Os números fazem parte do estudo realizado por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), a partir de edital do Mapa em parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).
O estudo leva em consideração exclusivamente a tecnologia de recuperação de pastagens, uma das sete implementadas no Plano ABC. Foram considerados 20 milhões de hectares de pastagens recuperadas, identificados em imagens de satélite do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
A diretora de Produção Sustentável e Irrigação do Mapa, Mariane Crespolini, explica que as contribuições da tecnologia são socioeconômicas, já que permitiram, além dos ganhos ambientais, o aumento da renda do produtor rural, do consumo das famílias, dos empregos, dos salários e da arrecadação tributária. Também foram observadas altas da produtividade nas pecuárias de corte e de leite.
Política pública que fomenta a redução das emissões gases de efeito estufa na agropecuária, o Plano ABC ainda é composto por outras seis tecnologias:
Integração lavoura-pecuária-floresta;
Sistemas agroflorestais; sistema plantio direto;
Fixação biológica de nitrogênio;
Florestas plantadas;
Tratamento de dejetos animais.
Agora, a partir da mesma metodologia, será realizado um estudo para as áreas atendidas com a tecnologia de irrigação do ABC+.
Esta é a segunda etapa do Plano ABC, que acrescentou a irrigação como tecnologia para uma produção sustentável no agro brasileiro. A meta é reduzir a emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas no setor agropecuário em uma área de 72,68 milhões de hectares até 2030. O valor em mitigação das emissões é sete vezes maior do que o plano definiu em sua primeira etapa na década passada.
Impacto na política agrícola e na sociedade
Já em relação especificamente ao retorno do Programa ABC, o estudo apresentou que o impacto social da recuperação de pastagens foi de 56%. O que equivale a 6,5% de valor real ao ano, descontada a inflação.
O estudo ainda confirma o papel das políticas públicas como impulsionadoras de práticas ASG (Ambiental, Social e Governança), o que deve receber um olhar atento pelas empresas em acelerar ainda mais esses resultados, conforme avaliação de Bastos. “É uma situação de ganha-ganha”.
Além das simulações de impactos econômicos e sociais, o estudo também apresentou a intensidade das emissões de gases de efeito estufa. Ao considerar o sequestro de carbono no solo, processo que ocorre em áreas bem manejadas da produção agropecuária, para a pecuária de corte houve uma redução de 9,67% das emissões por quilo de carne produzido. Para a pecuária de leite, a redução foi de 5,86% por litro produzido.
Outra observação que o estudo traz é relativo à utilização de mão de obra nas atividades produtivas: a intensificação sustentável da produção exige uma mão de obra mais qualificada, o que é considerado positivo. Porém, complementarmente, são necessárias políticas públicas que promovam a qualificação daqueles trabalhadores que já estavam empregados em sistemas de modelo extensivo, avalia Mariane Crespolini como oportunidade para a ampliação da capacitação no campo.
Metodologia
O estudo se inicia com o isolamento do efeito de ganho de produtividade a partir da avaliação da área recuperada com base de imagens de satélite. Assim, são criados cenários e os pesquisadores fazem um recorte da economia considerando o ganho de produtividade que houve da recuperação das pastagens. A premissa da qual se parte é: como seria se a pecuária continuasse com aquela produtividade sem recuperar o pasto?
Tecnicamente, se isola o efeito de ganho da produtividade da agropecuária na matriz econômica do país. Então o raciocínio deve ser o seguinte:
O processo de análise dos dados envolve os 124 setores da economia nacional a partir de uma matriz baseada no modelo de equilíbrio geral computacional, teoria mundial reconhecida e muito utilizada para mensurar o resultado de políticas públicas.
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