Apesar dos números significativos da exportação, a situação não é tão confortável quanto era esperado pelo setor. A alta do dólar e do milho inflam custo de produção de suínos e reduzem ganhos esperados com ampliação das compras chinesas.
De acordo com Valdomiro Ferreira – Presidente da APCS (Associação Paulista de Criadores de Suínos), as expectativas de exportação estavam mais altas. “O crescimento das exportações são bastante interessantes, mas a expectativa era de um volume melhor e mais rápido, isso demonstra um pouco de cautela em relação à produção de suínos no Brasil”, comenta.
As tabelas de crescimentos da APCS indicam que até setembro o país exportou 456 mil toneldas de carne suína. “Esse número já foi alcançado em 2016, em 2017 e 2018 ficamos abaixo deste número, portanto o crescimento com base na China volta o Brasil aos números de 2016. A expectativa do setor em função da China é que nós pudessemos ultrapassar a casa de 750 mil toneladas para 2019, o que a gente está imaginando que nós vamos atingir com certeza em 2020”, afirma.
Os gráficos indicam ainda que o volume de compras da China está crescente. Em 2019 teve um aumento de 34,41% nas compras, mas também ficou abaixo do esperado. “É porque a China fez um grande abate de suíno e acabou estocando carne. A partir de setembro diminuiu o estoque e a China entra no mercado para trazer carnes importadas de outros países. Por isso que nós estamos acreditando nesse último trimestre de 2019 com maiores volumes e principalmente para 2020”, explica.
O especialista destaca ainda que é preciso que o setor tenha calma e explica que a situação é diferente do que em 2016. Há três anos o país tinha o mercado Russo que representavam cerca de 60% das exportações. Atualmente os números da China representam quase 40%, mas a diferença é que o mercado com chineses pode ser considerado temporário.
“A capacidade de recuperação dos chineses é muito rápida. Por isso que precisamos pensar que nos próximos dois anos o mercado será chinês, porém daqui 3 ou 5 anos já estarão recuperados, China será momentânea. Por isso que o trabalho que as indústrias estão fazendo para conseguir novos mercados é essencial”, afirma.
A orientação da APCS é que suinocultor tenha cautela e aproveite esse período de lucratividade para organizar as áreas que sofreram com a falta de rentabilidade nos últimos anos. “Que consiga através dessa rentabilidade melhorar suas instalações, melhorar as fábricas de rações e melhorar, principalmente, a reposição genética já que os porcentuais não foram atingidos por falta de capital de giro”, afirma.