A indústria avícola continua sendo uma fonte significativa de proteínas de alta qualidade, vitaminas e micronutrientes essenciais na nutrição humana. Outra vantagem, é o custo mais baixo em relação a proteína suína e bovina.
A indústria avícola vem apresentando franco crescimento ao longo dos anos, e se destacando em relação a produção de outras proteínas de origem animal, como pode ser observado na figura abaixo.
Parte desse crescimento tem sido associado ao uso de antibióticos como promotores de crescimento (AGPs). Os AGPs geralmente melhoram o desempenho de crescimento das aves domésticas, aumentando a eficiência da conversão alimentar e reduzindo a incidência de doenças (Castanon, 2007; Gadde et al., 2017). Além de outros pontos-chave desenvolvidos pela indústria avícola, como:
Apesar desses benefícios, o uso contínuo de AGPs na produção avícola desperta preocupações de saúde pública relacionadas à resistência antimicrobiana e à presença de resíduos de antibióticos na cadeia alimentar e no meio ambiente (Muaz et al., 2018; Wales et al., 2019).
Diversas alternativas ao AGPs já estão sendo utilizadas pela indústria avícola. Devido a importância da substituição dos AGPs, pesquisadores da Dalhousie University, no Canadá, publicaram uma revisão de literatura listando os principais substitutos aos AGPs com foco em bioativos que podem ser utilizados in ovo. Os principais pontos desse artigo estão descritos abaixo.
Tecnologia in ovo
A tecnologia in ovo é uma intervenção biotecnológica que foi adotada com o objetivo principal de garantir uma programação imunológica precoce nas aves. Este objetivo foi alcançado com sucesso através da aplicação in ovo de vacinas e outros bioativos (probióticos, prebióticos e simbióticos).
Após a adoção da tecnologia in ovo como método viável e eficaz de aplicação de vacinas, sua relevância para outros bioativos potenciais foi investigada. A entrega in ovo de bacteriófagos, solução eletrolítica, glicerol, ácidos orgânicos, peptídeos, nanopartículas de prata, microminerais, aminoácidos, vitaminas, carboidratos e extratos vegetais já foram relatados na literatura.
Além de estimular respostas imunológicas favoráveis em aves, a tecnologia in ovo também pode ser usada para mitigar as deficiências nutricionais perinatais (o período antes e depois da eclosão) da ave, muitas vezes causadas por:
Além disso, esta tecnologia oferece a oportunidade de estimular a colonização do intestino embrionário com microbiota benéfica e também o desenvolvimento do trato gastrointestinal embrionário (GIT) e tecido linfoide associado ao intestino (Siwek et al., 2018).
Com base no efeito modulador das substâncias bioativas injetáveis, a aplicação da tecnologia in ovo na produção avícola pode ser amplamente categorizada em substâncias que aumentam o desempenho, imunoestimulantes e alternativas aos AGPs.
Alternativas para promotores de crescimento de antibióticos em aves
Espera-se que uma substituição eficaz para AGP exiba efeito de promoção de crescimento semelhante, se não superior, como AGPs. Uma alternativa eficaz ao AGP foi caracterizada como substâncias bioativas com um modo de ação bem definido, que melhoram a eficiência alimentar, mantêm a saúde intestinal das aves, exibem toxicidade apenas para o patógeno e não para o hospedeiro, e são fáceis de usar (Collett , 2004; Cheng et al., 2014).
Algumas alternativas que estão sendo estudadas são:
Como pode ser observado na tabela abaixo.
Resultados de algumas pesquisas da injeção in ovo de alternativas aos antibióticos promotores de crescimento
Substância bioativa | Descrição | Resultados | Autor |
Probióticos | 3.1 × 109 CFU/50 μL of Lactobacillus animalis 5.4 × 106 CFU/50μL of Enterococcus faecium |
Os dois probióticos diferem no modo de ação, porém não apresentam nenhum efeito negativo na eclodibilidade | Beck et al. (2019) |
Prebióticos | 3.5 mg/embrião Galactoligossacarideo (GOS) 0.88 mg/embrião DN (betaglucanos obtidos em algas) 1.9 mg/embrião Oligossacarideo (RFO) |
Todos os prebióticos aumentaram o consumo de ração e a taxa de conversão alimentar RFO mostrou a maior melhoria nas características de desempenho |
Bednarczyk et al. (2016) |
Prebióticos e simbióticos | Prebiótico 1-inulina (1,76 mg / embrião) Prebiótico 2 GOS (0,528 mg / embrião) Synbiotic1- inulina +1.000 CFU L. lactis subsp. Lactis Sinbiótico 2-GOS + 1.000 CFU L. lactis subsp. Cremoris |
A injeção in ovo da combinação de L. lactis subsp. lactis IBB SL1 e inulina melhoraram o crescimento, o perfil cecal e a morfologia intestinal de frangos de corte. No entanto, a injeção in ovo de preparações prebióticas não produziu os resultados esperados | Mista et al. (2017) |
Moringa oleifera extrato de folhas | 0.5 μg/mL-50 μg/mL | A administração in ovo de 0,5 μg/ml de extrato de folhas de Moringa oleifera melhorou a taxa de eclodibilidade e o peso do frango de um dia | N’nanle et al. (2017) |
Probióticos (7 probióticos comerciais diferentes) | 15 × 109 CFU/ovo 32 × 109 CFU/ovo |
O desempenho de todos os pintinhos que receberam probiótico, independente da bactéria, foi numericamente superior ao controle negativo | de Oliveira et al. (2014) |
Dentre as conclusões dos pesquisadores, destaca que a tecnologia in ovo supera vários desafios que ocorreriam se essas mesmas substancias bioativas fossem aplicadas via água de bebida ou ração. Esses desafios incluem a inativação de nutrientes devido ao tratamento térmico de alimentos e riscos potenciais à qualidade da água. Com a utilização da tecnologia in ovo, alternativas ao AGP podem ser entregues ao embrião em desenvolvimento para estimular a microbiota intestinal saudável desde o início do seu desenvolvimento. Porém, a lista de substâncias bioativas que se qualificam como alternativas ao AGP não é extensa, e é provável que a entrega de novas alternativas in ovo, particularmente fitobióticos, seja pesquisada ativamente nos próximos anos. |
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As informações apresentadas foram retiradas do artigo “In ovo delivery of bioactive substances: an alternative to the use of antibiotic growth promoters in poultry production—a review“, com autoria de: Samson Oladokun e Deborah I. Adewole
Department of Animal Science and Aquaculture, Dalhousie University, Truro, NS B2N 5E3, Canada
Clique aqui para ler o artigo na íntegra
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