grãos nas fases de produção e pós-colheita, além de medidas relacionadas a manejo, monitoramento de clima e uso racional de fungicidas.
Paralelamente, a ciência investe em tecnologias para frear a ocorrência de micotoxinas, como o desenvolvimento de variedades resistentes à giberela e o uso de equipamentos de alta precisão para medir os níveis de contaminação.
No Brasil, análises realizadas nos laboratórios da Embrapa Trigo (RS) entre os anos de 2009 e 2017 detectaram a presença dessas substâncias em amostras comerciais de alimentos à base de cereais, como farinha de trigo, biscoitos e macarrão instantâneo, entre outros. Em alguns casos, os níveis de contaminação superaram 90%.
As três micotoxinas mais frequentemente detectadas no país são:
Deoxinivalenol (DON)
Zearalenona (ZEA)
Relacionadas à incidência de fungos do complexo Fusarium graminearum
Ocratoxina A
Produzida pelos fungos Penicillium verrucosum e Aspergillus ochraceus durante a armazenagem
Entre essas, a mais preocupante é a deoxinivalenol (DON), devido à frequência das epidemias de giberela nas lavouras de cereais de inverno no sul do Brasil.
Análises com alimentos contaminados mostraram que a DON resiste aos processos industriais utilizados na fabricação de biscoitos, barra de cereais e panificados.
Em laboratório, a micotoxina só foi eliminada em temperaturas superiores a 210°C, o que prejudica grande parte dos atributos de qualidade dos alimentos.
Problema afeta um quarto da produção mundial
Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), aproximadamente 25% dos alimentos produzidos no mundo estão contaminados com micotoxinas, gerando perdas anuais de um bilhão de dólares.
Os impactos econômicos podem resultar em perdas entre 50% e 100% do valor comercial dos grãos, na redução da eficiência produtiva em animais, além de custos com monitoramento e controle para evitar a mistura de lotes contaminados com grãos sadios.
MICOTOXINAS AFETAM TAMBÉM A SANIDADE ANIMAL
Na área animal, o pior proble...