13º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL): sanidade animal e tecnologia são destaques no 2º dia de evento
13º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL): sanidade animal e tecnologia são destaques no 2º dia de evento
O segundo dia do 13º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL) começou com o Painel Saúde, Manejo e Ambiente, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo De Nes, em Chapecó. Iniciando a sua palestra sobre “Tuberculose e Brucelose – a experiência de Santa Catarina”, o médico veterinário, Fabricio Bernardi, apresentou dados sobre o Estado, que é um dos mais avançados no país no controle dessas doenças. Mestre em Saúde, Bem-Estar e Produção Animal Sustentável, Bernardi atualmente coordena o Programa Estadual de Erradicação de Brucelose e Tuberculose.
Santa Catarina possui um rebanho de aproximadamente 4,5 milhões de bovinos em idade produtiva e reprodutiva, e ocupa a quarta posição nacional na produção de leite, com 22 mil propriedades, com a maior concentração localizada na região Oeste.
Bernardi ressaltou que, desde 2007, o Estado é reconhecido como livre de febre aftosa sem vacinação, status que contribuiu para fortalecer a qualidade sanitária local e possibilitou a implementação de um sistema de identificação oficial de bovinos, essencial para monitorar também a tuberculose e a brucelose.
“A identificação permite o rastreamento dos animais desde o nascimento, registrando informações como sexo, exames de saúde e vacinações, o que é obrigatório até os seis meses de idade. Este sistema favorece uma vigilância eficiente e previne a disseminação de doenças, essencial em um cenário onde as enfermidades bovinas ainda representam riscos significativos para a produção e para a saúde pública”, apontou.
ENFRENTANDO A TUBERCULOSE E A BRUCELOSE
Conforme exposto pelo palestrante, as doenças, ambas bacterianas, exigem um rígido controle por meio da eliminação dos animais contaminados. Essas enfermidades causam sérios prejuízos, incluindo queda na produção, problemas reprodutivos, abortos e até riscos para a saúde humana dos trabalhadores rurais em contato direto com os animais.
Fabricio Bernardi destacou que no Brasil, desde 2001, há o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Animal (PNCEBT), instituído pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), e Santa Catarina se destaca no combate a essas doenças.
“Um dos pilares é o Fundo Estadual de Sanidade Animal (FUNDESA), que possibilita a indenização dos produtores afetados, alcançando mais de R$ 128 milhões em valores pagos desde 2010, quando foi implantado, com mais de 47 mil animais abatidos. As medidas incluem exames regulares, vigilância ativa e passiva, além da certificação de propriedades livres, que é obrigatória para os produtores de queijos crus artesanais”, explicou.
Sobre a estrutura do controle sanitário em Santa Catarina, Bernardi evidenciou as ações rigorosas de vigilância e saneamento dos focos das doenças que envolvem o programa.
No caso da brucelose, os exames são realizados com maior frequência devido ao curto período de incubação da doença. O controle inclui vigilância em abatedouros e a investigação de vínculos epidemiológicos entre propriedades vizinhas, que mantêm o estado em constante monitoramento para impedir surtos.
Para Bernardi, o sucesso do programa de erradicação deve-se também ao incentivo financeiro oferecido aos produtores para adesão à certificação de propriedades livres.
“A conscientização por si só não é suficiente, e o apoio financeiro e as bonificações têm sido fundamentais para aumentar a adesão. Santa Catarina continua trabalhando para avançar na redução da prevalência dessas doenças. Ainda temos muito que evoluir, mas com um controle sanitário eficiente e metas claras, buscamos manter a posição de referência nacional e garantir, a longo prazo, a erradicação da tuberculose e da brucelose no Estado, reforçando a segurança alimentar e a sustentabilidade da produção leiteira no Brasil”, concluiu.
A TECNOLOGIA EM PROL DA EFICIÊNCIA NO CAMPO
Dando sequência ao Painel, foi a vez do agrônomo Odriom Escobar Molina explanar sobre “Manejo eficiente da nutrição e alimentação em sistemas de ordenha robotizada”. O palestrante apresentou resultados em fazendas nas quais prestou consultoria para o manejo de sistemas de ordenha robotizada, comparando também com dados obtidos nos seus anos de experiência como gerente de Nutrição e Operações Leiteiras da Agrícola Ancali, no Chile, uma das maiores fazendas do mundo em ordenha robótica.
Segundo Molina, o mercado brasileiro está em plena transição para a ordenha automatizada, que permite maior produtividade por unidade, mas exige alto nível de eficiência e investimentos significativos em alimentação de qualidade. Ele destacou que, para justificar o custo do sistema robótico, é fundamental maximizar a produção de leite por robô, alcançando uma média ideal de 2.750 kg leite por equipamento/dia, além de garantir visitas frequentes dos animais ao robô de ordenha.
Como estratégias nutricionais para aumentar a eficiência, Molina abordou metas e práticas para otimizar a nutrição nos sistemas automatizados. A base da eficiência, segundo ele, está em reduzir o custo da alimentação para que não ultrapasse 50% da receita obtida com o leite. Para isso, é necessário garantir a máxima qualidade das forragens, como a silagem de milho, e investir em rações equilibradas, com alto teor de nutrientes essenciais como aminoácidos e gorduras.
“No processo de ordenha, o uso de ração no robô atua como um incentivo para aumentar o número de visitas dos animais, de modo que em sistemas bem ajustados, os animais realizem pelo menos três visitas ao dia, garantindo 100% de eficiência no consumo de concentrado”, afirmou Molina, ressaltando a importância de uma dieta bem formulada e misturada, além de um manejo cuidadoso dos aspectos práticos, como o tempo de mistura e a umidade adequada da ração, para evitar seleções inadequadas de concentrado.
Para Molina, fatores como conforto e bem-estar animal, bem como nutrição e genética estão diretamente relacionados à alta produtividade. Ele frisou que o fluxo no box de ordenha, o tempo gasto por cada animal e o fácil deslocamento dentro do barracão são indicadores de sucesso no sistema robotizado, que depende de um planejamento nutricional alinhado com as necessidades do sistema.
“Monitorar o tempo de permanência e ajustar o número de visitas dos animais ao robô são práticas fundamentais para otimizar a produção. Conhecer bem o sistema robótico e ajustar o manejo alimentar conforme a demanda do rebanho são passos essenciais para obter um sistema eficiente e sustentável”, finalizou.
A palestra foi um exemplo de como o uso avançado da tecnologia pode transformar o setor leiteiro, colocando o Brasil em um novo patamar de produção e eficiência na bovinocultura de leite.
SOBRE O SBSBL
O 13º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL), iniciou na terça-feira (5) e prossegue até quinta-feira (7), em Chapecó/SC. O evento é promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), com apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Santa Catarina (CRMV-SC), da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), da Prefeitura de Chapecó e da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc).
Assessoria de Imprensa – MB Comunicação
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