A Brachyspira hyodysenteriae, é uma espiroqueta infecta o ceco e o cólon de suínos em crescimento e causa doença caracterizada por diarreia mucohemorrágica, desidratação, redução do apetite e rápida perda de peso.
A dieta, especificamente a fibra dietética, é conhecida por desempenhar um papel importante na colonização de B. hyodysenteriae e no desenvolvimento de disenteria suína, mas muito se desconhece a respeito do mecanismo de ação por trás desse fenômeno. Além disso, há disparidade com relação a quais tipos de fibra específicos evitam doenças.
Em geral, parece que fibras de fermentação lenta e insolúveis, como as encontradas em grãos secos de destilaria de milho com solúveis (DDGS) encurtam o tempo de início das infecções e aumentam a incidência de doença; e que fibras altamente fermentáveis e solúveis podem aumentar ou diminuir a incidência de doenças dependendo do tipo específico de fibra e da composição da dieta básica.
Devido a essas questões, pesquisadores da Iowa State University, realizaram um experimento com o objetivo de determinar se a substituição de DDGS de milho pouco fermentável por fibras mais altamente fermentáveis (polpa de beterraba e amido resistente) mitigaria a doença clínica e melhoraria o desempenho do crescimento de suínos durante um desafio de B. hyodysenteriae.
Para o estudo, os pesquisadores utilizaram 39 machos castrados (29.4 ± 4.0 kg de peso vivo) com resultado negativo para B. hyodysenteriae e B. hampsonii. Os suínos foram divididos em três tratamentos:
1) fibra de fermentação lenta: dieta com 20% DDGS, 0% polpa de beterraba ou amido resistente
2) fibra de fermentação média: 10% DDGS, 5% polpa de beterraba, 5% amido resistente
3) fibra altamente fermentável: 0% DDGS, 10% polpa de beterraba, 10% amido resistente
Após 14 dias do inicio dos tratamentos dietéticos os animais foram submetidos a um desafio com B. hyodysenteriae.
Observações clínicas, diagnósticos e desempenho de crescimento |
Fezes soltas contendo sangue e muco foram observadas pela primeira vez 7 dias pós-infecção (dpi) para suínos do tratamento que receberam baixa fibra de fermentação lenta, 9 dpi para suínos do tratamento que receberam fibra de fermentação média e 11 dpi para suínos do tratamento que recebeu fibra altamente fermentáveis.
Os pesquisadores pontuaram que foi necessário realizar tratamento antimicrobiano para 4 suínos devido à gravidade da doença, sendo que os quatro animais pertenciam ao grupo alimentado com dieta contendo fibra de fermentação lenta. Além disso, um suíno do tratamento que recebeu fibra fermentação média na dieta morreu de disenteria aguda grave no 10 dpi.
O número médio de dias que os suínos levaram para desenvolver disenteria suína clínica (fezes soltas contendo sangue e muco) diferiu entre os tratamentos. Suínos do tratamento de fibras de fermentação lenta levaram em média 9 dias, já os animais do tratamento fibras de fermentação média levaram em média 20 dias para desenvolver suínos clínicos disenteria.
No geral, o número de suínos com disenteria suína clínica em qualquer ponto durante o estudo de 42 dias diferiu entre os tratamentos, com 85% dos suínos que receberam fibras de fermentação lenta desenvolvendo disenteria suína, 46% dos suínos do grupo de media fermentação apresentaram disenteria suína e apenas 15% de suínos que receberam fibras de alta fermentação tiveram disenteria suína clínica.
Também houve diferença na duração da disenteria clínica, que foi de 6 dias para porcos LFF, 2 para porcos MFF e 0 para porcos HFF devido ao alto número de porcos sem doença clínica.
Em relação ao desempenho, do dia 1 aos 42 houve diferença no ganho de peso médio diário entre os tratamentos, sendo que os suínos do grupo de fibras de lenta fermentação apresentaram o menor ganho de peso, e os suínos do grupo fibras de alta fermentação tiveram o maior ganho de peso. O mesmo padrão se repetiu na avaliação do consumo de ração.
Os autores concluíram que alimentar suínos com dietas mais altamente fermentáveis forneceu proteção quase completa contra disenteria suína após desafio experimental com B. hyodysenteriae. Além disso, essas dietas foram capazes de manter as taxas de crescimento e eficiência alimentar em relação a suínos desafiados com B. hyodysenteriae alimentados com dietas com baixa fermentabilidade. |
Para consulta do artigo completo clique aqui
As informações desse texto foram retiradas do artigo intitulado “Highly Fermentable Fiber Alters Fecal Microbiota and Mitigates Swine Dysentery Induced by Brachyspira hyodysenteriae” com autoria de:
Assine agora a revista técnica de nutrição animal
AUTORES
Fitogênicos e antibióticos para leitões de creche não desafiados
Larissa Aparecida Ratuchene KordelQualidade de mistura de rações e as mudanças na portaria SDA nº 798
Vivian Izabel VieiraQuem é você na cadeia de produtos medicados?
Karin Riedel FrancoUso de ingredientes alternativos na nutrição de cães e gatos
Renata Bacila Morais dos Santos de SouzaPescado: cesta básica é uma conquista, mas ainda são necessários incentivos
Probióticos, Prebióticos e Fitogênicos para saúde intestinal de aves – Parte 2
Sakine YalçinSIAVS recebe 30 mil pessoas de mais de 60 países
O problema das micotoxinas em grãos e concentrados para ruminantes
Lina BettucciPioneirismo e Inovação: Como a Jefo contribui para o sucesso do agronegócio
Estratégias de tratamento combinadas em matrizes de frango
Patrick Roieski