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Eficiência alimentar de bovinos de corte é foco de nova avaliação genômica

29 Aug 2023

Eficiência alimentar de bovinos de corte é foco de nova avaliação genômica

Nova avaliação genômica seleciona bovinos de corte para eficiência alimentar

Com a nova avaliação genômica, busca-se selecionar animais que sejam mais eficientes no uso dos alimentos fornecidos na dieta

A partir deste ano, os criadores da raça Angus poderão selecionar reprodutores com capacidade de transmitir características relacionadas à eficiência alimentar aos seus descendentes. Isso porque a Embrapa, em parceria com a Associação Brasileira de Angus, Associação Nacional de Criadores Herd-Book Collares (ANC) e BioData Ciência de Dados, desenvolveu uma nova avaliação genômica que prediz a capacidade de transmissão dessas características pelos progenitores.

A tecnologia, em lançamento durante a 46ª edição da Expointer, possibilitará, na prática, que o pecuarista comece a introduzir nos seus rebanhos animais mais eficientes na conversão dos alimentos que consomem em carne.

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Foto: Felipe Rosa | Reprodução – Embrapa

A base de dados para a geração do novo referencial de avaliação genômica foi constituída durante as provas de eficiência alimentar (PEA) desenvolvidas na Embrapa Pecuária Sul (RS) durante os últimos quatro anos, e também pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), pela Central CRV Brasil, pela Verdana Agropecuária e pela Casa Branca Agropastoril. No total, foram 22 provas, com a análise dos dados de 589 animais da raça Angus.

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A avaliação genômica é baseada em três novas predições DEPGs (diferença esperada na progênie aprimorada pela genômica) que estão inter-relacionadas: Consumo de Matéria Seca (CMS), Consumo Alimentar Residual (CAR) e Ganho Médio Diário Residual (GMDR).

As características se relacionam, e, em síntese, busca-se selecionar animais que sejam mais eficientes no uso dos alimentos fornecidos na dieta. Por meio do Consumo Alimentar Residual são identificados animais com ganho de peso igual à média do grupo em teste, mas com menor consumo diário de alimento. São aqueles que tenham, portanto, CAR negativo, e a capacidade de manter níveis adequados de produção usando menos recursos.

Por outro lado, o Ganho Médio Diário Residual positivo seleciona animais que ganham mais peso do que a média do grupo, comendo a mesma quantidade, ou seja, têm maior produção sem aumentar a necessidade de recursos alimentares. As características possuem herdabilidade de média a alta.

“A partir da avaliação de reprodutores mais eficientes na conversão alimentar, realizada durante as Provas de Eficiência Alimentar, temos agora a oportunidade de selecionar animais que consumam menos para alcançar melhores índices produtivos”, destaca Fernando Cardoso, chefe-geral da Embrapa Pecuária Sul.

Conforme Cardoso, a tecnologia é de grande relevância para o setor produtivo, pois garante eficiência e melhor lucratividade aos pecuaristas.

Os gastos com alimentação são em geral de 70% a 90% dos custos totais no período de terminação dos animais. Então, a melhor conversão alimentar é fundamental nos sistemas de produção”, ressalta.

“As novas DEPGs para as características de eficiência alimentar são mais um marco no melhoramento genético da raça Angus no Brasil e foram construídas com o apoio e participação de muitos selecionadores que acreditam na evolução da raça. É essencial conseguirmos selecionar reprodutores mais eficientes entre o consumo e ganho de peso”, comemora Mateus Pivato, gerente de fomento da Associação Brasileira de Angus.

Seleção genômica

A seleção genômica tem seu fundamento no uso de marcadores genéticos moleculares do tipo SNP (polimorfismo de um único nucleotídeo). Assim, por meio da marcação de uma determinada característica presente no DNA do animal, a seleção genômica permite a identificação de indivíduos geneticamente superiores, principalmente no caso de características de difícil coleta de dados, acelerando o processo de seleção de atributos de interesse.

“A seleção genômica é uma tecnologia comprovada e amplamente utilizada na maioria dos programas de melhoramento genético no Brasil. Junto à medição dessas características, é de suma importância coletar material biológico dos animais que participarem da prova e enviá-lo para genotipagem. Após o programa receber essas informações dos marcadores SNPs, elas serão incorporadas na avaliação genética, contribuindo para o aumento da população de referência (animais com fenótipo e genótipo) dessas características e, consequentemente, acelerando o ganho genético. Além disso, podemos selecionar animais jovens e mais eficientes de forma mais acurada com o auxílio da genômica”, destaca Gabriel Campos, diretor técnico da BioData Ciência de Dados.

Para a implementação da seleção genômica, são necessárias três etapas:

Prova de Eficiência Alimentar

A Prova de Eficiência Alimentar (PEA) conduzida pela Embrapa Pecuária Sul tem como objetivo identificar os animais que melhor convertam o alimento consumido em desempenho produtivo. O objetivo é comparar e identificar, dentro de um mesmo sistema de produção, reprodutores com menor consumo e crescimento mais acelerado. Para isso são usadas duas medidas principais de aferição de eficiência alimentar: o Consumo Alimentar Residual e o Ganho de Peso Residual. Os indivíduos mais eficientes são aqueles com CAR negativo e GPR positivo.

Para o cálculo do índice de classificação final (ICF) da prova leva-se em consideração 50% para cada característica. De acordo com valores de ICF de cada raça, os reprodutores são divididos e classificados em três grupos: Elite (animais com ICF maior que a média + 1 desvio padrão); Superior (animais com ICF entre a média e 1 desvio padrão); e Comercial (animais com ICF menor que a média).

Os dados de consumo de cada animal participante da PEA são coletados por meio de cochos eletrônicos. Esses equipamentos possuem comedouros que ficam apoiados sobre células de carga e, em conjunto com sensores e coletores inteligentes, possibilitam o registro eletrônico do alimento consumido por indivíduo. Os participantes da prova recebem um brinco eletrônico para a leitura no comedouro em todas as vezes que se alimentam, gerando os dados de consumo pela diferença entre a quantidade de alimento abastecida no cocho e o que foi consumido nas visitas pelos animais.

Mariana Tellechea, presidente da Associação Brasileira de Angus, pondera que a PEA Angus só foi possível graças à participação e comprometimento dos selecionadores que enviaram seus animais para a prova.

“Os projetos que desenvolvemos são fruto de anos de pesquisa, desenvolvimento e trabalho. Foram avaliados mais de 500 animais ao longo de diversos anos de prova, e podermos contar com o apoio dos nossos criadores e, principalmente, com a confiança deles, ao disponibilizarem seus animais para esse estudo, é muito gratificante”, finaliza.

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