Para uma produção sustentável de suínos e aves, a emissão de poluentes e o uso de recursos não renováveis deve ser o mais eficiente possível. Alguns postos-chaves devem ser observados, como:
A formulação da dieta tem impacto direto na eficiência do uso de nutrientes e energia pelos animais e, consequentemente, afeta o fluxo de nutrientes e de resíduos em uma granja (Petersen et al., 2007). Todos os nutrientes encontrados no dejeto, ou emitidos para a atmosfera, são provenientes da fração da ração que não é retida pelo animal, indicando que a manipulação da dieta pode ser uma forma eficiente de controlar a quantidade e composição química dos dejetos produzidos, e as emissões de poluentes para o meio ambiente.
Nas últimas décadas, diferentes formas de reduzir o impacto ambiental da produção de suínos e aves têm sido investigadas. A abordagem nutricional tem recebido grande atenção de pesquisadores e tomadores de decisões legislativas.
As principais estratégias investigadas são:
![]() Para complementar a leitura, a nutriNews publicou em sua edição um artigo falando sobre: “Como as tecnologias nutricionais na produção de suínos afetam o custo logístico da distribuição dos dejetos?“ O artigo está bem completo e inclui custos de transporte e distribuição dos dejetos em lavoura, para ler o artigo na íntegra, clique aqui! |
Dentre as estratégias utilizadas para produção sustentável, tem-se o uso eficiente de proteínas. A eficiência da utilização das proteínas pelos suínos depende da composição da dieta e do estado fisiológico ou do estágio de crescimento dos animais.
A excreção fecal de N, que consiste na fração de proteína não digerida da ração e nas perdas endógenas, chega a aproximadamente 17% da ingestão, dependendo das fontes de proteína utilizadas. As proteínas digeridas são absorvidas como aminoácidos que podem ser subsequentemente usados para a síntese de proteínas. As perdas obrigatórias de aminoácidos estão relacionadas principalmente com a digestão, o metabolismo das proteínas (síntese, degradação e renovação). Os demais aminoácidos digestíveis, após a deposição de proteínas e perdas obrigatórias, são catabolizadas e excretados principalmente como ureia.
Com dietas convencionais, esta última fração é frequentemente a mais importante. A eficiência média de retenção de N é mais baixa em porcas (20-30%), intermediária em suínos em crescimento (30-40%) e mais alta em leitões desmamados (45-55%) (Dourmad et al., 1999a).
Duas abordagens nutricionais complementares podem ser utilizadas para melhorar a eficiência da utilização de proteínas em suínos e, consequentemente, reduzir a excreção de nitrogênio.
A primeira abordagem é garantir o fornecimento adequado de proteínas/aminoácidos ao longo do tempo de acordo com o crescimento potencial dos animais ou seu estado fisiológico. Isso requer um ajuste conjunto do suprimento diário de energia e proteína (aminoácidos), dependendo do potencial genético e do estágio de produção.
Em porcas, a excreção de N é reduzida em 20 a 25% quando diferentes dietas são alocadas para a gestação e para a lactação, em vez de uma única dieta. Melhorias adicionais podem ser alcançadas com o uso de alimentação em duas ou múltiplas fases durante a prenhez. Isso requer uma avaliação precisa dos requisitos, que pode ser obtido usando ferramentas de modelagem.
Dourmad et al. (2014) calcularam que estratégias de alimentação de duas e várias fases durante a gestação resultaram em redução de 10 e 14% na ingestão de proteínas, redução de 15 e 20% na excreção de N ao longo de todo o ciclo reprodutivo e redução de 6 e 8% no custo de alimentação, respectivamente.
Em suínos de engorda, a alimentação por fases também é uma maneira eficiente de melhorar a eficiência da proteína. Uma redução adicional de 5 a 12% na excreção de N pode ser alcançada aumentando o número de dietas usadas durante o período de engorda ou com alimentação em grupo multifásica semanal ou diária (Bourdon et al., 1997; Pomar et al., 2014).
Com o uso de alimentação individual de precisão, cada suíno receberá a quantidade exata de nutrientes de acordo com seu desempenho esperado e condições de alojamento, permitindo lidar com a variabilidade entre as necessidades de proteína dos suínos. Comparada a uma estratégia de alimentação trifásica, a alimentação de precisão permitiu a redução da ingestão de proteínas em 14% e a excreção de N em 22% (Andretta et al., 2014).
A segunda abordagem nutricional para aumentar a eficiência da retenção de proteína em suínos é melhorar o equilíbrio de aminoácidos digestíveis da dieta, o que permite reduzir o teor de proteína bruta (PB) da dieta. Isso pode ser obtido por meio de uma combinação de diferentes fontes de proteína e/ou a substituição da proteína pela inclusão de aminoácidos para uso na ração em uma forma livre.[registrados]
Em suínos de engorda, Dourmad et al. (1993) mediram 35% da excreção de N após melhorias no perfil de aminoácidos da dieta sem afetar o consumo de ração, ganho médio diário, eficiência alimentar e composição da carcaça.
A redução final da excreção de N pode ser alcançada quando a alimentação multifásica é combinada com um equilíbrio perfeito entre os aminoácidos essenciais (perto da proteína ideal) e com uma otimização do fornecimento de aminoácidos não essenciais.
Deve-se ressaltar que o desenvolvimento de tais técnicas de alimentação para reduzir a excreção de N por suínos requer um bom conhecimento da disponibilidade de aminoácidos nos alimentos e das mudanças nas necessidades de aminoácidos de acordo com o estágio de crescimento ou estado fisiológico. A redução no conteúdo de proteína da dieta resulta em uma proporção menor de N excretado na urina em relação às fezes, o que pode afetar o uso de N dos dejetos após a aplicação no campo (Sørensen e Fernandez, 2003). |
As informações contidas neste texto foram retiradas do livro “Poultry and pig nutrition – Challenges of the 21st century”
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