Tecnologia em Fazenda Leiteira com Apoio Veterinário Estudantil – PARTE I
Tecnologia em Fazenda Leiteira com Apoio Veterinário Estudantil – PARTE I
O Brasil apresenta forte pecuária leiteira, sendo que em 2023 o país produziu em torno de 35,4 bilhões de litros de leite. Minas Gerais se caracteriza como estado de maior produção, seguido por Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Goiás, respectivamente (IBGE, 2024). O mercado lácteo brasileiro baseando-se no contexto mundial, segundo a ASBRAM et al (2019), ocupou posição de destaque. A pecuária de leite no Brasil começou com características extrativistas, hoje se trata de uma atividade tradicional em quase todas as cidades do País.
A atividade leiteira brasileira apresenta desde grandes produtores com boas tecnologias, até aqueles com perfil de extrativismo total, com pouquíssima utilização de tecnologia. Mas cada dia mais produtores tem procurado novas tecnologias, feito investimentos em assistência e melhoramento genético (FERRAZZA et al, 2015). O grande passo está pautado na gestão dentro da propriedade, que dará a sustentabilidade para trabalhar e ter produtos de alta qualidade, porém cada um na sua realidade (MOLLO NETO; NAAS, 2014).
A pecuária leiteira é uma das atividades mais exercidas por vários tipos de pecuaristas, que engloba tanto o produtor de milhares de litros de leite por dia, quanto o pequeno produtor. Agricultura familiar sempre foi muito importante para o desenvolvimento do país, onde gerou alimentos, empregos e renda (VIEIRA et al, 2012). Muitas famílias que têm o leite como fonte de renda estável e mensal ainda fazem pequenas plantações de grãos, para gerar renda extra que ajudam nas despesas mensais e anuais, e também pensando em produzir alimento para os animais no período seco do ano focando também na sustentabilidade.
Cada vez mais tem tido um aumento na procura de profissionais para acompanhar o desenvolvimento do trabalho nas propriedades leiteiras, auxiliando no esclarecimento de dúvidas e sugestões para melhor andamento da produção. Esse é um fato de grande atenção, pode ser uma boa alternativa para produtores conhecer novas técnicas, e outras formas de pensamentos, além de ter uma assistência especializada no assunto (ALMEIDA et al, 2015).
A região de Santa Maria de Itabira em Minas Gerais, concentra várias atividades comerciais como, produção de leite e mel. Apresenta agricultura e pecuária diversificada, com potencial pecuarista devido ao clima e solos, que se adéqua a produção de leite e criação de ruminantes. A pesquisa desenvolveu-se na fazenda leiteira assistida por uma equipe de alunos de medicina veterinária da universidade UNA na região descrita acima, onde foi pesquisado quais as tecnologias implementadas e tudo o que trouxe de benefício para a qualidade do leite e bem-estar animal. O dono da propriedade se disponibilizou para uma entrevista contou como foram executadas essas mudanças.
O estudo foi feito a partir de um questionário baseado em Bezerra et al (2014), onde os métodos utilizados foram a entrevista e análise dos dados atuais da fazenda usados com o propósito de comparação. O produtor foi questionado sobre a propriedade em seu passado e no presente. Esse questionário foi dividido em grupos de questões envolvendo os assuntos referentes a cada mudança feita na propriedade. Ficou dividido da seguinte forma, as primeiramente questões tratando do passado da fazenda e depois as mesmas questões tratando da atualidade.
CONFIRA O QUESTIONÁRIO
R: Nunca houve um número certo, as vacas leiteiras mudavam bastante, devido ao alto índice de mastite ou vacas secando. Mas dando leite eram umas 35/40 mais ou menos, o que era bem pouco em vista da quantidade de vacas.
R: Não sei dizer mas era menos de 1000 litros por dia
R: Ordenha manual simples!
R: O índice de mastite era bem alto, não tínhamos muito controle, então descartava o animal no dia e focava naquele que produzia o leite de “qualidade”
R: Utilizava muito o touro; a utilização do IATF, veio depois, demorei aceitar, pois havia muitos gastos, mas não sabia que era o melhor, há gasto, mas é um gasto que chamo de investimento!
R: O manejo era rápido, básico e que atendia na época, tinha uns 2 funcionários e como sempre foi demorada a ordenha, era fazer na rapidez para acabar rápido e ambos descansarem.
R: A nutrição era um esquema entre silagem e ração em momento de ordenha.
R: A higiene era básica, visávamos muito o lucro e esquecíamos do cuidado com o leite, da higiene e dos testes. Não fazíamos o pre dipping nem o pós dipping. Não preocupávamos com a limpeza dos equipamentos. Quanto a mastite fazíamos o básico e para cuidar e mamite não costumávamos fazer o protocolo correto.
R: Não, não via necessidade, as vezes um suplemento mineral.
R: A estrutura em si não mudou muito, cuidarias, localidade de cada um, isso não. Mudou mais os equipamentos, métodos utilizados, funcionários.
R: Higiene, nutrição e por isso as vacas não tinham muita imunidade, período de chuva, era terrível os currais não eram calçados, as vacas ficavam barro mesmo, não usávamos pé dilúvio, nem o pré e pós dipping, o problema maior era a falta de higiene e pressa! Além disso não utilizamos o teste da caneca.
Perguntas para o contexto atual
R: Em torno de 60 vacas em lactação, hoje uso a raça girolando (gir com holandês), e a fim de melhorar ainda mais a quantidade e qualidade estou inserindo o sangue jersey, fazendo o “tricross”. Filha de touro jersey com vaca 1/2 sangue girolando. Para melhorar a proteína e gordura do leite.
R: 1.350L por dia. Cada vaca produz torno de 20, 25 L por dia.
Tenho 2 tanques de 1500L e o caminhão pega de 2 em 2 dias.
R: Semiautomática, Automática.
R: Muito baixo, atualmente confirmadas. Tenho 3 vacas confirmas com mastite.
R: Hoje é feito o IATF, coloca o touro somente quando não emprenha.
Mas também é comprado alguns embriões. Quando nasce fêmeas, todas são recriadas.
R: Manejo tranquilo, calmo, no tempo dos animais, sem muito barulho, apenas chamando cada uma pelo nome, elas entram em fila para ordenha e não utilizamos cavalos pra buscar vacas, os vaqueiros dominam bem o que fazem.
R: Hoje em dia visamos muito a higiene, ainda precisamos melhorar, mas em vista do que era mudou muito.
Fazendo o teste da caneca de fundo preto, pré dipingg, limpeza das teteiras e pós dipping, ultimamos papel toalha individual, higienização das mãos, limpeza do ambiente e equipamento antes, durante e depois.
R: Estimulantes não, suplementação mineral sim.
R: Muito positiva, tenho qualidade e quantidade! Minhas vacas estão mais saudáveis e fortes, além do reconhecimento na região da qualidade do leite produzido aqui.
Na próxima edição, entenderemos um pouco melhor sorbe as questões da propriedade e o diagnóstico!
Autoria: Ellen Victoria Silva Araújo; Gabriela Silva Patrício; João Victor de Souza Lemos; Lucas Barcelos Duarte; Luiza Torres; Maria Eduarda Macieira de Castro; Matheus Augusto Fagundes Marques; Rafaela Silva Sousa e Lorena Salim de Sousa
Referências sob consulta junto ao autor.
Autor correspondente: [email protected]
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