Aditivos

Níveis de microminerais e vitaminas utilizados em rações comerciais de matrizes

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Caio Abércio da Silva

Pós-doutor pelo Institute National de la Recherche Agronomique - INRA, Toulouse, França.
Caio Abércio da Silva

Danyel Bueno Dalto

PhD in Animal Sciences at Agriculture and Agrifood Canada.
Danyel Bueno Dalto
nutriForum 25 horizontal

Quais são os níveis de microminerais e vitaminas utilizados em rações comerciais para matrizes na indústria suinícola brasileira? 

INTRODUÇÃO
suinos-micromineraisReconhecidamente, as vitaminas exercem muitas funções, auxiliando no metabolismo de outros nutrientes, na utilização da energia e da proteína, e na promoção dosracoes-microminerais índices reprodutivos, do desempenho e da saúde animal (HERNANDEZ et al., 2012)

Neste cenário, a suplementação vitamínica nas rações, baseado no retrospecto de trabalhos científicos e experiências comerciais, visa atender as demandas da espécie, que são muito dinâmicas.

Assim, as exigências estabelecidas pelas tabelas clássicas de nutrição (ROSTAGNO et al., 2011; 2017; NRC, 2012, FEDNA, 2013) buscam indicar níveis adequados de requerimento e preservar uma relação de custo-benefício otimizada (HERNANDEZ et al., 2012).

Estas mesmas premissas valem para os níveis de minerais traços, cuja maioria das pesquisas voltadas para a determinação destas exigências foram realizadas nas décadas de 40 e 50 e dirigidas para evitar quadros de deficiência (GAUDRÉ; QUINIOU, 2009).

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micromineraisEmbora atualmente hajam iniciativas comerciais de suplementação de algumas vitaminas e minerais traços sob níveis mais elevados, visando atender as diferentes demandas que as matrizes suínas modernas detêm, não se conhece, todavia, o que exatamente as empresas têm efetivamente praticado no Brasil.

No entanto, esta limitação de informações não é exclusiva de nossa suinocultura. São poucos os levantamentos em nível mundial que tratam desta questão.

micromineraisCom exceção, dois estudos realizados nos Estados Unidos (Coelho and Cousins, 1997; Flohr et al., 2016) indicaram grandes variações no uso de minerais traços e vitaminas entre produtores de suínos, corroborando com a limitação de dados sobre as exigências nutricionais destes nutrientes para a matriz suína contemporânea.

Assim, objetivou-se com este estudo identificar os níveis de minerais traços e de vitaminas utilizados comercialmente nas rações de matrizes no Brasil, servindo este como uma fonte suplementar de informação que poderá auxiliar nutricionistas e pesquisadores nas ações em prol da melhora dos aspectos técnicos e econômicos no segmento.

 

Este levantamento foi realizado entre os meses de Junho e Dezembro de 2019 junto a empresas produtoras de premix/núcleo (n = 15) para suínos com atuação nas diversas regiões do Brasil e às principais cooperativas/agroindústrias (n = 15) do setor suinícola brasileiro.

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Cada empresa participante também informou a fase na qual o produto (premix/núcleo e/ou ração) era indicado, compreendendo a idade do animal ou sua faixa de peso ou a categoria atendida. As fases de produção corresponderam às praticadas comumente no país, compreendendo:

 leitoas de reposição
 gestação
 lactação
 macho reprodutor

Dentro de cada fase foram avaliados os seguintes microminerais e vitaminas:

cobalto (Co) vitamina K (vitK)
cobre (Cu) tiamina (vitB1)
cromo (Cr) riboflavina (vitB2)
ferro (Fe) niacina (vitB3)
iodo (I) ácido pantoténico (vitB5)
manganês (Mn) piridoxina (vitB6)
selênio (Se) biotina (vitB7)
zinco (Zn) ácido fólico (vitB9)
vitamina A (vitA) cobalamina (vitB12)
vitamina D (vitD) colina
vitamina E (vitE) ácido ascórbico (vitC)

analise-microminerais
Os dados foram compilados e submetidos a análises estatísticas descritivas. Para cada fase de produção foram calculadas taxas entre as médias dos níveis de suplementação de microminerais e vitaminas obtidos no presente estudo e os valores registrados nas Tabelas Brasileiras de Suínos e Aves (TBSA; Rostagno et al., 2017) para as fases correspondentes; e também a relação destes com os valores obtidos no levantamento realizado junto à indústria suinícola americana (USA; Flohr et al., 2016), estabelecendo um processo comparativo com estas referências.

VALORES DE VITAMINAS E MICROMINERAIS PARA LEITOAS DE REPOSIÇÃO E PORCAS EM GESTAÇÃO[registrados]

Os níveis de suplementação de rações para leitoas de reposição (Tabela 1) foram fornecidos por 10 empresas e para porcas gestantes (Tabela 2) por 29 empresas.
tabela-1-microminerais
tabela-2-microminerais
Os níveis de microminerais variaram entre 1,0 e 13,4 vezes os valores indicados pela TBSA e entre 0,8 e 4,0 vezes os valores referenciados pela USA. Comparados à TBSA, os níveis de Cu e Mn foram largamente superiores nas duas fases.

micromineraisQuando comparados à USA, os níveis de Cu, Mn e I foram marcadamente superiores para leitoas de reposição e apenas os níveis de Cu e I para porcas gestantes. Com exceção do Cu (93,0-117,6%), Cr (53,2%; apenas gestação) e Co (56,8-65,0%), poucas amplitudes de variação (entre 6,2 e 39,2%) foram observadas para microminerais entre as empresas.matrizes-microminerais

Os níveis de vitaminas lipossolúveis representaram entre 1,3 e 3,3 vezes os valores indicados pela TBSA e entre 0,7 e 2,0 vezes os valores obtidos por USA. Os níveis de vitD e vitE (apenas para leitoas de reposição) foram muito superiores aos valores da TBSA, enquanto os níveis de vitK (apenas para fêmeas em gestação) foram marcadamente inferiores aos valores da USA.

Pouca amplitude de variação foi observada para as vitaminas desse grupo (entre 28,7 e 42,7%) nas rações para leitoas de reposição. Exceto pela vitA (28,8%), grandes amplitudes de variação foram observadas nas rações de gestação (entre 58,6 e 84,2%).

Os níveis de vitaminas hidrossolúveis representaram entre 1,1 e 2,2 vezes os valores indicados pela TBSA e entre 0,4 e 1,8 vezes os valores de referência da USA. Exceto pela vitB3, vitB5 e vitB12 (apenas gestação), os presentes níveis foram muito superiores aos recomendados pela TBSA.

Enquanto os níveis de vitB3 foram particularmente superiores e os de colina marcadamente inferiores à USA nas rações para leitoas de reposição, para porcas gestantes os níveis de vitB2, vitB3, vitB5, vitB6, vitC e colina foram sensivelmente inferiores aos valores da USA.

Para as rações de leitoas de reposição, exceto pela vitB7 (80,3%), vitB9 (67,1%) e colina (52,8%), poucas amplitudes de variação foram observadas para as demais vitaminas desse grupo (entre 22,4 e 40,2%).

Em relação às rações de gestação, exceto pela vitB1 (48,8%), vitB2 (44,0%), vitB3 (44,9%) e vitB12 (41,8%), grandes amplitudes de variação foram observadas (entre 53,1 e 94,4%) entre as empresas.microminerais

VALORES DE VITAMINAS E MICROMINERAIS PARA PORCAS LACTANTES

Os níveis de microminerais variaram entre 1,0 e 12,4 vezes os valores indicados pela TBSA e entre 0,8 e 3,4 vezes os valores obtidos por USA (Tabela 3). Comparados à TBSA, os níveis de Cu e Mn foram largamente superiores, enquanto os níveis de Cu e I foram marcadamente superiores à USA. Com exceção do Cu (136,0%) e Co (59,8%), poucas amplitudes de variação (entre 26,8 e 41,9%) foram observadas para microminerais entre as empresas.
tabela-3-microminerais
Os níveis de vitaminas lipossolúveis representaram entre 1,2 e 1,6 vezes os valores indicados pela TBSA e entre 0,7 e 1,1 vezes os valores obtidos pela USA.

Os níveis de vitA e vitD foram largamente superiores aos valores da TBSA, enquanto os níveis de vitK foram marcadamente inferiores aos valores da USA. Exceto pela vitE (58,2%), poucas amplitudes de variação entre as empresas foram observadas para as vitaminas desse grupo (entre 29,7 e 47,8%).

Os níveis de vitaminas hidrossolúveis representaram entre 1,1 e 2,2 vezes os valores indicados pela TBSA e entre 0,6 e 1,3 vezes os valores obtidos por USA. Exceto pela vitB3, vitB5 e vitB12, os presentes níveis foram muito superiores aos recomendados pela TBSA, enquanto os níveis de vitB2, vitB3, vitB5, vitB6 e vitB12 foram marcadamente inferiores aos valores da USA.

Exceto pela vitB2 (37,2%), vitB3 (41,0%), vitB5 (42,6%) e vitB12 (34,7%), grandes amplitudes de variação entre as empresas foram observadas para as demais vitaminas desse grupo (entre 52,2 e 96,6%).

VALORES DE VITAMINAS E MICROMINERAIS PARA MACHOS REPRODUTORES

Os níveis de microminerais (Tabela 4) variaram entre 1,0 e 11,8 vezes os valores indicados pela TBSA e entre 0,6 e 2,2 vezes os valores obtidos por USA.

Comparados à TBSA, os níveis de Cu e Mn foram largamente superiores. Quando comparados aos níveis da USA, Cu e I foram marcadamente superiores e Co foi inferior. Com exceção do Cu (140,2%) e Co (73,1%), pouca amplitude de variação (entre 28,2 e 45,4%) foi observada para microminerais entre as empresas.
tabela-4-microminerais
Os níveis de vitaminas lipossolúveis representaram entre 1,4 e 2,0 vezes os valores indicados pela TBSA e entre 0,8 e 2,4 vezes os valores obtidos por USA.

Os níveis de todas as vitaminas lipossolúveis foram largamente superiores aos valores da TBSA, enquanto apenas os níveis de vitD foram superiores aos valores USA.

Pouca amplitude de variação entre as empresas foi observada para vitA (28,5%) e vitD (41,6%), enquanto variações importantes foram observadas para a vitE (81,6%) e vitK (62,4%).
Os níveis de vitaminas hidrossolúveis representaram entre 1,3 e 2,7 vezes os valores indicados pela TBSA e entre 0,6 e 1,5 vezes os valores obtidos pela USA.

Exceto pela vitB3 e vitB5, os presentes níveis foram muito superiores aos recomendados pela TBSA. Os níveis de vitB2, vitB3, vitB5, vitB12, vitC e colina foram marcadamente inferiores aos valores USA, enquanto os níveis de vitB9 foram superiores.

Exceto pela vitB2 (43,9%), vitB3 (43,8%), vitB5 (49,7%) e vitB12 (38,6%), grande amplitude de variação entre as empresas foram observadas para as demais vitaminas desse grupo (entre 53,2 e 71,4%).

CONCLUSÕES

Os níveis de microminerais utilizados pela indústria brasileira são, de modo geral, mais elevados em relação aos níveis utilizados na América do Norte.

Para as vitaminas (lipossolúveis e hidrossolúveis) os níveis praticados pela indústria brasileira são muito superiores às recomendações da TBSA, mas, para as vitaminas hidrossolúveis, esses mostram-se largamente inferiores aos utilizados pela indústria suinícola americana.

As amplitudes dos níveis de microminerais e vitaminas praticadas pelas empresas no Brasil, podem indicar uma postura de precaução ou segurança diante de possíveis
variações quantitativas e/ou qualitativas destes elementos até a efetiva alimentação dos animais.

Paralelamente, esta decisão pode caracterizar uma tentativa de se adiantar às demandas possivelmente aumentadas das genéticas modernas, sem, contudo, representar uma decisão com uma sustentação científica em algumas situações.

Pode-se concluir que as referências nutricionais não são plenamente seguidas, sugerindo a necessidade de mais pesquisas para a determinação mais precisa destas exigências.

 

*O artigo na íntegra pode ser acessado clicando aqui 

DALTO, Danyel Bueno; DA SILVA, Caio Abércio. A survey of current levels of trace minerals and vitamins used in commercial diets by the Brazilian pork industry—a comparative study. Translational Animal Science, v. 4, n. 4, p. txaa195, 2020.

Autores: Dr. Danyel Bueno Dalto1 e Prof. Dr. Caio Abércio da Silva2
1 Agriculture and Agri-Food Canada, Sherbrooke, Quebec, Canadá
2 Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Paraná, Brasil

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Nuproxa 07-2023

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