A evolução da avicultura para sistemas mais agroecológicos depende, em particular, da melhoria da eficiência alimentar das aves. Para medir continuamente o peso individual e o consumo alimentar de frangos criados em grupos e que se movem livremente no solo, foi desenvolvido um comedouro eletrônico com diversos parceiros do INRAE.
A eficiência alimentar, capacidade do animal de agregar valor à sua ração, é um elemento essencial na evolução da avicultura para sistemas mais agroecológicos. A melhoria da eficiência alimentar dos animais permite, para um mesmo nível de produção, reduzir o consumo de matérias-primas que também são utilizadas para consumo humano, reduzir os rejeitos, o impacto ambiental e os custos associados à criação.
Como a eficiência alimentar é a relação entre o consumo de ração e o ganho de peso, é essencial conhecer o consumo de ração e o crescimento animal para melhorá-lo por meio de abordagens genéticas e/ou nutricionais.
Pesquisadores desenvolveram um dispositivo automático que permite a medição contínua do peso individual e do consumo alimentar de animais criados em grupos e que se movem livremente no solo, sem necessidade de intervenção nos animais, o que reduz o estresse. Essa ferramenta possibilitou estudar as capacidades de adaptação de frangos a rações formuladas para melhor atender aos requisitos de um sistema de criação mais sustentável. |
A eficiência alimentar é geralmente avaliada pelo índice de consumo, que é a relação entre a quantidade de alimento consumido e a quantidade de carne produzida. Este critério tem forte impacto econômico, ambiental e social. Na verdade, a dieta das aves inclui uma grande proporção de cereais, o que gera competição entre a alimentação humana e animal. Finalmente, o custo da ração representa 50 a 75% do custo de produção das aves. A transição para sistemas avícolas mais agroecológicos, portanto, envolve, por um lado, o desenvolvimento de regimes que limitam a competição entre humanos e animais e a integração de mais matérias-primas locais e, por outro lado, o aprimoramento por meio da seleção genética da capacidade dos animais de agregar valor para rações formuladas para atender a esses requisitos.
Para atingir esses objetivos, é imprescindível ter dados sobre o crescimento e o consumo de ração dos animais. Para serem representativas das condições de criação, mas também para conduzir experimentos respeitando o bem-estar animal, essas medidas devem ser coletadas de animais criados no solo, em grupos e sem restrições.
Deste modo, foi desenvolvido um comedouro eletrônico que permite medições a partir dos 3 dias de idade (Guettier et al., 2020; Mika et al., 2021). Um controlador inclui 8 acessos de alimentação independentes e permite que os dados sejam registrados em 100 a 120 animais. O animal é detectado automaticamente por meio de um chip eletrônico. A cada visita são registrados o consumo, o peso do animal, o tempo e a duração da visita, permitindo não só estudos de eficiência alimentar, mas também comportamento alimentar.
Os cientistas usaram este dispositivo para avaliar a adaptabilidade de frangos de crescimento lento ou rápido a uma ração alternativa, que cobre as necessidades como uma ração convencional, mas incluindo menos soja, mais matérias-primas locais e gerando menos competição. Com isso, eles compararam o desempenho de animais alimentados com ração convencional ou alternativa.
Os pesquisadores descobriram que os animais se adaptaram à ração alternativa e exibiram crescimento, eficiência alimentar e qualidade de carne comparáveis com as duas rações, ou ainda melhor com a ração alternativa. Eles também notaram uma melhor consistência de desempenho com a alimentação alternativa.
Esses resultados abrem amplas perspectivas para os estudos em nutrição animal e permitirão revisitar os métodos de seleção da eficiência alimentar, para melhorar a sustentabilidade da produção avícola.
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