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03 Oct 2019

Anatomofisiologia do intestino digestivo de aves e porcos e a influência dos alimentos

O trato gastrointestinal dos porcos e das aves se caracteriza por ter um “estômago simples”, bem como uma microbiota localizada principalmente no intestino grosso. Apesar de que ambos animais utilizam os principais alimentos de maneira similar, existem muitas diferenças. Ambas espécies têm objetivos em comum em cada fase, mas se deve ter em conta as diferenças anatômicas e fisiológicas, já que podem influenciar no valor nutricional, bem como no desenvolvimento de outros problemas que afetam a produção.
A seguir se observa uma comparação simples entre os intestinos digestivos de porcos e aves, onde podem surgir problemas em nível prático.

Busca e avaliação do alimento

Os porcos tem um sentido agudo do olfato, enquanto que as aves tendem a ter este sentido menos desenvolvido. Em relação ao sentido da vista, está mais desenvolvido nas aves que nos porcos. As aves tem uns olhos de grande tamanho em ambos os lados da cabeça, o qual proporciona um amplo campo de visão.
Além disso, tem uma grande densidade de fotorreceptores, tanto de bastões que as permite ter uma grande sensibilidade inclusive quando há luz tênue, e os cones que contem gotas lipídicas com pigmentos procedentes dos alimentos e que influenciam na percepção da cor.
Concretamente, as cores vermelha e amarela parecem predominar na hora de potenciar a detecção de alimento, enquanto que o azul é eliminado e utilizado indiretamente com a luz como um meio de manejo do lote.
Os porcos têm uma cavidade oral muito adaptável às variações do alimento, graças a uma saliva mucosa e viscosa que potencia a mastigação e o sentido do gosto. Os dentes são uma parte fundamental para a mastigação, devendo se adequar o tipo de alimento à dentição do animal em cada fase de sua vida. A combinação da temperatura, fluidez e mastigação favorecem a detecção do sabor por parte as papilas localizadas na parte frontal, media e distal da língua.
O bico das aves, por sua vez, é imóvel com um tamanho fixo segundo sua idade e ao que deve se adaptar ao tamanho da partícula do alimento.
A saliva é estritamente viscosa e está destinada à lubrificação imediata e a deglutição das partículas. Estes animais escolhem partículas adequadas ao tamanho de sua cavidade oral, o qual implica uma menor superfície de lubrificação. Têm poucas papilas gustativas, localizadas exclusivamente na parte posterior da língua, pelo que se considera que têm um pobre sentido do gosto.

Digestão gástrica

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A digestão gástrica consta de uma série de eventos destinados a preparar ao alimento ingerido para a recuperação dos nutrientes em nível intestinal. O conteúdo ingerido passa desde a boca, através do esófago onde se encontra com uma população microbiana variável que limita a fermentação anaeróbia durante o armazenamento posterior.

Intestino delgado

O duodeno do porco abrange aproximadamente os primeiros 5% de sua longitude total, e corresponde com um engrossamento da parede devido à presença de glândulas que liberam bicarbonato sódico para neutralizar o pH do conteúdo procedente do estômago. O íleo representa os últimos 5%, onde a presença de uma forte musculatura na capa externa permite movimentar os conteúdos sem digerir, ricos em fibra, para o intestino grosso.

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O conteúdo gástrico, ao sair do estômago, se encontra inicialmente com os canais biliares e pancreáticos que proporcionam uma quantidade importante de bicarbonato sódico para a neutralização. A motilidade consta de uma combinação de ondas peristálticas curtas com segmentação intermitente para conseguir uma mistura efetiva do conteúdo luminal, de forma que as enzimas procedentes do pâncreas possam digerir o amido, a proteína e os lipídios.

Os produtos da digestão interagem com a capa aquosa da superfície mucosa, onde os peptídeo, dissacarídeos e dextrinas são submetidos à ação enzimática das pilosidades da membrana, produzindo a absorção de nutrientes. A digestão e absorção dos nutrientes ocorre de forma gradual, passando o bolo alimentício pelo jejuno para o íleo, e posteriormente ao intestino grosso para a recuperação final de nutrientes.
A delimitação do intestino delgado das aves é totalmente diferente a do porco, já que o duodeno ocupa a totalidade do intestino, formando uma espécie caracol em volta do pâncreas, enquanto que o íleo geralmente se considera como o segmento mais além da gema peduncular. A motilidade consta de peristaltismo que ocorre principalmente entre a moela e o final do duodeno, e posteriormente diminui conforme se reduz o conteúdo de nutrientes na luz intestinal.
Os canais biliares e pancreáticos proporcionam grande quantidade de bicarbonato no duodeno para neutralizar o pH do conteúdo procedente da moela.
A absorção dos nutrientes depende principalmente da ação peristáltica, mesmo que a digestão e o movimento dos produtos da digestão desde o lúmen para a superfície mucosa possa ser afetada pelo aumento da viscosidade dos mesmos. Muitos grãos são conhecidos por aumentar a viscosidade, com efeitos adversos sobre a absorção de nutrientes, especialmente em aves jovens, favorecendo além da proliferação de microrganismos e reduzindo o aproveitamento do alimento.

As aves costumam ter pilosidades com forma alongada para se adaptar à atividade peristáltica, e o sistema vascular interno destas pilosidades não costuma incluir tecido linfático, que sim é predominante no caso dos porcos. A gordura absorbida pela ave é transformada a lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL) pelos enterócitos para poder passar ao sistema portal e ao fígado. No entanto, nos porcos, se formam quilomícrons que passam ao organismo de forma geral. Como resultado, as aves podem modificar a composição lipídica antes da deposição periférica, enquanto que o tecido adiposo dos porcos é o reflexo dos ácidos graxos da dieta.

Intestino grosso

O tamanho superior do intestino delgado do porco se associa ao aumento de seu volume durante a progressão do bolo alimentício por seu interior. O conteúdo não digerido chega ao ceco desde o íleo, passando pelo intestino grosso até chegar à bolha retal onde se acumulam as fezes. A função do intestino grosso é a gestão dos resíduos não digeridos procedentes do intestino delgado, aproveitando a fermentação anaeróbia da microbiota presente.
A recuperação de nutrientes inclui principalmente os ácidos graxos voláteis. Ao existir mais compostos fermentáveis onde predominam os microrganismos, se formam e se absorbem os ácidos graxos voláteis mais rapidamente, que os compostos não fermentáveis chegam à bolha retal para sua excreção. As aves têm ceco e cólon, como os do porco, mas sua extensão e a segregação do conteúdo difere, chegando desde o íleo ao ceco-cólon através da válvula cecocólica
Por outro lado, a urina procedente do urodeum impulsiona o bolo para separar e transportar as partículas finas através da abertura estreita do ceco. As partículas grossas passam através do cólon e se acumulam no coprodeum, onde o ácido úrico formado procedente da urina precipita sobre o material fecal. A excreção da matéria fecal junto com o ácido úrico ocorre conforme o coprodeum se enche, produzindo uma evacuação independente do ceco. Os conteúdos do ceco são eliminados uma vez que o conteúdo é submetido à ação microbiana. O produto desta ação é uma fonte de micróbios e a base da coprofagia que caracteriza às aves e que serve para manter seu equilíbrio interno
O intestino grosso do intestino conta com um menor período de tempo para movimentar o conteúdo não digerido, pelo que há uma menor recuperação de ácidos graxos voláteis

Conclusões

As aves e os porcos são animais com um estômago simples, com uma população microbiana moderada no intestino grosso para um maior aproveitamento dos nutrientes. Apesar das diferenças existentes entre ambas espécies para conseguir objetivos digestivos similares, os porcos têm uma maior capacidade de recuperar energia metabolizável, enquanto que a recuperação de proteína bruta é similar à que ocorre nas aves.

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