Um dos grandes desafios da postura comercial é a qualidade óssea das aves ao longo do período produtivo
Nas últimas décadas os geneticistas selecionaram com eficiência galinhas poedeiras mais leves e altamente produtivas. Porém, devido ao aumento do número de ovos produzidos, dentre outros fatores, o requerimento de cálcio de uma poedeira comercial ao longo da vida é significativo.
Em artigo, recém-publicado, foi exposto que, uma galinha branca bota em média 340 ovos até a 72ª semana de idade, com base no fato de que a casca do ovo contém 2,5 g de cálcio (Ca) e o Ca presente em todo o corpo de uma franga no início da postura é de 25 g, a galinha irá demandar mais de 30 vezes o Ca corporal para a formação de cascas de ovos ao longo do ciclo de postura.
Com esse exemplo, fica claro a importância do fornecimento de cálcio e a necessidade do equilíbrio entre a deposição e liberação desse mineral para manutenção da qualidade óssea dessas aves. Assim, qualquer desequilíbrio entre a formação e reabsorção óssea resultará em problemas esqueléticos durante o período de postura.
Outro fator que afeta a qualidade óssea das poedeiras comerciais, além da nutrição, e a interação Ca, P e vitamina D3, é o alojamento das aves. Já é sabido que o estímulo a atividades físicas influencia o desenvolvimento esquelético.
Devido a essas diversas interações entre nutrição e ambiente de criação, pesquisadores da Universidade de Guelph, no Canadá, realizaram um experimento com o objetivo de investigar o efeito da interação entre o tipo de gaiola (convencional vs enriquecida) e níveis de Ca, P e vitamina D3 da dieta, sobre o crescimento e índice de desenvolvimento esquelético em frangas até a 16ª semana de idade.
Para o experimento, os pesquisadores utilizaram 3420 frangas de postura Lohmann LSL-Lite alojadas em gaiolas convencionais (76 cm × 71 cm × 46 cm, área de piso total 5396 cm²) e enriquecidas (239 cm × 80 cm × 75 cm, área de piso total 19120 cm²).
As frangas foram criadas em programas de alimentação trifásicos: inicial (dia 1 a 4 semanas de idade), crescimento (5 a 8 semanas de idade) e desenvolvimento (9 a 16 semanas de idade).
As 3 dietas experimentais (Dieta 1, Dieta 1,5 e Dieta 2) em cada fase atenderam ou excederam as especificações de nutrientes Lohman LSL-Lite. A concentração de Ca, P e Vitamina D3 na Dieta 1,5 e Dieta 2 foi 1,5 e 2 vezes maior que a da Dieta 1, mantendo todos os outros nutrientes semelhantes.
Peso corporal e peso ósseo, comprimento e diâmetro |
Os pesquisadores não observaram nenhuma interação entre idade, tipo de gaiola e dieta ou tipo de gaiola e dieta no peso vivo e peso do fêmur e tíbia
No entanto, foi observado interação da idade com o peso corporal das aves de modo que na 4ª semana de idade as aves criadas nos dois tipos de gaiolas possuíam peso semelhante, porém, na 12ª e na 16ª semana de idade, foi observado que as frangas alojadas em gaiolas enriquecidas estavam mais pesadas que as frangas alojadas em gaiolas convencionais.
Em relação a interações com a dieta, houve uma interação entre idade e dieta no peso absoluto do fêmur, os fêmures foram semelhantes em peso para todas as 3 dietas na 4ª e 12ª semanas de idade, mas na 16ª semana de idade frangas alimentadas com a Dieta 2 apresentaram fêmur mais pesado do que para frangas alimentadas com Dieta 1,5 e Dieta 1.
Além disso, as houve interação entre as dietas e o tipo de gaiola no peso absoluto da tíbia, de modo que às 12 semanas de idade, a tíbia era mais pesada para a Dieta 1,5 do que as Dieta 2 e a Dieta 1, que foram semelhantes entre si. Porém, na 16ª semana de idade, as tíbias foram mais pesadas nas frangas que receberam a Dieta 2 (8,5 g) do que na Dieta 1,5 (7,7 g) e na Dieta 1 (8,0 g).
Houve um efeito da dieta no peso relativo do fêmur e da tíbia de tal forma que o aumento da concentração de Ca, P e Vitamina D3 aumentou linearmente o fêmur e o peso da tíbia. Outro achado foi que frangas criadas em gaiolas convencionais tiveram fêmur e tíbia mais pesados do que frangas criadas em gaiolas enriquecidas.
Densidade mineral do fêmur e tíbia e resistência à ruptura |
A densidade mineral do fêmur foi semelhante para as frangas alojadas nos dois tipos de gaiolas, mas a densidade mineral da tíbia foi maior para as frangas criadas em gaiolas enriquecidas.
O tipo de gaiola não teve efeito sobre a força de ruptura do fêmur, entretanto, a força de ruptura da tíbia das frangas alojadas em gaiolas enriquecidas tendeu a ser maior do que a das frangas em gaiolas convencionais.
A dieta teve um efeito quadrático sobre a força de ruptura do fêmur com a Dieta 2 tendo a força de ruptura do fêmur mais alta e a Dieta 1,5 tendo a BS do fêmur mais baixa, entretanto a Dieta 1,5 e a Dieta 1 tiveram força de ruptura femoral semelhante.
Os autores concluíram que as intervenções para melhorar o desenvolvimento esquelético durante a criação das frangas podem ser uma das estratégias para otimizar a qualidade óssea antes da maturidade sexual. O tipo de gaiola (convencional vs enriquecida) não interagiu com o Ca, P e vitamina D3 da dieta em muitos índices de desenvolvimento esquelético. No entanto, os efeitos principais foram significativos em alguns critérios de resposta. O tipo de gaiola teve um efeito dominante na mineralização óssea do corpo e da perna das aves. O fêmur apresentou maior resposta à nutrição e a tíbia, maior resposta ao tipo gaiola. Compreender como a nutrição e o alojamento (ou tipo de gaiola) afetam o desenvolvimento da fibra de colágeno e sua mineralização é uma área potencial de exploração em estudos futuros. São necessários mais estudos detalhados sobre a participação de minerais no corpo e nos ossos no contexto do aumento de Ca, P e VitD3 na dieta em alojamento alternativo. |
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As informações desse texto foram retiradas do artigo intitulado “Cage type and mineral nutrition had independent impact on skeletal development in Lohmann LSL-Lite pullets from hatch though to 16 weeks of age” com autoria de:
Tanka Khanal; Gregoy Y. Bedecarrats; Elijah G. Kiarie
Department of Animal Biosciences, University of Guelph, Guelph, N1G2W1, Canada
https://doi.org/10.1016/j.aninu.2020.11.013
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