O termo cultura de levedura é muitas vezes usado de forma incorreta para designar alguns produtos comerciais. A levedura possui uma riqueza nutricional intracelular imensa, mas mesmo o fato desta levedura passar por um processo de autólise ou hidrólise e disponibilizar o conteúdo citoplasmático, não a qualifica como cultura de levedura.
A cultura de levedura é constituída pela levedura junto ao meio onde ela se desenvolveu e exprimiu o máximo de sua atividade fermentativa através da produção de compostos (metabólitos), passando por secagem controlada que preserva tanto as leveduras (agora inativas) como os metabólitos.
A real cultura de levedura só é possível ser obtida por processo em que não haja separação da levedura de seu meio de cultivo e metabólitos produzidos, o que não é viável com a levedura que fermenta na cana-de-açúcar, por exemplo.
O produto CULTRON comercializado pela Aleris® é uma cultura de levedura pura, sem misturas com qualquer diluente que, produzido em um sistema de cultivo controlado com milho e melaço, maximiza a produção metabólica da levedura.
De fato, já foram identificados mais de 200 metabólitos no meio de cultivo da levedura Saccharomyces cerevisiae, distribuídos em 14 diferentes famílias químicas (ALVES et al., 2015) e que explicam muitos dos seus benefícios na produção animal.
Pelo perfil e riqueza de metabólitos, o Cultron exerce uma ação sistêmica no animal ruminante, atuando de forma direta como substrato para bactérias benéficas e eficiência da fermentação ruminal, assim como no seu status sanitário diminuindo escore de inflamação ruminal e melhoria de saúde intestinal (BERTAGNON et al., dados não publicados).
Os dados a seguir simulam in vitro o potencial de ação do CULTRON na produção de ácidos graxos voláteis (AGV) e biomassa microbiana.
DADOS EXPERIMENTAIS
Foi coletado fluído ruminal de vacas Holandesas de alta produção e avaliado com o auxílio do sistema Fermentrics™ que é um método de fermentação contínuo que permite a diferenciação de pools de carboidratos de fermentação rápida e lenta, e a produção de biomassa microbiana.
Às 0, 12, 24 e 48 horas de incubação foi avaliado o potencial de ação do CULTRON (7g/dia) em comparação ao Controle – sem inclusão de aditivo (0g/dia) e Competidor – cultura de levedura concorrente (14g/dia), com 4 repetições/tratamento/tempo. O fluído ruminal coletado foi dividido em frascos de cultura e acrescido de 400 mg de dieta total (Tabela 1).
Os recipientes foram fechados e colocados em banho-maria com agitação a 39,5°C. Nos diferentes tempos de incubação, um conjunto de frascos foi retirado e o fluído analisado para: produção de AGV – acetato, propionato e butirato e produção de biomassa microbiana. Os dados foram submetidos à análise de variância para comparação das médias.
RESULTADOS
Produção de AGV – CULTRON foi capaz de melhorar o perfil de AGV (gráficos 1, 2 e 3), uma vez que se observou uma maior produção de acetato, propionato e butirato em relação tanto ao Controle quanto ao produto Competidor. Como resultado desta maior produção de AGV, pode-se inferir que o aumento de ácido acético tem efeito nos níveis de gordura depositada no leite, enquanto o ácido propiônico, que é o principal precursor da síntese hépática de glicose, pode aumentar a probabilidade de ganhos na produção total de leite.
Já o ácido butírico pode representar uma ação positiva sobre a qualidade e estrutura do tecido ruminal e intestinal, uma vez que é utilizado pelas células epiteliais como fonte de energia. Além disso, estes AGV são os principais produzidos no rúmen e podem prover até 80% da exigência diária de energia dos ruminantes (BERGMAN, 1990).
Produção de biomassa microbiana – A proteína microbiana é a proteína de mais alta qualidade disponível para auxiliar a produção de leite e seus componentes, sendo que o CULTRON apresentou resultado numérico maior da quantidade total de produção de biomassa microbiana (gráfico 4), sendo 3,66% a mais em relação ao Controle e 12,88% superior quando comparado ao produto Competidor.
IMPLICAÇÕES
A inclusão de 7g/dia de CULTRON produziu uma maior proporção dos AGVs acetato, propianato e butirato e aumento de biomassa microbiana comparativamente ao controle e ao produto competidor com o dobro da dose (14 g/dia).
Estas ações eficazes do Cultron no ambiente ruminal de vacas leiteiras impactam positivamente em índices produtivos, sendo uma excelente possibilidade de uso para os produtores maximizarem seus resultados.
Referências:
ALVES, Zélia et al. Exploring the Saccharomyces cerevisiae volatile metabolome: indigenous versus commercial strains. PLoS One, v. 10, n. 11, p. e0143641, 2015.
BERGMAN, E. N. Energy contributions of volatile fatty acids from the gastrointestinal tract in various species. Physiological reviews, v. 70, n. 2, p. 567-590, 1990.
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