23 Aug

Entrevista com um especialista em… micotoxinas

Dr. Botana é catedrático do Departamento de Farmacologia, Farmácia e Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Veterinária da Universidade de Santiago de Compostela (USC).

Entrevista com um especialista em… micotoxinas

Dr. Botana é catedrático do Departamento de Farmacologia, Farmácia e Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Veterinária da Universidade de Santiago de Compostela (USC). Possui 300 artigos publicados, 22 patentes, 12 livros editados e 45 teses de doutorado orientadas. Também é coordenador do grupo de pesquisa Farmatox (Toxinas marinhas: Mecanismos de Transdução, usos terapêuticos e métodos de detecção) do Campus Terra da USC.

As micotoxinas são contaminantes naturais com alta presença na alimentação animal e humana. Por que sua grande presença deve nos preocupar?
Porque seu efeito raramente se manifesta de forma aguda e, exceto em casos excepcionais, suas manifestações tóxicas aparecem após longos períodos de tempo, o que dificulta estabelecer o nexo causa-efeito.
No caso de alimentos para animais, os controles exigidos pela legislação são menos exaustivos que para humanos, sendo mais fácil detectar intoxicações agudas.
Na sua opinião, que fatores fazem com que sua prevalência não diminua?
Há algumas evidências de que a mudança climática aumente muito a distribuição dos fungos que produzem micotoxinas. No entanto, o comércio internacional aumenta a quantidade de pontos conflituosos de abastecimento, somando-se a isso a forma de transporte, em geral em barcos, que combinam dois elementos perigosos, a umidade e o calor, que facilitam o crescimento dos fungos.

A mudança climática aumenta muito a distribuição dos fungos que produzem micotoxinas. Sem nenhuma dúvida ela acentuará mundialmente o risco de micotoxinas.

As mudanças climáticas não eram relacionadas diretamente com a segurança alimentar e agora é considerado um aspecto muito importante. Qual sua opinião? Você acredita que a mudança climática vai gerar maior incidência deste tipo de toxinas em nossa cadeia alimentar?
A mudança climática não é só um aspecto importante relacionado com as micotoxinas, como com a segurança alimentar em geral.

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Nos últimos anos detectamos a presença de toxinas marinhas novas no sul da Europa. Todos sabemos que o aumento do CO2 está relacionado com o aumento do crescimento de alguns fungos.

Ainda que a ecologia destes fungos não seja suficientemente conhecida a ponto de estabelecer modelos preditivos a 20 ou 30 anos, é certo que, por exemplo, o crescimento do Aspergillus ou Fusarium é previsivelmente maior, devendo se estender muito até o norte da Europa nos próximos anos.
Você acredita que os avanços científicos realizados até agora atendem plenamente as demandas da segurança alimentar que o mercado exige?
Claramente não. Há dois grandes problemas pendentes. Um é a disponibilidade de métodos de detecção rápidos e confiáveis para amostragens massivas. Um exemplo claro são os silos receptores das cargas de barcos. É praticamente impossível analisar o conteúdo de toxinas de forma representativa. E o outro (problema) é avançar nos estudos de toxicidade, tanto crônica, como farmacocinética.
Há vários autores que estão reavallando a informação já publicada e que questionam muitos dos trabalhos disponíveis.
Em seu grupo de pesquisa Famatox, quais linhas de trabalho estão sendo desenvolvidas para criar novos sistemas de eliminação destas toxinas?
Nosso grupo de pesquisa, Farmatox, vem trabalhando há muitos anos sobre toxinas aquáticas, sendo que há apenas alguns anos começamos a estudar as micotoxinas.
Isso se deve, entre outras coisas, aofato de que nossa spin-off (www.cifga.com) acaba de começar o programa de calibrantes certificados de micotoxinas sob o padrão ISO 17034 (única empresa na Espanha que oferece padrões analíticos sob essa norma).
A eliminação de micotoxinas é abordada hoje a partir de adsorventes de micotoxinas, que permanecem no alimento consumido pelo animal. A nossa aposta é na utilização de substâncias, ou partículas que possam ser eliminadas e não incorporadas ao alimento.
Por isso, desenvolvemos as nanopartículas magnéticas que podem ser eliminadas através de um simples imã de neodimio.
Em que coniste a utilização de compostos baseados em estruturas híbridas magnéticas – nanopartículas para a extração de toxinas?
São nano, ou micropartículas que têm superfícies de composição química diferente para poder captar as micotoxinas que interessem. E seu núcleo é magnético, o que permite que possam ser eliminadas através da aplicação de um imã. A vantagem desta tecnologia é que a micotoxina realmente é eliminada do alimento, sendo que a aplicação das partículas é muito simples, já que consiste em adicioná-las ao alimento e retirá-las magneticamente. Esta tecnologia permite que a micotoxina realmente se elimina do alimento.
Quais serão suas aplicações dentro do amplo setor da segurança alimentar em nutrição animal?
Servem para eliminar micotoxinas, porém, também toxinas de água doce (de cianobastérias), especialmente de meios líquidos.
E nos meios sólidos, é necessário utilizar partículas de tamanho grande, visíveis a olho nu, para que possam ser eliminadas facilmente, sendo neste caso mais prático peneirar que utilizar um imã.
Depois do desenvolvimento deste método de adsorção de micotoxinas, quais serão sua futuras linhas de pesquisa nesse âmbito?
Estamos fazendo um grande esforço na identificação de toxinas emergentes e disfarçadas (precursores de toxinas, ou toxinas unidas a macromoléculas que em seguida são liberadas no organismo).
Até o momento, a informação que temos indica que há muitas toxinas na maioria das matrizes que estudamos.
Para finalizar, que estratégia o Sr. acredita ser a melhor para combater ao máximo a presença de micotoxinas em matérias-primas e rações? Que métodos de prevenção e eliminação aconselharia a serem adotados?
A melhor estratégia é eliminar as toxinas na origem do cultivo e prestar atenção muito especial à forma de transporte, sobretudo no comércio internacional.
Há países quentes e úmidos que têm problemas graves de micotoxinas, porém, outros que, teoricamente, são baixo risco, porém, geram o risco durante o transporte, ou armazenamento.

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