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Exportações da piscicultura brasileira batem recorde

19 Apr 2023

Exportações da piscicultura brasileira batem recorde

Estudo realizado pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), revelou que as exportações da piscicultura brasileira aumentaram 15% em faturamento em 2022, chegando a U$S 23,8 milhões. É o maior na história do setor. O país que mais consome o pescado brasileiro são os Estados Unidos, respondendo por 81% das exportações nacionais.

A tilápia (Oreochromis niloticus), que costuma ser a espécie principal vendida a outros países, deu um salto de 28% nas exportações em relação a 2021, totalizando 23,2 milhões de dólares – sendo o Paraná o principal estado exportador do peixe. As informações foram publicadas no Boletim Informativo nº 12 do Centro de Inteligência e Mercado em Aquicultura (CIAqui), da Embrapa Pesca e Aquicultura.

Entre as espécies mais exportadas, a grande estrela do setor continua sendo a tilápia, responsável por 98% das exportações do País em piscicultura. A preferência dos estrangeiros se manteve na tilápia inteira congelada, promovendo um crescimento de 70% em relação ao ano anterior. Filés frescos ficaram em segunda posição, com 25% do total exportado e aumento de 8% em relação a 2021. Na modalidade “filés congelados” foi registrado o maior crescimento: 98% entre 2021 e 2022.

A segunda espécie mais exportada em 2022 foi o tambaqui (Colossoma macropomum), com US$ 268 mil e uma queda de 51% frente a 2021. A categoria dos surubins ocupou a terceira posição, com US$ 114 mil e crescimento de 186% no ano, sendo o maior crescimento entre as espécies.

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Profissionalização do setor

Segundo o pesquisador da Embrapa Manoel Xavier Pedroza Filho, o aumento da produção, principalmente da tilápia, e a busca por novos canais de venda são alguns dos fatores que explicam o aumento das exportações da piscicultura brasileira.

“O crescimento do setor é o resultado de uma maior profissionalização e um aumento da escala de produção das empresas, permitindo a entrada no mercado internacional que é bastante exigente em termos de qualidade e volume”, explica ele. “Ao mesmo tempo, o mercado interno tem apresentando períodos de estagnação no consumo de peixes, levando a uma queda na demanda e nos preços. Nesse contexto, a exportação surge como uma alternativa para o escoamento da produção, diminuindo a dependência das empresas de um só mercado”, analisa o especialista.

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Para Francisco Medeiros, presidente da Peixe BR, 2022 foi um ano desafiador, mas a produção nacional se manteve em ritmo de crescimento.

EUA são os principais compradores da piscicultura

Líder absoluto entre os países que importam peixes brasileiros, os Estados Unidos foram os responsáveis por 81% das vendas nacionais, seguidos do Canadá, com apenas 5%, Taiwan, Líbia e México. As exportações para os Estados Unidos apresentaram um aumento de 43%, atingindo US$ 19 milhões. Apesar de não ter havido embarques para a Líbia no quarto trimestre, o destino teve um aumento de 550% nas exportações no acumulado de 2022.

“A pauta de exportação da piscicultura para os Estados Unidos é concentrada nas categorias de peixes inteiros congelados, filés frescos ou refrigerados e filés congelados. Estes últimos com aumento de 80% nas exportações, o que reforça uma tendência verificada ao longo de 2021 de crescimento desta categoria”, destaca Pedroza.

Para o Canadá, o principal produto exportado também foram os peixes inteiros congelados, representando 79% (US$ 941 mil). Já para Taiwan (Formosa), a principal categoria foi dos subprodutos impróprios para alimentação humana (US$ 531 mil), a qual inclui itens como óleos, farinhas e escamas.

Entre os estados que mais exportaram produtos de piscicultura, o destaque foi para o Paraná, responsável por 58% do total exportado, com aumento de 114% em relação ao ano anterior. Na segunda posição aparece o Mato Grosso do Sul, com 18% do total, seguido pela Bahia, com 11%. Merece destaque São Paulo, com 127% de crescimento em relação a 2021.

O futuro do pescado brasileiro

O Brasil é um dos países que possui o maior potencial para crescimento da piscicultura em águas continentais em todo o mundo. Isso se deve não apenas ao fato de possuir a maior reserva de água doce mundial, mas também devido à grande oferta de grãos para produção de ração e a existência de uma cadeia produtiva já bem estruturada.

Empresas que atuam há décadas em outros setores de proteína animal – tais como frangos e suínos – estão investindo na cadeia da tilápia, como forma de diversificar seus investimentos. Na região oeste do Paraná algumas cooperativas agrícolas já são grandes produtoras de tilápia, operando no mesmo sistema de integração vertical utilizado para a produção de frangos. Aliado a uma produção já consolidada, existe uma perspectiva de crescimento da demanda, tanto no mercado interno como externo.

O consumo de pescado no Brasil ainda é baixo, em torno de 9,5 kg por habitante ao ano, porém, há uma expectativa de aumento no longo prazo. No que se refere às exportações, a perspectiva é de aumento dos volumes, principalmente de produtos de tilápia congelados. Há uma tendência de ampliação do número de países importadores a partir da abertura de novos mercados. Por exemplo, várias empresas exportadoras de tilápia já possuem certificação Halal, o que possibilita acessar diversos mercados de países árabes.

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