Tecnologia em Fazenda Leiteira com Apoio Veterinário Estudantil – PARTE II
Tecnologia em Fazenda Leiteira com Apoio Veterinário Estudantil – PARTE II
Em entrevista o proprietário relata que inicialmente seu número de vacas não era bem definido visto que havia muito descarte de vacas que não produziam leite ou produziam pouco, além do índice de mastite alto o que na visão do produtor tinha que ser descartado para não contaminar as vacas saudáveis. A quantidade de leite produzido também variava muito o não se tinha o controle, porém foi constatado menos de 1000L por dia, o método de ordenha era manual, método de reprodução monta natural, nutrição dos animais não seguia um plano e era apenas por silagem e ração e não era oferecido nenhum suplemento alimentar ou mineral para os animais, a higiene não era tratada como prioridade visto que poderia afetar no lucro por ser um pouco cara e a maioria dos EPI´S descartáveis, o que exige manutenção e trocas constantes e não se realizava pré dippin e pós dipping.
“A estrutura da fazenda não teve mudanças bruscas!” afirma o produtor, “as maiores mudanças foram feitas justamente na área tecnológica, onde eu investir em equipamentos mais atuais, qualificação de mão de obras dos funcionários, formas de manejo correta e forração do local de vivência das vacas com cascalho vermelho.” De acordo com o produtor, forrar o solo com cascalho foi um investimento indispensável que melhorou muito na incidência da mastite pois antes desse assoreamento as vacas viviam atoladas na lama o que resultava em alto índice de contaminação pelo contato das tetas com o barro.
Ao ser indagado sobre sua visão das mudanças que ocorreram e qual seu posicionamento, o Sr. Fabricio, proprietário da fazenda respondeu, “No início não aceitei bem, depois que me mostraram a qualidade negativa e analisei os relatórios, vi que as melhorias seriam bem positivas. Gerou custo, mas hoje em dia foi a melhor coisa que fiz, minha fazenda é reconhecida na região, por tudo que aderir. Grato por todos que fizeram parte disso!
Além do mais perdi muitos animais e tive o desprazer de dispensar funcionários que não estavam dispostos a encarar as mudanças comigo e serem treinados para melhora na qualificação de mão de obra”.
Dentre as mudanças realizadas na propriedade se encontra grande investimento na mão de obra qualificada e consultorias realizadas por zootecnistas, médicos veterinário e agrônomos, além de contar com suporte da cooperativa de laticínios local e programas de capacitação e assistência técnica como o Programa Balde cheio da instituição Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Atualmente o número de vacas em lactação da propriedade passa de 60 e todas da raça girolando, o índice de mastite gira em torno 5%, a quantidade de leite produzido tem dias que chegam a 1500L, sendo produzido em média 25L de leite por vaca.
O método de ordenha atual é semiautomatizado ou automatizado e ocorrem duas vezes ao dia, uma na parte da manhã e outra ao entardecer, a forma de reprodução é pela IATF (Inseminação Artificial em Tempo Fixo) utilizando a monta natural somente em casos em que as vacas não emprenham pelo método artificial.
A nutrição passou por mudanças também onde as vacas são alimentadas no momento da ordenha com capim Mombaça, pós ordenha é oferecido um composto de caroço de algodão e fubá, e ao menos uma vez ao dia o sal mineral é incluído também na dieta dos animais.
A higiene foi um assunto muito abordado pelos profissionais de consultoria, o que resultou na mudança da forma de manejo fazendo-se uso EPI´S e principalmente a higienização do local de ordenha com seus respectivos equipamentos.
Em 2019 o CCS (Contagem de Células Somáticas) e CBT da fazenda era de 866.000 em média e já chegou até mesmo á 999.000, um número um tanto quanto assustador e extremamente alto. A meta estabelecida para a fazenda quando começaram as mudanças é que se chegasse a 250.000 de CSS e CBT, atualmente (2024), o CCS chegou a 136.000 na última avaliação, um resultado além do esperado e que trás grandes benefícios para a fazenda.
Na tabela abaixo estão descritos os parâmetros de qualidade do leite da fazenda em outubro de 2024:
PARÂMETRO | VALOR |
CPP/CBT | 8.000 |
CCS | 144.000 |
GORDURA | 3,69 |
PROTEÍNA | 3,36 |
VOLUME | 38.465 |
Os resultados alcançados foram graças a mudança de hábitos e investimento na tecnologia de manejo, extração de leite e bem estar animal, com fonte de informações externas e profissionais sobre cada aspecto.
Autoria: Ellen Victoria Silva Araújo; Gabriela Silva Patrício; João Victor de Souza Lemos; Lucas Barcelos Duarte; Luiza Torres; Maria Eduarda Macieira de Castro; Matheus Augusto Fagundes Marques; Rafaela Silva Sousa e Lorena Salim de Sousa
Referências sob consulta junto ao autor.
Autor correspondente: [email protected]
Assine agora a revista técnica de nutrição animal
AUTORES
Impactos dos microminerais essenciais na alimentação de aves e suínos
Simone Gisele de OliveiraModulação do metabolismo da vitamina D em leitões desmamados
Jérôme LapointeAlimentação de poedeiras de ciclo longo
Manuel VázquezColostragem e seu impacto na produção de bovinos
Maria Luiza FischerFormulação de ração para monogástricos
Emanuel Isaque Cordeiro da SilvaA Indústria de Rendering: sustentabilidade e nutrição animal
Lucas CyprianoAção sinérgica de fitase e estimbiótico na qualidade óssea de frangos
Miliane Alves da CostaE.C.O.Trace® Minerais organicamente ligados
Uso de pó secante à base de fitoativos para o bem-estar da leitegada
Gabriela Miotto Galli