Segundo a FAO*, a carne de aves continua sendo o principal motor do crescimento na produção total de proteína animal. Os baixos custos de produção, as altas taxas de conversão alimentar e os baixos preços dos produtos contribuíram para fazer das aves a carne preferida, tanto para produtores quanto para consumidores.
Porém, para continuar com os melhores índices produtivos e manter os custos de produção, a indústria avícola está usando, cada vez mais, coprodutos na dieta das aves. Uma característica desses alimentos é a alta concentração de fibra alimentar, composta principalmente por polissacarídeos não amiláceos.
As frações de fibra variam amplamente entre os alimentos; no entanto, eles podem ser considerados semelhantes do ponto de vista da nutrição monogástrica, pois influenciam a ingestão voluntária de alimentos, a utilização de nutrientes e os processos metabólicos. Porém, na alimentação avícola, a fibra alimentar é considerada antinutritiva devido ao seu menor papel no fornecimento de energia e por interferir nos processos digestivos. Assim, enzimas que degradam as fibra são rotineiramente suplementadas em dietas avícolas.
Por outro lado, é reconhecido que quantidades baixas a moderadas de fibra podem ser benéficas para o desenvolvimento e função gastrointestinal em aves jovens.
Na prática da avicultura, a visão da fibra como “antinutriente” predomina, no entanto, parece que pode haver benefícios na alimentação das aves com algum nível de alimentos fibrosos no que diz respeito ao desenvolvimento e função gastrointestinal.
Portanto, pesquisadores da University of Guelph, no Canadá, realizaram um experimento com o objetivo de investigar os efeitos da adição de alimentos fibrosos no desempenho de crescimento de frangos de corte e perus alimentados com milho ou dietas à base de trigo com ou sem suplemento multienzimatico.
No experimento, os pesquisadores utilizaram dietas à base de milho ou trigo (baixa fibra) formuladas com ou sem resíduos secos de destilaria com solúveis (DDGS) ou farelo de trigo para atender ou exceder as especificações para frangos Ross x Ross 708 e perus híbridos (Hendrix Genetic).
As dietas foram suplementadas ou não com suplemento multienzimatico, criando um arranjo fatorial 2 (milho ou grão de trigo) x 2 (baixo ou alto teor de fibra) x 2 (presença ou ausência de suplemento multienzimatico) de 8 tratamentos dietéticos.
O suplemento multienzimatico continha xilanase e β-glucanase e outras enzimas em menor quantidade, incluindo invertase, protease, celulase, amilase e β-mananase.
O estudo foi conduzido em dois experimentos distintos, o primeiro experimento foi realizado com 960 frangos de corte de um dia e o segundo com 720 perus machos de um dia.
Resultados para frangos de corte
Não houve interação entre tipo de grão (milho ou trigo), fibra (baixo ou alto teor de fibra) e suplemento multienzimatico (presença ou ausência) para consumo de ração e conversão alimentar.
Porém, houve interação entre grão, fibra e suplemento multienzimatico, de tal forma que a adição de fibra às dietas à base de milho reduziu o peso corporal final e o ganho de peso, e a adição de suplemento multienzimatico melhorou esses parâmetros.
Além disso, frangos alimentados com dieta de milho com fibra e suplemento apresentaram maior peso final e ganho de peso do que frangos alimentados com dieta de trigo com fibra e suplemento.
No geral, os frangos alimentados com dietas à base de milho tenderam a comer mais ração (1.915 vs. 1.860 g, P = 0,07) e eram mais pesados (1.462 vs. 1.424 g, P = 0,02) do que as aves alimentadas com dietas à base de trigo.
Resultados para perus
Não houve interação entre tipo de grão, fibra e suplemento multienzimatico para ganho de peso, peso final, consumo de ração e conversão alimentar.
No entanto, os autores descreveram uma tendência para interação entre grão, fibra e suplemento multienzimatico para consumo de ração de tal forma que perus alimentados com dieta de trigo e suplementada tendiam a comer mais ração do que perus alimentados com dieta de trigo sem suplementação.
O efeito principal do tipo de grão no peso final e ganho de peso em perus mostrou que as aves alimentadas com trigo tiveram um maior peso final e ganho de peso do que as aves alimentadas com dietas à base de milho.
Em geral, os peruzinhos alimentados com dietas à base de milho apresentaram peso de moela maior em comparação com os alimentados com dietas à base de trigo. A fibra tendeu a aumentar o peso da moela em peruzinhos.
Os autores concluíram que houve variação no desempenho e respostas fisiológicas em frangos de corte e perus, sugerindo a necessidade de refinar a dosagem de suplemento para diferentes espécies de aves. |
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As informações desse texto foram retiradas do artigo intitulado “Impact of fiber on growth, plasma, gastrointestinal and excreta attributes in broiler chickens and turkey poults fed corn- or wheat- based diets with or without multi-enzyme supplement” com autoria de:
J.Sanchez¹; S.Barbut¹; R.Patterson³; E. Kiarie¹
¹Department of Animal Biosciences, University of Guelph, Guelph, ON, N1G 2W1
²Food Science Department, University of Guelph, ON, N1G 2W1
³Canadian Bio-Systems Inc., Calgary, AL, T2C 0J7
*Para acessar o relatório da FAO, clique aqui
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