A intensificação do sistema produtivo começa pela escolha do capim. Um aposta certeira traz ganhos para o produtor de carne e leite
Os produtores de gado leiteiro e de corte estão na fase da escolha do capim. A época de plantio para implantação de pastagens é ampla, vai desde as primeiras chuvas, setembro e outubro, até março, dependendo da região. Quanto antes se planejar, melhores resultados na implantação da pastagem, com bom estabelecimento, desenvolvimento, cobertura de solo e produção animal, o produtor terá.
Segundo estudos da Embrapa é possível elevar de seis a oito vezes a capacidade produtividade da pastagem com estratégias adequadas. O primeiro passo é intensificar a produção adotando um dos vários modelos intensivos existentes no Brasil. Um deles é a combinação de tecnologias para uso no período das águas e da seca.
Para as águas, o especialista em manejo de pastagem, afirma que a estratégia é identificar o tamanho da área a ser intensificada, os materiais com potencial produtivo para esse modelo e a adubação correta. Ele lembra que uma análise de solo eficiente determina o potencial produtivo durante o período das águas, e a adubação determina a velocidade de crescimento da planta e de utilização, o que reflete no produto final.
Já para o período seco, a recomendação é a vedação do pasto, com plantas de florescimento precoce, preferencialmente, e que tenha capacidade produtiva no período das chuvas. Outro ponto é a época para vedação de pasto, entre janeiro e marco, para utilização na seca. Por fim, escolher o tipo de suplementação (proteinada, confinamento, semi), que depende do sistema produtivo da propriedade, e pode ser usado com o pasto vedado.
Resultados em produção leiteira |
Os índices positivos também são evidentes na produção de gado de leite. Em experimentos na Embrapa Gado de Leite (Juiz de Fora-MG), a escolha pela BRS Paiaguás, em pastejo rotacionado, “conseguiu trabalhar com até 7 vacas/hectare, no período chuvoso, produzindo 13-14 litros/vaca e produção diária em torno de 100 litros/hectare/dia, entrando bem na entressafra, e diminuindo o uso de concentrados, o que impacta nos custos”, conta o pesquisador Carlos Gomide. A tolerância ao período seco da cultivar é um de seus diferenciais.
Em ensaios na Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), José Ricardo Pezzopane e André Novo utilizaram a BRS Paiaguás em produção leiteira, em modalidades de integração. Na opção BRS Paiaguás com milho + eucalipto para produção de silagem (milho), “produzimos cerca de 57 a 60 toneladas de matéria verde de silagem por hectare, o que pagou a implantação do sistema (plantio de arvores e pasto). Apontamos como vantagens não somente esse pagamento da implantação, mas as árvores proporcionaram diversificação de renda para o produtor e promovem benefícios aos animais, além de aumentar o sequestro de carbono.”
Os resultados são otimistas, igualmente, quando a opção é a BRS Quênia, cultivar de panicum maximum, com taxa de lotação ao redor de 10 vacas/hectare, 15 litros/vacas/dia e 145 litros/hectare/dia. A “maior facilidade de manejo, devido ao porte intermediário, e o maior valor nutritivo, são pontos a considerar quando se pensa em intensificar”, aponta Gomide.
Outro panicum com desempenho considerável é a BRS Zuri, “gramínea com diferencial, potencial produtivo e adequada para sistemas intensivos de produção animal”, afirma Domingos Paciullo, pesquisador da Embrapa (Juiz de Fora-MG). Nos ensaios a campo, para produção de leite, se obteve até 10 vacas por hectare, em torno de 13-15 kg/vaca/dia e uma produção por área de 140 kg/leite/hectare.