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Blend de óleos essenciais na alimentação de poedeiras melhoram o peso do ovo

24 Jul 2024

Blend de óleos essenciais na alimentação de poedeiras melhoram o peso do ovo

Blend de óleos essenciais na alimentação de poedeiras melhoram o peso do ovo

Há uma demanda crescente por produtos alternativos naturais na alimentação das aves, estes não devem deixar resíduos nos produtos de origem animal e devem ter a mesma atividade enzimática que os produtos sintéticos, dentre as opções surgem produtos como os pro e prebióticos, óleos essenciais, ácidos orgânicos entre outros (Catalan et al., 2012).

Os óleos essenciais são constituídos de extratos vegetais e possuem geralmente moléculas de natureza terapêutica.

Apresentam compostos voláteis, lipofílicos, com baixo peso molecular. São substâncias derivadas do metabolismo secundário das plantas, não estão diretamente ligados à manutenção da vida do vegetal, porém, conferem vantagens à sua sobrevivência, permitindo melhor adaptação às condições impostas pelo ambiente.

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Podem ser extraídos por meio de arraste com vapor d’água, hidrodestilação ou expressão de pericarpo de frutos cítricos. Porém, há outros métodos de extração como a enfloração, extração por CO2 supercrítico (utilizado na indústria) e por solventes orgânicos apolares (Jorge, 2009).

Devido a sua volatilidade, seus compostos ativos são sensíveis quando na presença de oxigênio, luz, calor, umidade e outros agentes ambientais, podendo ser oxidados e degradados facilmente, por isso, para a utilização industrial e alimentação animal se faz necessário o desenvolvimento de técnicas que possibilitem proteger e manter as principais propriedades, como o microencapsulamento (Hall et al., 2020).

O encapsulamento foi desenvolvido para a estabilização, solubilização e liberação controlada de compostos, é um processo pelo qual determinado material é envolto ou revestido por outro material ou conjunto de materiais.

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É de forma resumida um mecanismo de empacotar, separar e armazenar substâncias em cápsulas microscópicas para posterior liberação, fazendo com que haja um maior aproveitamento dos componentes encapsulados (Gonçalves et al., 2017).

Desta forma o uso de óleo essenciais para animais monogástricos quando adicionados a ração, tem demonstrado bons resultados principalmente na melhora da digestibilidade de nutrientes por manter a eubiose (condição de equilíbrio da flora saudável) do trato gastrintestinal (Amad et al., 2011), uma ação antimicrobiana na redução de bactérias patogênicas (Alhajj et al., 2015), além de poder proporcionar um melhor consumo de ração, aumento das secreções digestivas e auxiliar nas atividades antioxidantes do organismo (Fonseca et al., 2015).

Além disso, a busca por extratos naturais que possam minimizar os efeitos dos radicais livres no organismo das aves, assim como nos seus produtos, carne e ovos, também tem impulsionado pesquisas no uso dos aditivos fitoterápicos como antioxidantes, uma vez que a produção intensiva de aves eleva a exposição dos animais às condições de estresse oxidativo (Zhao et al., 2011).

O estresse oxidativo ocorre quando há um desequilíbrio entre a geração de compostos oxidantes e a atuação dos sistemas de defesa antioxidante que podem ser enzimáticos e não enzimáticos.

A geração de compostos oxidantes (radicais livres) ocorrem normalmente na mitocôndria, membranas celulares e citoplasma, sendo que a mitocôndria por meio da cadeia transportadora de elétrons é a principal geradora, isso porque para a obtenção de energia (ATP) há a redução progressiva e completa do oxigênio (O²) tendo como produtos duas moléculas de água (H2O).

Quando a redução ocorre de forma parcial há a formação de elétrons desemparelhados com capacidade de ocasionar dano oxidativo conhecidos como radicais livres (Barbosa et al., 2010).

Porém a designação radical livre não é o termo ideal para o conjunto dos agentes reativos patogênicos, pois alguns deles não apresentam elétrons desemparelhados em sua última camada, embora façam parte das reações de oxirredução.

Assim, os termos reactive oxygen species (ERO – espécies reativas de oxigênio) e reactive nitrogen species (ERN – espécies reativas de nitrogênio) são considerados mais apropriados por descreverem melhor esses compostos oxidantes (Vasconcelos et al., 2014).

Os ERO’s e ERN’s são extremamente reativos a compostos próximos, célula ou tecido, cuja reação tem por objetivo captar um elétron para obter sua estabilização, sendo capazes de lesar moléculas como DNA, proteínas, lipídios e carboidratos.

Como o oxigênio é de extrema importância para as células obterem energia através de reações metabólicas, a produção de ERO’s e ERN’s ocorre sempre e é considerado um processo fisiológico normal, desde que gerada em pouca quantidade (Halliwell e Gutteridge, 2015)

 

Essa reatividade do oxigênio e consequente toxidez ao organismo resultou no desenvolvimento de mecanismos de defesa antioxidante do próprio sistema que inclui as enzimas Superóxido Dismutase (SOD), Catalase (CAT) e Glutationa Peroxidase (GPx), com objetivo de manter a homeostase oxidativa e garantir a sobrevivência da célula, no entanto o organismo não é capaz de garantir a defesa sozinho, fazendo-se então necessário o uso de antioxidantes não enzimáticos para conter a propagação da oxidação (Augustyniak et al., 2010).

Antioxidante é descrito como “qualquer composto presente em baixas concentrações, quando comparada com outras, que retarda ou previne significativamente a oxidação de substratos oxidáveis”.

Tais substâncias podem agir diretamente, neutralizando a ação dos radicais livres, ou indiretamente, participando dos sistemas enzimáticos com tal capacidade.

Os antioxidantes podem ser caracterizados como sintéticos (produzidos de forma industrial) ou como naturais (compostos fenólicos encontrados em produtos de origem vegetal) (Ramalho e Jorge, 2006).

Dentre os compostos de origem vegetal têm-se os óleos essenciais da pimenta vermelha, canela e orégano.

O orégano (Origanumvulgare L.) é uma planta aromática que possui na composição química de suas folhas e inflorescências até 1% de óleo essencial, sendo os seus principais constituintes o carvacrol, tem sido utilizado em experimentos pelos seus possíveis efeitos sobre o metabolismo animal, como antibacteriano, anticoccidiano, antifúngico, antioxidante, anti-inflamatório e sobre o sistema imune (Pasquali et al., 2014).

A canela (Cinnamomumverum) é uma árvore de ciclo perene cuja parte interna da casca do seu tronco é rica em óleo essencial composto principalmente pelo princípio ativo cinamaldeído, enquanto as folhas são fontes de eugenol.

Ensaios farmacológicos mostraram que o óleo essencial e seu principal componente, têm atividade antibacteriana antifúngica e antioxidante, apresentando ainda ação estimulante sobre as enzimas digestivas (Wang et al., 2009).

As pimentas do gênero Capsicum apresentam como principal composto ativo a capsaicina que é um alcaloide que tem se mostrado eficiente em aumentar a secreção de enzimas pancreáticas e intestinais, resultando em um melhor processo digestivo, além deste, outros grupos de compostos são encontrados na pimenta, como flavonóides, terpenóides e saponinas, tanto no fruto como nas folhas da pimenta (Pinto et al., 2013).

No entanto, mesmo que haja diversos estudos na área com o uso de óleos essenciais e oleoresinas para aves ainda há divergências nos resultados obtidos, principalmente por causa de fatores como:

Diante disso tem sido realizado pelo grupo de pesquisa GENCO da Universidade Estadual de Maringá-UEM, estudos com o objetivo de avaliar a adição de óleos essenciais para poedeiras desde a cria até a fase inicial de postura (35 semanas).

Foi realizado um experimento com cinco dietas experimentais sendo elas:(T1) controle 0 mg de óleo essencial/ kg de dieta; (T2) 100 mg/kg de óleo essencial blend; (T3) 200 mg/kg de óleo essencial blend; (T4) residual blend 100 mg/kg fase de cria e recria; (T5) residual blend 200 mg/kg fase de cria e recria.

Na fase de postura (20 a 35 semanas de idade), para as aves do tratamento um, foi fornecido somente a ração basal durante a fase de cria e recria, para os tratamentos 2 e 3 as aves receberam o mesmo tratamento durante a fase de cria e recria e os tratamentos 4 e 5 as aves receberam o tratamento blend de óleos essenciais durante a fase de cria e recria e não receberam durante o período de 20 a 35 semanas). O blend foi composto por: Oleoresina de Capsaicina (pimenta vermelha) + Cinammaldeído (canela) +Carvacrol (orégano).

Como resultado não foram observadas diferenças significativas para as variáveis de desempenho avaliadas: peso corporal inicial, peso corporal final, consumo de ração diário, taxa de postura, conversão alimentar por quilo de ovos e conversão alimentar por dúzia de ovos, entre os tratamentos.

Para as variáveis de qualidade de ovos avaliadas: unidade Haugh, gravidade específica, espessura de casca, porcentagem de gema, albúmen e casca, índice de gema e albúmen também não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos, entretanto para o peso dos ovos houve diferença significativa, onde os tratamentos 1, 2 e 3 tiveram maior peso quando comparados aos tratamentos 4 e 5.

Esse resultado pode ser explicado pela mudança na dieta tendo em vista que as aves dos tratamentos 4 e 5 receberam óleo essencial na dieta do primeiro dia até a 18ª semana e quando pararam de receber no período inicial de postura houve essa diminuição no tamanho médio dos ovos.

Deste modo pode-se concluir que a adição de óleo essencial na fase inicial de postura não afeta o desempenho e a qualidade dos ovos das aves de 20 a 35 semanas, no entanto, as aves que receberam blend de óleos essenciais desde o 1 dia de idade apresentaram maior peso dos ovos na fase de postura de 20 a 35 semanas de idade.

Artigo originalmente publicado em aviNews Brasil: Blend de óleos essenciais na alimentação de poedeiras melhoram o peso do ovo

Maria Tereza Frageri Paulino e Simara Márcia Marcato

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