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Cientistas desenvolvem protocolo para monitorar emissões de GEE

Foto: Sandro Pereira | Reprodução Embrapa

10 Sep 2024

Cientistas desenvolvem protocolo para monitorar emissões de GEE

Cientistas desenvolvem protocolo para monitorar emissões de GEE na agricultura brasileira

Um grupo de cientistas brasileiros trabalhou no desenvolvimento e validação de um protocolo MRV – Monitoramento, Relato e Verificação – voltado para a agricultura de baixo carbono.

A ação faz parte do Projeto Rural Sustentável II – Cerrado e envolveu o monitoramento de 20 unidades demonstrativas que já adotam tecnologias de baixo carbono, localizadas em Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Entre elas, 11 apresentaram balanço de carbono negativo, ou seja, sequestram o CO² mais do que emitem, contribuindo para a compensação de emissões de outras fontes.

“Isso demonstra a eficácia do protocolo no aprimoramento da gestão agrícola e na promoção da sustentabilidade, permitindo que produtores rurais e cadeias do agronegócio monitorem e relatem suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas”, explica Celso Manzatto, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente.

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Segundo Manzatto, o MRV foi desenvolvido para combinar informações de diferentes escalas e ferramentas já existentes, em consonância com recomendações internacionais. O protocolo inclui uma calculadora para balanço e inventário anual de emissões em propriedades rurais e sistemas produtivos variados, como culturas alimentares, fibrosas, bioenergéticas, pecuária confinada e sistemas agroflorestais. Os coeficientes de emissão são baseados no Inventário Nacional de Emissões de Gases de Efeito Estufa de 2020 e literatura cientifica, garantindo a atualização dos dados.

A proposta é acessível e gratuita, podendo ser utilizada por produtores rurais, técnicos e agentes do agronegócio para avaliar suas fontes de emissão de GEE e demonstrar a sustentabilidade de sua produção. A adoção de tecnologias de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) é vista como uma estratégia que possibilita a abertura de novos mercados e a obtenção de melhores preços para os produtores que aderem a essas práticas.

Manzatto destaca que, além do uso no monitoramento das emissões e remoções de GEE, a abordagem pode ser utilizada pelos produtores rurais como uma ferramenta de gestão da propriedade, indicando os locais/processos/práticas que devam ser ajustadas, auxiliando o produtor na tomada de decisões visando a redução de suas emissões como estratégia de diferenciação de seus produtos ou mesmo para o mercado de carbono.

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Além disso, o sistema pode ser adaptado para diferentes finalidades, desde a verificação de baixo custo de projetos financiados por instituições públicas até a customização para certificações privadas. O MRV também permite auditorias externas acessíveis, promovendo a expansão sustentável da produção agropecuária de baixo carbono no Brasil. A utilização de Sistemas de Produção Sustentáveis (SPS) e boas práticas agrícolas, aliada ao manejo adequado, viabiliza esse avanço.

Ladislau Skorupa, também pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, ressalta que o grande desafio para a descarbonização da agricultura é o monitoramento eficaz das emissões de GEE.

Atualmente, a agropecuária é responsável por uma parte significativa das emissões de GEE no Brasil, contribuindo para as mudanças climáticas. Diante dessa realidade, a transição para uma agricultura de baixa emissão de carbono é crucial, apoiada por tecnologias que ajudem a mitigar os efeitos negativos dessas emissões.

O MRV não só monitora as emissões, mas também funciona como uma ferramenta de gestão para os produtores, orientando ajustes e decisões estratégicas. Há ainda o potencial de integração com Assistências Técnicas e Extensões Rurais (ATER), ampliando o impacto do sistema.

Este projeto faz parte de um esforço contínuo iniciado com o Plano Agricultura de Baixo Carbono (2010-2020) e estendido com o ABC+ (2020-2030), que incluem práticas como recuperação de pastagens, integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e plantio direto. A equipe responsável pelo projeto é composta por especialistas da Embrapa, Fundação Getúlio Vargas e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, consolidando uma abordagem multidisciplinar e inovadora.

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